sexta-feira, 18 de abril de 2014

# Cora Coralina- ASSIM EU VEJO A VIDA #




Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Cora Coralina 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A expectativa de ser-no-mundo..


..... Há aluguns dias tenho pensado e lido sobre este tema .Escrever é uma forma de tentar entender algumas questões que nos incomodam. Sendo assim, divido minhas dúvidas, idéias e algumas poucas certezas.


Tema: Como andam nossas expectativas enquanto ser-no-mundo? Estamos mais voltado para as questões da razão ou para a poética da esperança?

   Expectativa do latim, exspectatio, quer dizer esperança.É um sentimento de que algo se realize.
    A razão iluminista com Hegel, atravessa os palcos da história das civilizações como protagonista de um enredo que marcou o avanço da humanidade.Para ele a homem deve se sujeitar à astúcia da razão e aceitar seu papel de coadjuvante na construção de uma História, na qual os feitos humanos são narrados como a concretização do movimento dialético do SER. Para Hegel “Tudo o que é racional é real e tudo o que é real é racional”.
     Esta visão do espírito absoluto da razão , idéia básica do iluminismo,defendida por Hegel, encontra nas idéias de Friedrich Nietzsche ,uma ruptura.  A razão humana para Nietzsche, não almeja o conhecimento e o esclarecimento em virtude de determinadas conquistas para sua evolução enquanto ser histórico.Para ele ,o conhecimento estabelece-se como uma relação estratégica em que o homem se acha situado, ignorando as diferenças, assimilando as coisas do mundo, sem nenhum fundamento real.
    Na linha de pensamento do Nietzsche , encontramos o grande pensador alemão Arthur Schopenhauer ( 1799-1860) , que tem sua primeira obra publicada em 1819, com o título “O mundo como vontade de representação. “Ele considera que o conhecimento humano reside no próprio homem e não nas coisas que ele julga conhecer.É um erro partirmos “de fora” para encontrarmos a significação tão procurada deste mundo. Dessa maneira, o homem deveria procurar mergulhar com atenção em si mesmo primeiramente, segundo o autor.
   Para Schopenhauer este mundo que vivemos é de mera representação , e que as coisas tem uma existência meramente relativa.Seguidor da filosofia de Immanuel Kant (1724-1804) , que dizia que certos elementos essenciais que constituem qualquer objeto não são propriedades do objeto, mas sim do próprio sujeito que conhece.
   Sendo assim, podemos levantar algumas questões na linha deste pensamento de Kant: O que o homem de fato conhece ? Conhece as coisas como elas são em si mesmas, ou como elas se apresentam para o homem ?
   No pensamento de Kant, o homem, em razão da sua estrutura cognitiva , traz consigo as formas essenciais constituintes dos objetos, podendo desta forma só conhecer os fenômenos, ou seja, aquilo que o objeto lhe oferece e não o objeto tal como é em si mesmo, ou seja, a coisa-em-si .
   Sendo assim, na filosofia destes dois pensadores, não podemos afirmar que conhecemos isto ou aquilo de determinados objetos, mas sim que conhecemos e percebemos o que está em nosso em torno e que a isto podemos chamar de  nossa representação do mundo.Assim, o homem sabe que o mundo que o cerca existe apenas como representação , na sua relação com um ser que percebe, que é o próprio homem.
     Schopenhauer é considerado por muitos filósofos como extremamente pessimista , e é chamado pelo próprio Nietzsche de “ cavaleiro solitário”, mas teve seu papel na filosofia de ser um grande contestador de Hegel, e trazer a tona a reflexão sobre o valor absoluto que se dava a razão e a necessidade de se pensar em novos paradigmas para o conhecimento, que foi para ele relevante , ao tratar do mundo como uma questão meramente representativa, uma ilusão, incerto , efêmero, onde a essência de todas as coisas, seria a coisa-em-si,que em última instância, ele afirma ser a nossa Vontade.
   Esta visão traz para o homem uma visão pessimista, sem expectativas, de infelicidade permanente , onde o homem percebe que o seu corpo e a sua vontade são uma e a mesma coisa; percebe que todo ato voluntário corresponde a uma ação corporal.Esta correspondência se dá sempre e, infalivelmente, diz Schopenhauer.
     Ficaríamos então presos a esta relação corpo e vontade ? Como transcender este estágio , em busca de uma metafísica ? Ou seja, como buscar a verdade que seja necessária e universal , no sentido de saber se é possível existirem coisas que foram, são e serão assim; e ainda, que não podem “ou podem “ ser de outro modo ?
    A filosofia é sempre um convite , e um conhecimento aberto ao "Pense nisso", e não" Pense isso".
      Para Aristóteles não devemos dar ouvidos àqueles que aconselham ao homem, por ser mortal, que se limite a pensar coisas humanas e mortais; ao contrário, porém, à medida do possível, precisamos nos comportar como imortais e tudo fazer para viver segundo a parte mais nobre que há em nós. Aristóteles chamou a metafísica de Filosofia Primeira, porque, ela é a ciência que tem como objeto próprio o objeto comum de todas as outras e como princípio próprio um princípio que condiciona a validade de todos os outros.(Nicola Abbagnano- Dicionário de Filosofia).
     Em busca desta metafísica,de um princípio , de interpretações para produzirmos um sentido de nossa existência nas nossas relações diante do mundo, onde normalmente nesta relação , nos perdemos por vivermos em função apenas do que aparentamos ser, a nossa existência está sempre se projetando para o futuro, para o novo, e agimos de acordo com o que ainda pode ser.
    Este comportamento gera em nós um excesso de ansiedade , expectativas ,turbulência mental, impaciência e intolerância.E quando nossas expectativas não acontecem , ficamos frustados, melancólicos.
     A possibilidade de ter expectativas, que é algo inerente à natureza humana, é uma forma de darmos objetivo a nossa vida, traçarmos metas , projetos,na tentativa de visualizarmos uma direção que nos leve em busca da esperança, do otimismo.   Quando vou além destas experiências, de seus limites, entendendo que minhas experiências são falíveis, complexas e contingentes, transcendo a imprevisibilidade da vida, e aceito a minha existência com as expectativas que lhe dou ou mudo minhas expectativas em busca de estratégias que minimizem os meus desapontamentos , entendendo a minha incompletude, como processo de formação de meu self, que é potencialmente perfectível.
    Importante é termos o foco que tudo em nossa vida é dinâmico e direcionado pela energia Superior ,para o bem, para o belo , para as virtudes, sendo a esperança uma delas .Não podemos negar que existe em nós em muitos momentos ,o sentimento de desespero diante das dores, das perdas, de nossas tristezas, precisamos saber conviver com esta intranquilidade do presente, para construirmos a harmonia do amanhã. 
  Conviver com este hiato entre a nossa incompletude e a nossa possibilidade de sermos plenos, traz angústia de querer estar lá e não estar apto ainda, querer ser feliz, querer ser pleno de virtudes, mas não é para agora, neste momento a esperança ocupa um espaço enorme em nossa existência.
    Como ensinava Aristóteles que a felicidade, e a virtude, estão na justa medida ,ou no meio termo.Na verdade não podemos viver sem expectativas , mas também não podemos viver só de expectativas.
     Concluímos com Eckhart Tolle, alemão, autor do livro “O poder do agora”, quando ele afirma: “As vezes , o momento atual é inaceitável, desagradável ou terrível. As coisas são como são. Observe como a mente julga continuamente o comportamento, atribuindo nomes às coisas.Entenda como esse processo cria sofrimento e infelicidade.Ao observarmos os mecanismos da mente, escapamos dos padrões de resistência e podemos então permitir que o momento atual exista.Isso dará a você uma prova do estado de liberdade interior, o estado da verdadeira paz interior.Veja então o que acontece e parta para a ação, caso necessário ou possível.
   Aceite, depois aja.O que quer que o momento atual contenha, aceite-o como uma escolha sua.Trabalhe sempre com ele, não contra.Torne-o um amigo e aliado, não seu inimigo.Isso transformará toda a sua vida...”
  Sentir o momento presente e a nossa plenitude enquanto seres perfectíveis , é sentir a nossa presença no mundo como seres de expectativas onde projetamos na esperança e na busca do autoencontro o equilíbrio entre  razão e  sentimento.

Jane.



quarta-feira, 16 de abril de 2014

# Mandalas #


Mandalas





   O mandala surge através da história do homem como símbolo universal e essencial que envolve as questões de integração e transformação do homem que se revelam em sua comunicação consciente ou inconsciente do seu vivido. 
  Os mandalas na Arteterapia funciona como uma ferramenta projetiva, usando a concentração ativa por meio de vivências da própria pessoa, de forma que se possa ver os traços, os símbolos, as cores que se expressam pela linguagem do inconsciente profundo. 
   O homem sempre deixou uma forma de expressar seus sentimentos , há uma força inata que o leva a deixar sua marca mostrando assim um pouco de sua história através de várias expressões de arte que até hoje são descobertas em pedras, cavernas, pelos grafismos, pela cor e textura que retratam seus valores suas crenças e sentimentos através dos tempos. 
   O arteterapeuta, por meio do fazer artístico, vai direcionando seu cliente a descobrir quem ele é. 
  Há sempre o confronto do consciente com o inconsciente possibilitando uma síntese integrada, que possibilitará ao homem uma visão de unidade, libertando-se de suas amarras e conflitos. 
  No desenrolar do processo arteterapêutico, naturalmente vão se quebrando as resistências do inconsciente de forma lúdica. É com a força desta viagem ao mundo simbólico , arquetípico, que elementos deste conteúdo serão decodificados ocasionando o processo de autotranscendência do eu . Este fazer lúdico possui uma fala, uma expressão, uma linguagem que relata sua história pessoal através dos insights. 
  A terapia utilizando a arte proporciona mecanismos de cura pelos insights que produz. Insight é definido por Arthur Janov como a dor virada do avesso. O insight é o núcleo da dor. Acontece o insight quando o material contido no inconsciente vem a tona, tornando-se consciente. 
  O arteterapeuta deve estar capacitado para entender a dinâmica da psique com o objetivo de assegurar a adequada aplicação das técnicas que visam o equilíbrio psíquico de seu cliente. 
  Os mandalas foram trazidos para análise na psicologia por Carl Gustav Jung, estabelecendo através de seus estudos por 14 anos alicerces de bases científicas para entender que os símbolos que eram desenhados nas cavernas traziam em si um impulso interno que buscava sua integração. A partir de suas observações, ele concluiu que o uso freqüente de desenhar círculos é terapêutico, porque propicia energicamente a integração do ego. 
  O símbolo do círculo nos remete às camadas do inconsciente que realmente não conhecemos, isto é, que reprimimos, mas podemos buscar estes sentimentos e nos aventurarmos na viagem maravilhosa do autodescobrimento. 
  Os mandalas em todas as culturas possui a mesma qualidade metafísica que é a projeção de conteúdos psicológicos individuais e coletivos.Os mandalas , via de regra, mostram em todas as partes do mundo que há uma mesma disposição de seus elementos.Estes se encontram reunidos no centro em forma de círculos ou polígonos,ou em forma de cruz ou círculo de flores que representam os aspectos e as propriedades psíquicas sempre mutáveis e em movimento. Podemos afirmar que os mandalas são os símbolos religiosos mais antigos da humanidade. São encontrados em todos os povos e civilizações, desde os orientais aos indígenas americanos, presentes nos períodos paleolítico. O círculo, a esfera, o redondo expressam a divindade, indicando o que é suficiente em si mesmo, o eu integrado. O círculo representa um símbolo de perfeição. 
  Jung, diz-nos que a estrutura do mandala se encontra originalmente na ordenação matemática da natureza e na própria alma humana, aparecendo em sonhos e no inconsciente. Os mandalas tem como objetivo harmonizar e despertar conscientemente o inconsciente, por meio de informações subliminares enviadas pela retina do cérebro, ao olhar no centro do mandala. 
  Quando desenhamos um mandala, geramos um símbolo pessoal que revela quem somos em um determinado momento produz uma descarga de tensão,onde projetamos para fora de nós parte conflitantes. 
  No mandala , segundo Jung, trabalhamos todos os nossos complexos, que são conteúdos condensados, isto é, carregados de forte carga emocional. Eles ficam registrados em nossa memória celular, ficam registrados também em nosso corpo físico, onde se concentra uma forte carga de tensão emocional. 
  O mandala é uma técnica auxiliar de tratamento que , de forma lúdica, vai buscando conteúdos que não estão em nossa consciência. O mandala é, pois uma prova artística, um legado que a própria natureza nos deixou, para que possamos trabalhar o nosso mundo subjetivo. Esta experiência vem com naturalidade, é um trabalho que liga nossa alma à espiritualidade, deixando para trás nossas crenças e dogmas que se prendem ao passado. 
  O mandala é um hino de amor, vida, sensibilidade, compreensão e aproximação de si mesmo. Ele nos une com todas as coisas vivas da natureza. O mandala nos remete a nossa essência divina. 
  Quando fazemos o mandala acionamos em nós toda a nossa ancestralidade, colocamos no círculo toda a nossa história de vida. O círculo está no homem , e o homem está no círculo. 
  O homem primitivo recorria ao ritual de dançar em círculo para se sentir mais forte e protegido, por meio da dança ele elaborava seus conflitos, e processava na sua psique a sua transformação alquímica. Já o homem contemporâneo perdeu este vínculo com a natureza, voltando-se mais para o seu lado intelectual , acumulando estresse, e esquecendo-se de trabalhar seus afetos na corrida desenfreada de competir no seu cotidiano. 
  O mandala possibilita a reorganização do conteúdo traumático. De forma lúdica , favorecendo o cliente a dar vida às suas imagens, trabalhando a introspecção os conteúdos traumáticos sendo dessensibilizados, elaborados, permitem uma reorganização simbólica. O trauma é um ponto de apego a conteúdos específicos do passado.É o que está bloqueado, reprimido. 
  O mandala serve de base para trabalhar os conteúdos vindos do inconsciente, faz parte dentro de um processo terapêutico, porém não é um processo terapêutico em si. Se soubermos trabalhar o caminho de ida e volta no nosso mundo interno, vamos nos conhecer profundamente. 
  O símbolo do círculo, o mandala representa dentro do processo terapêutico um meio orientador para a direção do trabalho. Viver as verdades que estão dentro do círculo é viver as verdades que estão dentro de nossa psique.  Isto é conhecer-se.

                  Jane
Cursando Arteterapia.
Bibliografia :Maida Santa Catarina.