quinta-feira, 23 de junho de 2011

Moacir Gadotti e o paradigma holístico do ato de educar.


A construção de uma nova sociedade não pode ser adiada para o momento da revolução ou da vitória eleitoral”  .Moacir Gadotti


    Moacir Gadotti  nasceu em Rodeio,Santa Catarina, em 1 de outubro de 1941   licenciou-se em Pedagogia e Filosofia, além de ter defendido mestrado e doutorado, e obter livre docência, sempre na área da educação.Até onde sabemos, Gadotti é professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) desde 1991 e dirige hoje o Instituto Paulo Freire.
    Este breve histórico desde pensador,  são pequenos retalhos de tudo que ele tem feito pelos questionamentos sobre a Educação.Ele desenvolve , de maneira original o termo “paradigma holístico”, como ele mesmo usa, para transmitir a dimensão que acredita ser viável para preconizar o  ato de educar.
  Quando entrevistado  pela jornalista Fraoze Chibé - Se  o problema que está em nós, aprisionados em uma lógica linear, a busca pelo sentido da solidariedade esbarra no desapego religioso, existencial, pela ausência de auto importância em nossos atos ?
    E Gadotti, responde – O problema está em nós quanto nas estruturas que construimos.Não se muda o mundo sem uma nova teoria, sem uma nova lógica.Para mudar é necessário criar uma outra teoria, uma outra lógica, para além da lógica do capital e do seu mercado.Uma nova lógica de poder está sendo apontada pelos movimentos sociais através de suas ações globais pela justiça e paz, pela ética na política, pelo consumo ético e solidário que não destrói o planeta. Nesses , sentido, educar para um outro mundo possível é educar para superar a lógica desumanizadora do capital que tem no individualismo e no lucro seus fundamentos, é educar para transformar radicalmente o modelo  econômico e político atual, como sustenta István Mészáros em seu belo livro A Educação  para  Além do Capital. Ao mesmo tempo, tudo isso tem a ver essencialmente com o sentido profundo que construímos para nossa vida .A responsabilidade não é apenas social.É também individual, pessoal.
    Para Gadotti,  educar para viver harmoniosamente no Cosmos, é educar para um outro mundo possível. Só assim poderemos entender hoje os problemas do aquecimento global, da desertificação , do desflorestamento,da água, do lixo e dos problemas que atingem humanos e não humanos.Os paradigmas clássicos, arrogantemente antropocêntricos e industrialistas, não têm suficiente abrangência para explicar essa realidade cósmica.Os paradigmas clássicos estão  levando o planeta ao esgotamento de seus recursos naturais.    
     A crise atual é uma crise de paradigmas civilizatórios. Educar para outros mundos possíveis supõe um novo paradigma, um paradigma holístico.
  Só o povo organizado pode fazer história. Os movimentos sociais contemporâneos não querem ficar na platéia , na arquibancada. A sociedade civil não pode assistir, tem que ser protagonista deste outro mundo possível, fazendo cobranças para que a esperasnça se torne realidade, porque o neoliberalismo ainda está vivo, muito vivo, ainda não foi derrotado.
    Quando perguntado a Gadotti  sobre  o diagnóstico que ele faz da educação básica no Brasil e quais os principais problemas, avanços e retrocessos que a educação vive ?
Gadotti responde- Considero a educação básica como o lugar de produção da liberdade, da criação do destino de cada um, de cada uma. Por isso, não cuidar da escola básica é não cuidar da nação, do destino da sociedade, da libertação de cada um. Para muitos, a escola básica é o único espaço público e democrático de que dispõem. Apesar do avanço na matrícula de crianças e jovens de 7 a 14 anos no ensino fundamental no Brasil, ainda existe o problema grave do abandono e da defasagem série/idade. As crianças pobres podem estar matriculadas na escola, mas sua cultura aí não está. Não basta incluir crianças na escola; é preciso incluí-las com uma nova qualidade. 
    Para ele o professor caminha lado a lado com a transformação da sociedade, não é um ente abstrato, ausente, mas uma presença atuante, participante e "dirigente", que organiza, concretiza a ideologia da classe que representa esperança.
   Pela educação, queremos mudar o mundo, a começar pela sala de aula, pois as grandes transformações não se dão  apenas como resultantes dos grandes gestos, mas de iniciativas cotidianas, simples e persistentes. Por tanto, não há excludência entre o projeto pessoal e o coletivo: ambos se completam dialeticamente.
Suas Obras: 1- Pedagogia: diálogo e conflito. (Cortez, 1985); 2-Educação e compromisso. (Papirus, 1985);3- Educação e poder. (Cortez, 1988); 4-Marx: transformar o Mundo. (FTD, 1989);5- Histórias das Idéias Pedagógicas (Ática, 1993); 6-Pedagogia da Práxis (Cortez, 1995);7- Paulo Freire: Uma bibliografia (Cortez, 1996); 8- Perspectivas Atuais da Educação (Artmed, 2000); 9- Pedagogia da Terra (Petrópolis, 2000); 10- Os Mestres de  Rousseau (Cortez, 2004); 11- Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido (WTC Editora, 2007); 12-Educar para um Outro Mundo Possível (Publisher Brasil, 2007).

   É  importante  pensarmos que para garantirmos o respeito às diferenças, à liberdade de ser e de pensar, tanto de alunos, educadores quanto  do papel da  família nos processos de participação nas escolas a  democracia só se garante e se exercita no confronto entre as diferenças políticas, ideológicas, sociais, psicológicas, entre outras.
   Esse confronto, porém, para ser democrático, precisa fundamentar-se na ampla possibilidade de informação, de reflexão, de conhecimento, de crítica , de parceria entre instituições governamentais,sindicatos voltados para educação, escola-família e no equilíbrio de forças, que garantam a discussão e a viabilidade das propostas voltadas para o estabelecimento do paradigma holístico do ato de educar.

By: Jane



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