terça-feira, 26 de julho de 2011

# CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - CASA ARRUMADA



Casa arrumada  é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico,um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


segunda-feira, 25 de julho de 2011

# MÁRIO QUINTANA - OS POEMAS


OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mario Quintana - Esconderijos do Tempo



O AUTO-RETRATO

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

Mário Quintana (Apontamentos de História Sobrenatural)


Correr atrás de borboletas .


Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquele (a) cara que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem (a mulher) da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas...é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!


 
Mário Quintana 


# MÁRIO QUINTANA- DA OBSERVAÇÃO.



DA OBSERVAÇÃO



Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

Mário Quintana - Espelho Mágico


quinta-feira, 21 de julho de 2011

# Emily Dickinson - Diz toda a Verdade



 Diz toda a Verdade, mas di-la tendenciosamente 
 O êxito está no Circuito
 É demasiado brilhante para o nosso enfermo Prazer
 A esplêndida surpresa da Verdade
 Como o Relâmpago se torna mais fácil para as Crianças
 Com uma amável explicação
 A Verdade deve ofuscar gradualmente
 Ou cada homem ficará cego.

Biografia:
Proveniente de uma família abastada, Emily teve formação escolar irrepreensível, chegando a cursar durante um ano o South Hadley Female Seminary. Abandonou o seminário após se recusar, publicamente, a declarar sua fé.
Quando findou os estudos, Emily retornou à casa dos pais para deles cuidar, juntamente com a irmã Lavínia que, como ela, nunca se casou.
Em torno de Emily, construiu-se o mito acerca de sua personalidade solitária. Tanto que a denominavam de a “Grande Reclusa”. É importante que se diga, que este comportamento de Emily coadunava-se com o modelo de conduta feminina que era apregoado no Massachusetts de Oitocentos. Emily, em raros momentos, deixou sua vida reclusa, tanto que em toda sua vida, apenas fez viagens para a Filadélfia para tratar de problemas de visão, uma para Washington e Boston. Foi numa destas viagens que Emily conheceu dois homens que teriam marcada influência em sua vida e inspiração poética: Charles Wadsworth e Thomas Wentworth Higginson.
Emily conheceu Charles Wadsworth, um clérigo de 41 anos, em sua viagem à Filadélfia. Alguns críticos creditam a Wadsworth, como sendo o alvo de grande parte dos poemas de amor escritos por Emily.
Quase tudo que se sabe sobre a vida de Emily Dickinson tem como fonte as correspondências que ela manteve com algumas pessoas. Entre elas: Susan Dickinson, que era sua cunhada e vizinha, colegas de escola, familiares e alguns intelectuais como Samuel Bowles, o Dr. e a Mrs. J. G. Holland, T. W. Higginson e Helen Hunt Jackson. Nestas cartas, além de tecer comentários sobre o seu cotidiano, havia também alguns poemas.
Foi somente em torno do ano de 1858 que Emily deu início a confecção dos «fascicles» (livros manuscritos com suas composições) , produzidos e encadernados à mão.
É intensa a sua produção de 1860 até 1870, quando compôs centenas de poemas por ano. Em 1862, envia quatro poemas ao crítico Thomas Higginson que, não compreendendo inteiramente sua poesia, a desaconselha de publicá-los.
A partir de 1864, surpreendida por problemas de visão, arrefece um pouco o ritmo de sua escrita. Uma curiosidade na obra de Emily Dickinson é que apesar de ter escrito em torno de 1800 poemas e quase 1000 cartas, ela não chegou a publicar nenhum livro de versos, enquanto viveu. Os registros que se tem, é que apenas anonimamente, publicou alguns poemas.
Toda a sua obra foi editada postumamente, sendo reconhecida e aclamada pelos críticos.
Emily faleceu em 15 de maio de 1886 em Amherst, Massachusetts.
A edição crítica completa, organizada por Thomas H. Johnson, contando com 1775 poemas, ocorreu apenas em 1955, após seu acervo ter sido transferido para a Universidade de Harvard. Posteriormente acrescida de outros poemas, em 1999, surge outra edição, organizada por R. W. Franklin, com 1789 poemas.
Atualmente a casa, onde ela nasceu e viveu, "The Homestead" é aberta para visitação no período de Março a Dezembro.

Casa de Emily- College Amherst, Massachusetts.Museu.
                            





                   

sábado, 16 de julho de 2011

# AMIZADE É ENTREGA


A AMIZADE É COMO UMA ROSA TEM A CAPACIDADE DE MOSTRAR-SE POR INTEIRA, LOGO A SEGUIR, SEM MEDO DO SOPRO DO VENTO, DESPETÁLA-SE NO  PROCESSO DE RENOVAÇÃO
ENTREGANDO-SE A NATUREZA.
A AMIZADE TAMBÉM É ENTREGA .
BY: JANE

# O ENAMORADO DAS ROSAS- OLEGÁRIO MARIANO




O ENAMORADO DAS ROSAS



Toda manhã, ao sol, cabelo ao vento,
Ouvindo a água da fonte que murmura,
Rego as minhas roseiras com ternura,
Que água lhes dando, dou-lhes força e alento.

Cada um tem um suave movimento
Quando a chamar minha atenção procura
E mal desabrochada na espessura,
Manda-me um gesto de agradecimento.

Se cultivei amores às mancheias,
Culpa não cabe às minhas mãos piedosas
Que eles passassem para mãos alheias.

Hoje, esquecendo ingratidões mesquinhas,
Alimento a ilusão de que essas rosas,
Ao menos essas rosas, sejam minhas.

Olegário Mariano


Olegário Mariano Carneiro da Cunha (Recife, 24 de março de 1889 — Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1958) foi um poeta, político e diplomata brasileiro.


 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

# FRASES SOBRE ARTE

A arte é viva .


 
"A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível."Leonardo da Vinci."A arte, felizmente, ainda não soube encobrir a verdade."Oscar Wilde.
"Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma."
                        George Bernard Shaw.

"A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação."   Fernando Pessoa


Pierre Auguste Renoir-     Jean Renoir, 1889
                                Debret - O mercador de cestos















Cândido Portinari- Bumba-meu-boi, 1950.
                                                          Caravaggio-   Rapaz com cesta de frutas, 1593

terça-feira, 12 de julho de 2011

# POP ART - POPULAR ART

   A Pop Art, abreviatura de Popular Art, foi um movimento artístico que se desenvolveu na década de 1950, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi na verdade uma reação artística ao movimento do expressionismo abstrato das décadas de 1940 e 1950. Trata-se de um estilo artístico baseado no reprocessamento de imagens populares e de consumo.
   Os artistas deste movimento buscaram inspiração na cultura de massas para criar suas obras de arte, aproximando-se e, ao mesmo tempo, criticando de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. Latas de refrigerante, embalagens de alimentos, histórias em quadrinhos, bandeiras, panfletos de propagandas e outros objetos serviram de base para a criação artística deste período. Os artistas trabalhavam com cores vivas e modificavam o formato destes objetos. A técnica de repetir várias vezes um mesmo objeto, com cores diferentes e a colagem foram muito utilizadas.
SEUS REPRESENTANTES:



- Andy Warhol: maior representante da Pop Art. Além de pintor foi também cineasta. (Nasceu em Pittsburgh, 6 de Agosto de 1928 – New York, 22 de Fevereiro de 1987), 
  Warhol,  utilizava recursos estéticos da publicidade e do consumo como tema de suas obras. Diversos elementos como quadrinhos, latas, imagens de celebridades e logomarcas foram usadas como inspiração para obras de Warhol, onde manifestava traços de uma sociedade industrializada, pelas repetições e ícones repentinos.

A Pop Art criticava o modo capitalista e o consumismo, marca registrada naquele tempo, questionando de forma irônica.  
- Peter Blake: foi o criador da capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos  Beatles.
- Wayne Thiebaud: pintor norte-americano que se destacou na criação de obras com teor humorístico e nostálgico.
- Roy Lichtenstein: pintor norte-americano que trabalhou muito com HQs (histórias em quadrinhos), criticando a cultura de massas.
Jasper Johns: pintor norte-americano cuja obra principal foi Flag (Bandeira) de 1954.
ESCULTURA NA ARTE POP
   Na primeira fase da arte pop, a escultura não era muito freqüente e se manifestou mais dentro dos parâmetros introduzidos pelo dadaísmo: objetos fora do contexto, organizados em colagens insólitas. Mais tarde alguns artistas interessaram-se em acentuar seus efeitos, como foi o caso de Oldenburg, com suas representações de alimentos em gesso e seus monumentais objetos de uso cotidiano, ou suas controvertidas e engenhosas esculturas moles.



   


Joseph Einrich Beuys , nasceu  na Alemanha, em Krefeld,  12 de maio de 1921, filho único de Josef Jakob Beuys e Johanna Maria Margarita Beuys.

Sua obra : 'The Silence,' 1973. (Cinco rolos de negativo 35 mm, galvanizados).




   Não faltaram também as instalações de Beuys do tipo happening, em cujas instalações quase  absurdas se podia reconhecer uma crítica aos academicismos modernos, ou as esculturas figurativas do tipo environment, de Segal, da mesma natureza.Outro artista pop que se dedicou a esta disciplina foi Lichtenstein, mas suas obras se mantiveram dentro de um contexto abstracionista-realista, em muitos casos mais perto das obras de seus colegas britânicos. 
   No Brasil , nos anos 60 frutificou entre os artistas  brasileiros uma tendência irônica derivada da Pop art norte-americana refletindo o clima tenso criado pelo regime militar imposto em 1964. Aderindo apenas à forma e à técnica utilizada na Pop art os artistas expressaram a insatisfação com a censura instalada pelo regime militar, tematizando questões sociais de política. Entre as exposições mais importantes nesse período destaca-se a Opinião 65, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, composta por 17 artistas brasileiros e 13 estrangeiros.
  Dentre os principais artistas nesta época estão Wesley Duke Lee( nasceu em São Paulo, em, 21 de dezembro de 1931)Luiz Paulo Baravelli, Carlos Fajardo,Claúdio Tozzi,José Roberto Aguilar e Antônio Henrique Amaral, entre outros.
Andy Warhol -Campbell's Soup Can (Tomato), 1968 



Ohhh...Alright... Roy Lichtenstein ,1964

Aguilar, José Roberto  -Série do Futebol I , 1966

FONTES:
.Enciclopédia Multimedia del Arte Universal©AlphaBetum Multimedia 
.McCARTHY, David. Arte Pop. Tradução Otacílio Nunes. São Paulo, 2002.
.TRÉTIACK, Philippe. Andy Warhol. New York, Universe Publishing, 1997. 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

# EMBOLADA DO MUNDO DE SHEAKSPEARE- POESIA DE CORDEL






 Assisti uma reportagem semana passada  na TV Escola, sobre a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, ( ABLC ), e achei maravilhosa a idéia de termos estas manifestações populares ao alcance  de todos .
O site é : www.ablc.com.br
Vale a pena conferir.

Um pouco da história da Literatura de Cordel.

"Na época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses, saxões, etc, a literatura de cordel já existia, tendo chegado à Península Ibérica (Portugal e Espanha) por volta do século XVI. Na Península a literatura de cordel recebeu os nomes de "pliegos sueltos" (Espanha) e "folhas soltas" ou "volantes" (Portugal). Florescente, principalmente, na área que se estende da Bahia ao Maranhão esta maravilhosa manifestação da inteligência brasileira merecerá no futuro, um estudo mais profundo e criterioso de suas peculiaridades particulares. " Fonte ABLC.

EMBOLADA DO MUNDO DE SHEAKSPEARE  - DE:  Walter Medeiros

Vou contar, vou contar...
Quero contar pra vocês
Uma história interessante
De um povo bem falante
Pois agora é minha vez
 Vou contar, vou contar...
Shakspeare é o autor
Da história de Otelo
Não sei se era donzelo
Pois nisso ele não falou
 Vou contar, vou contar...
 Desdêmona, sua mulher
 Gerava desconfiança
Pois usava até trança
Iludindo a boa fé
 Vou contar, vou contar...
Iago era o alferes
Um homem muito ardiloso
 Dizem que era até dengoso
No trato com as mulheres
 Vou contar, vou contar...
 Ele convenceu Otelo
De que a sua bela esposa
Corria mais que raposa
Atrás de um homem mais belo
Vou contar, vou contar...
Iago roubou um lenço
Que só Desdêmona tinha
E com sua ma fé todinha
 Deixou Otelo suspenso
 Vou contar, vou contar...
Aquele alferes tão falso
Fez mais uma presepada
Pois o lenço da coitada
Ele entregou a Cássio.
Vou contar, vou contar...
E Otelo inda dizia
Para seu amigo Iago
Que o assunto era vago
Ruindade nela não via
Vou contar, vou contar...
A coisa era mais braba
Pois com tal descaramento
O Cássio, que home nojento,
Passou o lenço na barba
Vou contar, vou contar...
Pois o mouro de Veneza
Como Otelo era chamado
Findou sendo corneado
Em sua vida burguesa
Vou contar, vou contar...
Ele era um mouro nobre
Que a República servia
Trabalhava noite e dia
Em meio a ferro e cobre
Vou contar, vou contar...
Ao seu redor, senador,
Fidalgo e o alferes
Tinha o bobo e as mulheres
Nem amante ali faltou
Vou contar, vou contar...
Marinheiro, oficiais,
Gentis homens, mensageiros,
Arautos e violeiros,
Quase ele não tinha paz
Vou contar, vou contar...
Mas não foi só sobre Otelo
Que o Shakspeare escreveu
Ele também discorreu
Sobre floresta e castelo
Vou contar, vou contar...
Ele era persuasivo
Em tudo que escrevia
Mesmo sendo fantasia
Era tudo muito vivo
Vou contar, vou contar...
Teve a Lady Macbeth
Que em sua persuasão
Convenceu o seu barão
A esquecer qualquer fé
Vou contar, vou contar...
Mandou que matasse o rei
Parecia até seu dono
Pois ela queria o trono
Mesmo por cima da lei.
Vou contar, vou contar...
Era muito egoísmo,
Invejas e ambições,
Dores, ciúmes, paixões,
Tinha até muito cinismo
Vou contar, vou contar...
Teve o Próspero, coitado!
Que numa estranha aliança
Buscou a sua vingança
Em espíritos aliado.
Vou contar, vou contar...
A maldade se reveza
Nas horas e nos minutos
Pois Cassius convenceu Brutus
A matar o Júlio César
Vou contar, vou contar...
E o rei da Dinamarca
Em fantasma transformado
Convenceu seu filho amado
Hamlet a lhe vingar.
Vou contar, vou contar...
E Romeu e Julieta
Que coisa triste e brutal
Era um feliz casal
Montéquio e Capuleto
Vou contar, vou contar...
Pois tanto eles se amaram
Mesmo contra os seus pais
Odientos e brutais
Que enfim se suicidaram.
Vou contar, vou contar...
Ainda nessa viagem
Encontramos a megera
Que nunca se desespera
Mas que levou desvantagem
Vou contar, vou contar...
O Petrúquio quem domou
A Catarina arredia
Dócil feito uma cotia
Submissa ela ficou
Vou contar, vou contar...
Aquele autor memorável
Mostrou a fraqueza humana
De forma muito bacana
Por isto é recomendável
Vou contar, vou contar...
Falou de força, fraqueza,
Também de felicidade,
Gozo, angústia, vaidade,
Era tudo uma beleza
Vou contar, vou contar.
Shakspeare era fantástico
Dizem muitos entendidos
Em seus romances sabidos
Era leve e era drástico
Vou contar, vou contar...
Escrevendo tudo à mão
Era um autor medonho
Basta ler sobre o sonho
De uma noite de verão
Vou contar, vou contar...
Ali foi muito completo
Para Hermínia e Lisandro
Que de um elfo foi ganhando
Aquele seu novo afeto
Vou contar, vou contar...
Inefável, uma beleza
Que só pode emocionar
Quando ler e apreciar
O mercador de veneza
Vou contar, vou contar...
É uma tragicomédia
Onde Pórcia e Bassânio
Tiveram idéia de crânio
Shilock abala a platéia
Vou contar, vou contar...
Agora vou acabar
Pois senão acaba a graça
Vão ler o texto da farsa
Que eu quero agora lanchar
Vou contar, vou contar...
Por isso aqui me despeço
Vou saindo de fininho
Mas tudo eu fiz com carinho
Neste montinho de verso.

de: Walter Medeiros