segunda-feira, 16 de junho de 2014

# Questões sociais e políticas que envolvem a Terceira Idade. #

     Envelhecer de fato é um empreendimento de longo prazo, tanto nos aspectos individuais quanto nos aspectos que envolvem a  nossa sociedade que ainda está cheia de preconceitos para acolher os idosos.
     Grande parte de nossa cultura ainda vive na ilusão das capas de revista, como se o belo fosse permanente, admirar uma bela capa de revista é muito bom, ver a arte do fotógrafo, a moda, a beleza da modelo, a produção da revista, mas o importante é focarmos  a nossa identidade, nossa autoestima, que precisa ser  admirada, amada e respeitada do jeitinho que somos,  mas com perspectivas de autoconhecimento e busca  de espiritualidade entendendo que tudo se transforma e precisamos estar preparados para as transições da vida.
   Pensando no Brasil que tem hoje 21 milhões de pessoas com mais de 60 anos, destes, três milhões estão acima dos 80, sendo que a população brasileira nesta faixa etária cresceu 70% nos últimos dez anos. O Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os Estados com maior percentual de idosos, com 14,9% e 13,5% respectivamente.(dados de 2011).
   Como está esta população de idosos, principalmente os que dependem de asilos, abrigos, os que foram abandonados pela família, vivendo em situação de pobreza, exclusão social, vulnerabilidade social, onde muitos se encontram como moradores em situação de rua.
      Segundo Michele Gragnolati , o Brasil precisa se preparar urgentemente para os efeitos deste envelhecimento , para passar pelo chamado bônus demográfico, que é quando o força de trabalho de um país é muito maior do que a sua população dependente, podendo assim aumentar o PIB e dar sustentabilidade principalmente a Seguridade Social.
    As projeções mostram que o envelhecimento da população brasileira deve triplicar até 2050, revelou estudo divulgado pelo Banco Mundial (Bird). Assim, os idosos, que eram 4,9 % da população em 1950 , e demoraram 60 anos para dobrar essa proporção e chegar a 10,2% em 2011, vão passar para 29,7% até 2050.Isso é muito próximo dos 30% de idosos do Japão , que é hoje o país mais velho do mundo e é também o maior índices de todos os países europeus atualmente ( média de 24%).Isto nos remonta a questão previdenciária no Brasil , cujos gastos devem subir de seus atuais 11% do Produto Interno Bruto (PIB) para 16 % no ano de 2050.
   O crescimento da expectativa de sobrevida do brasileiro traz consigo sérias conseqüências no que se refere à formulação, implementação e financiamento das políticas sociais no Brasil, particularmente as relativas às questões da seguridade social e da saúde.
   A velhice saudável, advem de uma infância e juventude que foi vivida dentro de princípios que priorizavam o bem estar biopsicossocial. Se o país investe em políticas públicas de prevenção e acompanhamento a infância e ao jovem, está de fato proporcionando ao indivíduo uma vida mais saudável, com possibilidades de produzir , gerar receita para o Estado, ter direito a uma aposentadoria, viver como um cidadão investidos de plenos direitos à uma vida digna.
      Um outro lado desta situação  são  os  jovens/adultos que vivem na pobreza,na exclusão social  que tiveram precariamente acesso à saúde e educação e chegam na velhice,  com a saúde comprometida, baixa autoestima, abandonados pela família, com dependência química , principalmente o alcoolismo, e muitos  fazem da rua seu domicílio. 
     Quando chega a fase da velhice, onde muitos já passaram pelos albergues, não se ressocializaram, se vêem num empasse , para onde vou ? E os asilos públicos, ou conveniados, o que podem oferecer a esta população?
      É preciso que falemos sobre o impacto do aumento da expectativa de vida  e seus reflexos na demanda por instituições de longa permanência (ILPI) – ou asilos e abrigos. 
   O estudo “Condições de funcionamento e infraestrutura das instituições de longa permanência para idosos no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), aponta a tendência de crescimento do número de idosos à procura dessas casas. A quantidade de familiares que antes cuidava dos mais velhos diminuiu. E, com o núcleo familiar cada vez menor, a busca por ‘cuidadores’ fora da esfera parental deve crescer.
      Um dos principais motivos pela busca de uma instituição desse tipo é a carência financeira e a falta de moradia. Segundo a pesquisa,(IPEA) isso explica o porquê de 65,2% das instituições brasileiras serem filantrópicas. Tanto nas filantrópicas como nas públicas há mais idosos independentes no que nas instituições privadas com fins lucrativos. 
   O idoso de uma ILPI particular costuma ter uma dependência física e mental mais elevada. Quando bem de saúde, essa pessoa continua a morar com a família ou sozinho, em vez de seguir para essas instituições.
       Existe no Brasil 3.548 ( estatística de 2010) instituições de longa permanência para os idosos. Apenas 6,6% das instituições brasileiras são públicas ou mistas
    Segundo Duarte, na atualidade, as instituições públicas geriátricas não servem como modelo de serviço para o idoso alcançar um estilo de vida com qualidade. ressalta que é compromisso de todos os profissionais de saúde criar condições para a geração de serviços de boa qualidade com enfoque específico, voltado ao direito do idoso como pessoa. SAYEG (1997), entretanto nos aponta o Brasil como um país carente de especialistas na área de saúde do idoso em conseqüência, principalmente, da impossibilidade da realização de cursos de extensão durante os períodos de formação universitária.
     Não adianta falarmos que estamos tendo agora uma expectativa de sobrevida, se não implementarmos as políticas públicas para amparar a população de idosos.   Com o sucateamento dos hospitais, as prefeituras envolvidas com dívidas públicas, fraudes, super faturamentos de suas “notas fiscais”, sem repassarem suas verbas para instituições da saúde  retardam a marcha do acesso aos serviços de boa qualidade que poderia ser oferecido à população. 
     Precisamos refletir  sobre as políticas públicas e programas do governo para atender a  terceira idade, em seus aspectos preventivos, informativos, para que conste  na pauta de nossos governantes  mais propostas que atendam estes excluídos socias, que não tiveram oportunidade de frequentar uma escola, muitos são iletrados, e vivem como invisíveis sociais.    Precisamos de programas socias  que envolvam  a família deste idoso , para que seja educada, preparada, para  a integração de seu idoso à sua nova realidade e a receber os cuidados de todos os familiares .
     O governo tem investido  muito lentamente em políticas de assistência aos idosos em conjunto com as ONGs, as entidades religiosas e associações filantrópicas para que eles tenham os seus direitos salvaguardados e atendidos imediatamente. 
    Os centros de referências à saúde do idoso formam criados com a intenção de atender os requisitos básicos como programa de capacitação das equipes de saúde com orientação treinamento, cuidados. Eles estão se especializando para fazer um atendimento integral pelo SUS, atendimentos geriátricos em ambulatórios, atendimentos domiciliares, reabilitação fornecimento de medicamentos, próteses, direito a opção ao tipo de tratamento e acompanhamento.

      Mas , ainda é pouco diante de toda demanda que temos.
    A família a sociedade e o Estado devem garantir aos idosos os direitos de cidadania e participação social, dando bem–estar e o direito à vida.


                    Jane

   E termino por enquanto ,este texto  com a  música do Raul Seixas :    Ouro de tolo:
   
“....E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento

No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...”



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