segunda-feira, 26 de maio de 2014

Pessoas são presentes

Pessoas são Presentes
Algumas chegam com
a embalagem bonita!...
Anunciando um evento qualquer....
Outras em embalagem comum!
Anunciando nada de especial...
Existem ainda aquelas que chegam...
com a embalagem machucada...
As quais não damos o menor valor...
Existem aquelas que chegam registradas!
Presentes valiosos!
Pois não se perdem no caminho...
Mas a embalagem não é um Presente!!!
E sim o seu conteúdo...
É com ele que aprendemos,
crescemos ou partilhamos.
Você... Eu... e outras tantas pessoas
Somos presentes umas para as outras.
É no afrouxar dos nós....
Que nos desembrulhamos pouco a pouco...
E aos poucos vamos percebendo e revelando...
O imenso presente contido...
VOCÊ!!



sábado, 24 de maio de 2014

# Pensando com Kierkegaard sobre o desespero humano #


O DESESPERO HUMANO 
Uma reflexão sobre os textos de
Sören Kierkegaard




    É fato que durante o presente século, tivemos a oportunidade de contemplar um crescimento incomensurável da tecnologia ao lado de grandes conflitos e crises existenciais que apontam para o desespero humano diante de tantas complexidades que envolvem a humanidade. Nossa sociedade está emocionalmente doente.
  Temos  um século marcado pela violência e degradação dos valores humanos. Temos muitos conflitos mundiais, várias guerras isoladas, milhares de agressões e atitudes equivocadas de líderes políticos, que nos causam profunda perplexidade. 
   Kierkegaard lá pelos anos 1849, escreve sobre o desespero humano. Ele é considerado o pai do existencialismo pois, segundo ele, mais importante do que a busca por uma verdade única que explique todo o universo, é a busca de verdades que sirvam para cada pessoa individualmente e se adaptem às escolhas que cada um fez para sua vida e a forma como essas pessoas  estruturaram o seu "eu". Consequentemente, a pedra fundamental de sua obra é a existência de cada um, naquilo que tem de singularidade.
   O existencialismo, que com ele se inicia, é um voltar-se para a concretude do indivíduo, para a sua singularidade e particularidade, na linguagem de Heidegger para o "ser-no-mundo". Ele (Heidegger), apresenta, para nós, o ser humano como aquele que se encontra em situação,  num círculo de afetos e interesses no qual o homem se acha sempre imerso, porém, nunca preso a ele, pois ao contrário, o ser humano está  sempre aberto para tornar-se algo novo, sempre está para além da situação na qual se encontra.
   Somos um rascunho, projeto ou esboço, um ser inacabado em processo de individuação.
   Diante das observações no nosso cotidiano os meios de comunicação nos relatam que estamos em um  momento de "desespero mundial", um processo de transição, difícil para todo planeta. A questão que devemos pensar é : Quais são as situações que nos  provocam  desespero? Será  que a influência do meio externo bloqueia  nossa possibilidade  de visualizarmos nossa felicidade?  Será que o excesso de  notícias que exploram as  imagens dramáticas , tornando-as banais , bizarras, estão nos robotizando? Por que temos tanta dificuldade em transcender o meio externo ? Por que fugimos de nossa transcendência espiritual ?
   Por certo, acharemos várias justificativas para estas perguntas. Mas, após a leitura do texto de Kierkegaard, percebemos, que o "DESESPERAR" é muito mais do que um fenômeno social, é também uma questão emocional, que nos leva ao fracasso ou ao triunfo. Todavia, surge a indagação: " Triunfo ou fracasso sobre o que ou sobre quem?" Sobre as guerras? Sobre o desemprego? Sobre a fome? Sobre as dificuldades financeiras? Sobre a violência? Sobre o amor ? O fracasso e o triunfo são muito relativos.
   Contudo, uma citação dos sábios orientais  serve como reflexão, para que possamos avaliar sobre como  triunfar no que diz respeito ao "DESESPERO HUMANO", :
"Um homem no campo de batalha conquista um exército de mil homens. Um outro conquista a si mesmo - Este é o maior".
 (Dhammapada, S. "Insight Meditation".Advancement of Buddhism,) 
 É justamente desse aspecto que Kierkegaard fala sobre o desespero humano.
    Para ele este era um processo de conquista do próprio eu, uma oportunidade de sermos nós mesmos, uma espécie de trampolim que auxilia o indivíduo a chegar a uma existência mais plena. Pois, como disse Kierkegaard: "Todo desespero é fundamentalmente um desespero de sermos nós mesmos". Então surge a indagação:  "O que é o desespero na visão de Kierkegaard?" No seu texto ele ressalta alguns tipos de desespero, porém, comentamos apenas sobre dois deles, a saber:
1- O desespero pelo desejo de não ser um eu próprio - denominado de desespero-fraqueza.
2- O desespero pelo desejo de ser um eu próprio - denominado de desespero-desafio; Para Kierkegaard o homem em desespero tem o costume de se considerar uma vítima das circunstâncias, porque o desespero revela a miséria e a grandeza do homem, pois é a oportunidade que ele possui de chegar a ser ele mesmo, chegar a ser um eu próprio.
 O desespero é algo universal para Kierkegaard. Todos os homens vivenciam o desespero, mesmo não tendo consciência plena dessa situação.
   A pessoa mais complacente consigo mesma, é aquela que não se dá conta das suas dificuldades. Quando chega a "CATÁSTROFE" ou "A CRISE", ela passa a se ver num estado que é próprio do ser humano, ou seja, perceber-se em desespero, desamparado e abandonado à sua própria gerência.
  Para Kierkegaard esse momento é salutar , pois a crise que se mostra com o desespero pode levar o indivíduo à "cura", mas pode ser seriamente perigosa se o indivíduo não quiser dar conta de si próprio, ou seja, tornar-se ele mesmo. Neste momento o filósofo dinamarquês mostra um sentido mais próximo do original da palavra crise (krisiV) . Que é derivada do verbo grego krinô (krinw) que significa separar, julgar, decidir, considerar, avaliar, selecionar e escolher. 
   O desespero, enquanto momento de "crise" é uma hora de escolha. Sendo ela, expressa em atos. A "cura" é a princípio, transparecer, o dar-se conta do seu próprio desespero, sendo a "doença" a negação ou a intenção de não ter consciência deste estado.
  O homem que enfrenta com coragem, primeiramente, o ato de ver o seu desespero não está longe da "cura". Dizia Kierkegaard: "Quem desespera não pode morrer". Porque, quem se desespera acerca si próprio, quem desesperadamente deseja libertar-se de si próprio, ao invés de extinguir-se, se refaz, torna-se um novo "eu". No desespero-fraqueza, aquele que se fundamenta na intenção declarada do indivíduo de não ser ele mesmo, o que se apresenta é uma profunda negação.
     Nietzsche no seu "Assim Falou Zaratustra" (1891), chama essa esfera de vida de "vivência do camelo", onde a conduta do homem, por não se conhecer a si mesmo é ditada pelo medo, pelo tu-deves e pela disposição imensa de levar pesadíssimas cargas, vejamos o que o filósofo disse: "Todo esse pesadíssimo espírito de carga toma sobre si: igual ao camelo, que carregado corre para o deserto, assim ele corre para o seu deserto".
   Quantas pessoas conhecemos que vivem assim? Carregando cargas profundas, assumindo gratuitamente os problemas dos outros e residindo num verdadeiro deserto, onde só se encontra pedra, pó e o sol escaldante. De forma imensamente dramática, o próprio Kierkegaard coloca para si o desejo de abraçar DESESPERO-DESAFIO, que é a aceitação da destruição de si, isto é, a morte do "EU ESCRAVO", para um pular ou arriscar a ser, um eu de sua própria invenção. O grande desafio do indivíduo é superar a finitude e a necessidade de ser um eu próprio, construído através das suas forças. E isto, só é alcançado, mediante o "SALTO DA FÉ", que é experimentado mediante a liberdade, a sua própria decisão, sem qualquer influência do outro. É a verdadeira afirmação da sua própria vontade. É a troca do "Tu-deves" irresponsável, que vimos anteriormente, pelo "EU QUERO" determinante. É o experimentar  que Kierkegaard chama de "Angústia de Abraão". É neste instante que diante do eu, o campo das suas possibilidades reais crescem e, o indivíduo, sem medo, parte para a procura daquilo que ele quer ser.
   Isso é possível, existem pessoas que não assumem o "esperado" delas, mas olhando para si, fazem algo novo, desmistificando todas as expectativas dos outros.
   Helen Keller, que nasceu cega e surda (1880-1968), era "esperado" que ela fosse mais uma criança deficiente no mundo, mais um ser humano com problemas de saúde na eterna dependência do outro, mas ela " superou o esperado". Através da ajuda de sua professora Ana Sullivan, desafiou o destino que parecia lhe estar reservado e, aprendeu a fazer tudo como as pessoas ditas normais faziam. Venceu a sua crise, isto é, escolheu não se deixar permanecer presa à cegueira, surdez ou qualquer deficiência, antes superar tudo isso.Tornou-se uma célebre escritora, filósofa e conferencista, uma personagem famosa pelo extenso trabalho que desenvolveu em favor das pessoas portadoras de deficiência. O que dizer também do compositor alemão Ludwig Van Beethowen, que depois de ter perdido a sua audição, conseguiu escrever uma sinfonia inteira, usando não os sons mais as vibrações destes que faziam no solo de sua casa.E quantos outros são referências para nós de superação.
    O que podemos pensar com isso? Que qualquer ser humano, seja ele quem for, pode superar e ultrapassar as situações mais difíceis que se apresentam na sua vida, pois conforme o filósofo alemão Martin Heidegger disse: "O homem é um ser que está para além da sua própria situação". Por que podemos ter tanta convicção nesta afirmação?
   Porque, percebemos o ser humano não como uma coisa ou um simples objeto, que vive sendo determinado pelas circunstâncias da vida ou pelo outro. Mas, que tem a possibilidade de olhar-se para si mesmo, ousando ser ele próprio, transformar e mudar ocorrências e eventos de sua vida.
     Irwin Yalon nos fala que  não somos livres das influências biológicas, sociológicas, familiares ou políticas, no entanto, ele mesmo afirma que nós somos completamente livres para lidar com todas estas coisas. Isto ratificando as palavras de Sartre, a saber: "Não importa o que fizeram de mim, importa o que eu faço daquilo que fizeram de mim". 
 Nós repetimos o mesmo comportamento a vida inteira porque foi a maneira como aprendemos e treinamos, não questionamos nossas crenças. Acabamos nos tornando escravos da rotina e, quando somos solicitados a mudar, argumentamos: Sou assim desde criança, é o meu jeito de ser e não vou mudar. A grande verdade é que  somos  a pessoa que escolhemos ser. Todos os dias podemos decidir se continuamos do jeito que somos ou mudamos.
       É necessário que tenhamos a absoluta intenção em querermos ser  nós mesmos. E, como nós vimos, o indivíduo que mantém a postura do desespero-fraqueza, em não se permitindo ver-se, sustenta a ilusão que o modelo do outro sempre é melhor que o seu. Esta escolha desenvolve uma profunda falta de amor próprio e um desconhecimento das nossas reais possibilidades. Nos tornamos um prisioneiro dos modelos, das formas, dos "deverias", enfim, um prisioneiro de nós mesmos, porque a chave de nossa cela está conosco o tempo todo, só que  por muitas vezes nós nos  negamos a usá-la.
    O desespero-desafio é uma postura muito diferente da primeira. Nela o indivíduo toma consciência de que o melhor que ele pode fazer por si, é ser ele próprio. Neste aspecto, o indivíduo não se recusa a aceitar o seu eu, porém, procura antes de mais nada conhecê-lo, a fim de que possa aos poucos construir um eu de sua própria invenção. A consciência de que ele está sendo vai aumentando, ampliando a sua visão de si mesmo e assim proporciona a percepção da sua singularidade.
    A cada dia este indivíduo se sente desafiado em "tirar o esperado". Em evidenciar que ele é um ser único e singular. Que é ele mesmo, quem deve determinar o melhor para si. O que significa dizer que este melhor para si, é melhor só para ele, o que gera um egocentrismo.Este estado de situação que vivemos  que chamamos de globalização é uma espécie de anonimato no qual procura-se diluir as diferenças e singularidades dos povos, dentro de um uniformismo econômico, cultural e social. Dentro dessa visão o humano é apenas mais um mero detalhe, um número.Tão importante quanto ser é compartilhar, ser solidário.
   Kierkegaard, viveu em uma época, com efeitos não tão diferentes dos nossos atuais, onde a massificação, o fazer tudo igual, o desvalor do indivíduo era fomentado e fortalecido. Ele se rebelou contra esta ordem, onde as pessoas tinham que seguir as convenções gerais, em detrimento da sua própria individualidade. Kierkegaard sempre disse que o que importa é como o indivíduo, na sua particularidade, na sua concretude e na sua unicidade, faz com a sua existência. 
    Existência  para Kierkegaard não era o mero ato de respirar, de comer ou se vestir, mas "um ato de escolher em ir na direção de ser". A direção daquilo que o indivíduo elegeu como sendo o seu objetivo, o seu projeto. 


   Existir é ir em direção às escolhas individuais. É sair da prisão da mesmice, da igualdade e da uniformidade que tanto sofrimento causa e, partir em direção à nossa individuação. É um ato de coragem, um parto, pois é preciso quebrar toda uma "história" pré-articulada e construir a sua singularidade. Por certo, quando fazemos escolhas que contemplem o nosso ser no mundo  em sua concretude e espiritualidade  minimizamos nosso "desespero humano."

Jane

sexta-feira, 23 de maio de 2014

# Johannes Vermeer- Grande pintor holandês.Algumas obras.


   

Johannes Vermeer (Delft, 31 de outubro de 1632 - Delft, 15 de dezembro de 1675), foi um pintor holandês, que também é conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer.
    É o segundo pintor holandês mais famoso e importante do século XVII (um período que é conhecido por Idade de Ouro Holandesa , devido às espantosas conquistas culturais e artísticas do país nessa época), depois de Rembrandt. Os seus quadros são admirados pelas suas cores transparentes, composições inteligentes e brilhante com o uso da luz.
  Casou-se em 1653 com Catharina Bolenes e teve 15 filhos, dos quais morreram 4 em tenra idade.
   Sabe-se que vivia com poucos rendimentos como comerciante de arte, e não pela venda dos seus quadros. Por vezes até foi obrigado a pagar com quadros dívidas contraídas nas lojas de comida locais.

 Morreu muito pobre em 1675. A sua viúva teve de vender todos os quadros que ainda estavam na sua posse ao conselho municipal em troca de uma pequena pensão .
   Depois da sua morte, Vermeer foi esquecido. Por vezes, os seus quadros foram vendidos com a assinatura de outro pintor para lhe aumentar o valor. Foi só muito recentemente que a grandeza de Vermeer foi reconhecida: em 1866, o historiador de arte Théophile Thoré (pseudónimo de W. Bürger) fez uma declaração nesse sentido, atribuindo 76 pinturas a Vermeer, número esse que foi em breve reduzido por outros estudiosos., devido as fraudes.No princípio do século XX havia muitos rumores de que ainda existiriam quadros de Vermeer por descobrir.
  Conhecem-se hoje muito poucos quadros de Vermeer. Só sobrevivem 35 a 40 trabalhos atribuídos ao pintor holandês. Há opiniões contraditórias quanto à autenticidade de alguns destes quadros.

  A vida do pintor é contracenada no filme " GIRL WITH A PEARL EARRING " (2004) do diretor Peter Webber. A atriz Scarlett Johansson interpreta Griet, a moça com brinco de pérola .

PS: VI ESTE FILME. É EXCELENTE. O JOGO DE LUZ E SOMBRA QUE ENVOLVE O FILME É LINDO. Fiquei encantada com os detalhes. Escrevendo agora, me deu vontade de revê-lo... Espero que gostem da sugestão do filme.
 Jane.
A moça com brinco de pérola , 1665.
image
         
A atriz Scarlett Johansson interpreta Griet, a moça com brinco de pérola.



"A Leiteira" (1658-60) . Nela, Vermeer retrata um instante do cotidiano de trabalho de uma camponesa em seu ambiente próprio. A cena é comum e a clara quietude do ambiente é o elemento responsável por dar
vida a tudo que nele encontramos."


                                                                             Senhora escrevendo carta com sua criada (1670)




 A ruela (1657-1661)


O astrônomo- (1668)


A mulher segurando uma balança.( 1665)


terça-feira, 20 de maio de 2014

CAFÉS SUSPENSOS ??

   "Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor.  Um é a sombra do outro". 
 Carl G. Jung

 Um história que aquece melhor do que um café num dia frio de inverno.
“Cafés suspensos"
"Entramos num pequeno café na Bélgica com um amigo meu e fizemos o nosso pedido. Enquanto estamos a aproximar-nos da nossa mesa duas pessoas chegam e vão para o balcão:
- "Cinco cafés, por favor. Dois deles para nós e três suspensos."
Eles pagaram a sua conta, pegaram em dois e saíram.
Perguntei ao meu amigo:
- "O que são esses cafés suspensos?"
O meu amigo respondeu-me:
- "Espera e vais ver."
  Algumas pessoas mais entraram. Duas meninas pediram um café cada, pagaram e 
foram embora .   A ordem seguinte foi para sete cafés e foi feita por três advogados
 - três para eles e quatro "suspensos".      Enquanto eu ainda me pergunto qual é o
 significado dos "suspensos" eles saem.    
De repente, um homem vestido com  roupas gastas que parece um mendigo chega 
na porta e pede cordialmente:
- "Você tem um café suspenso?"
   Resumindo, as pessoas pagam com antecedência um café que servirá para quem 
não pode pagar uma bebida quente.     
   Esta tradição começou em Nápoles, mas  espalhou-se por todo o mundo e em alguns lugares é   possível encomendar não só cafés "suspensos" mas também um sanduíche ou refeição inteira.
 TODA HISTÓRIA NA WIKIPEDIA- Caffè sospeso.


SERÁ QUE NO BRASIL DARIA CERTO ?

segunda-feira, 19 de maio de 2014

# ANJO DA GUARDA- ORAÇÃO #


Anjo da guarda, em oração
guia nosso viver na mais formosa visão
ampara-nos os dias de tormenta
nas veredas da existência.

Pedimos a ti,
luz e paz ao coração,
liberta-nos das forças da ignorância
alçando espaços de liberdade
desvendando em nós, pedaços de santidade.

Anjo da guarda, companheiro,
dá-nos a vontade de aprender
quebrando nossas muralhas
pois é necessário semear
no chão árido de tanto lamentar.

Anjo da guarda, meu irmão,
na escola da vida, eleva-nos a vibração
trigo que leveda , multiplica o pão
na eterna força do amor que realiza
bênçãos da renovação.

 Jane

domingo, 18 de maio de 2014

Construindo pontes para a felicidade



        Quando  expressamos nossa alegria, quando  demonstramos espontaneamente a nossa satisfação e contentamento diante da vida, apesar de nossos conflitos existenciais, procurando ver nas experiências vividas possibilidades  de sermos  altruístas,  estamos expandindo nossa espiritualidade, estamos no caminho florescente  do processo de construção da felicidade, fazendo a ponte entre nossos conflitos internos e a busca terapêutica da saúde emocional.
      Desta forma somos gratos pelo existir, pois  elaboramos diálogos criativos com a vida e aprendemos na sinfonia da vida o nosso  lugar, o nosso tom, na orquestra cósmica e percebemos a sua importância como instrumento divino.
   A conquista da felicidade vem no aprendizado diário de  sabermos viver, aceitar e expressar nossos desejos e sentimentos, construindo  projetos de vida e empenhando-nos para realizá-los dentro dos princípios do aprender a conhecer-se, aprender a viver, aprender a ser e aprender a amar.  
    A felicidade no mundo é possível,  não estamos   na Terra somente para sofrer, lamentar-nos , mas para criarmos  condições para estabelecermos o resgate de nossa identidade cósmica, que se perdeu nos labirintos dos equívocos.
    O que nos faz sofrer, e nos afastar da felicidade de alguma forma, é a expectativa que temos para conosco e para com o próximo. Queremos sempre a perfeição do outro, queremos ser atendidos em nossos desejos, mas o outro não dá conta de preencher este espaço, porque o que eu quero  preenche algo que me remete ao significado e sentido que dou para esta possível completude. 
   Neste momento é importante pensarmos que precisamos traçar novas trajetórias para mudanças de comportamentos, canalizarmos nossa energia psíquica para o aprendizado do autoconhecimento e aceitação do outro naquilo que tem de diferente de mim, e não deixarmos que a ilusão de uma completude fora de mim venha  me fazer feliz. 
      Compreendendo essa sensação,  saberemos individualizar o  nosso universo pessoal, pois o que é motivo de felicidade para uns, pode ser de infelicidade para outros. É um sentimento que diferencia-se a cada instante tendo significados diferentes.
        Quando aprendemos a ser responsáveis pelas nossas próprias escolhas, assumindo  nossas culpas, erros e fracassos , e começamos a ter o gosto das conquistas das lutas internas, procurando entender nossos conflitos, passamos a desabrochar a nossa alegria transcendente, descobrindo que as nossas potencialidades irão   alavancar situações onde criaremos condições verdadeiras para uma  futura felicidade plena. 
     Quando paramos de correr atrás da felicidade ela  chegará bem  de mansinho. O grande paradoxo da felicidade é que a encontramos quando não a procuramos. 
   A ansiedade e o medo  que temos são processos inibidores que bloqueiam o nosso acesso as forças do nosso self, afastando-nos  destas novas realizações.
     Quanto mais caçamos a felicidade, mais ela foge do nosso alcance. 
      De fato, não há nada de errado em querermos ser felizes. Errado é a nossa insistência na  idéia fixa de que temos que ser feliz hoje e agora. 
      Mudando nossa percepção, olhando a felicidade como algo do ser, algo em processo, mais breve a alcançaremos. A felicidade chegará quando fizermos a transição deste estado ainda conflitivo  que vivemos para um estado mais equilibrado, harmonioso,  vencendo os grandes desafios existenciais .
    A felicidade é colheita de uma semeadura que atravessa  diversas existências.
   É uma busca diária, a cada segundo, deveríamos nos sentir mais próximos do Cosmos. Tanto recebemos Dele, a natureza é presente que nos encanta, está aí para nos servir, alegrar nossas manhãs com o sol, com a chuva, com o aroma das flores, com os alimentos que vão a mesa, das árvores que com sombras e frutos nos acolhem. 
   Tanto recebemos, que achamos que é dever do Cosmos nos provê, mas esquecemos de servir a  Vida.
   Tenho meditado muito sobre isso.
    
Jane  

quinta-feira, 15 de maio de 2014

# O QUE NOS LEVA A MANTER O RESSENTIMENTO ? #



 Re-sentimento.

Sentir   novamente.

   Sentir infinitamente, para alguns.
O que nos leva  a manter o ressentimento ?

        Por qual  razão usamos nossa  energia mental e nossos sentimentos repetidamente para lembrarmos de algo que nos machucou emocionalmente ? Por que vivenciamos nossas fragilidades  de forma masoquista e reforçarmos nossas  decepções com a vida e com  o nosso viver ? Por que nos lembramos insistentemente no que o outro falou ou nos fez de forma equivocada, e repetimos  sempre este filme  em nossa tela mental ?



     O QUE É RESSENTIMENTO ?
       O ressentimento é o produto direto da repressão da raiva.  Não expressamos nossos sentimentos ao ofensor, não  lhe demonstramos nosso desapontamento e desgosto e  então  ficamos a esperar o momento que achamos “certo” para  atingi-lo com a nossa mágoa que se expressa como ressentimentos.
     Etimologicamente, o ressentimento faz referência aos afetos de rancor, ódio, mágoa e de culpabilidade dirigida ao outro. Trata-se, portanto, da ação do sujeito de endereçar ao outro sentimentos de hostilidade, bem como atribuir a autoria dos males que o afligem, aos outros, fazendo-se de vítima , vive na ilusão de sua suposta  autoridade moral.
       Para o ressentido  muitas vezes  só restou a solidão, e muitas vezes ela é sua fiel companhia, como recurso para viver na sua monoidéia de vingança, e remoendo suas dores,  recusa-se a viver o lado saudável , prazeroso da vida, sua escolha é sempre pelo pior, tendo grandes dificuldades de atravessar suas dores, suas perdas. Torna-se aquela pessoa pessimista, sempre está no papel de vítima,  de tudo reclama afastando algumas pessoas de seu convívio.
      No sujeito ressentido, há uma recusa permanente em aceitar uma perda, essa atitude é mascarada por uma atitude amarga e pouco esperançosa diante da vida, permanecendo o sujeito preso ao passado e sem esquecer ou ultrapassar as supostas causas de seu sofrimento. Estes sentimentos de  ressentimento e de hostilidade podem construir em nós barreiras que nos impedem de olhar para nós mesmos como seres integrais, holísticos, como filhos da luz, em processo evolutivo, onde os  estágios de sofrimento, são instrumentos educadores para nosso espírito imortal. Esta falta de entendimento da necessidade da autoeducação passa a ser um elemento dificultador  para trabalharmos o sentimento de perdão, que é o antídoto do ressentimento, da mágoa e da culpa.
       O que observamos hoje,  é uma sociedade onde impera o medo do outro, onde  a afirmação comum é : “não confio no outro” , logo ressinto-me, e se não me expresso pelo medo, reforço meus sentimentos hostis e mais facilmente sinto-me vulnerável ao ressentimento, que pode gerar sentimentos de          vingança e comportamentos violentos e doenças psicossomáticas.                                              
            Para cura do ressentimento, o procedimento é bastante parecido com a cura que procuramos para o corpo físico. O médico  nos pergunta sobre os sintomas físicos que sentimos : Onde dói ? Sente o que? Em que momento? Quando começou o sintoma ? Que remédio está tomando?  Vai tomar os remédios que eu receitar ?Se assim fizer  você terá um bom prognóstico. Volte sempre para mantermos a saúde do corpo em acompanhamento. Não se esqueça da próxima revisão.
          Com a nossa saúde emocional  também devemos  ter os  mesmos cuidados,  fazermos as mesmas perguntas e  procurar seguir a orientação do nosso Médico de Almas, onde Ele  falou que não veio para os sãos , mas para os doentes, que somos nós, doentes do corpo e de alma.
           Devemos nos perguntar: Quais são os nossos sentimentos danificados? Que sentimentos são esses, quando iniciou, por quê? Que tipo de danos têm? O que está causando este sentimento? De onde provêm os sentimentos negativos? Desde quando estou me sentindo assim? Lembro-me de algum fato relacionado ao sentimento danificado? É um sentimento racional ou irracional, isto é, mais instintivo do que real? Será que não estou olhando para o problema com lentes de aumento? Ou o problema é realmente sério e perturbador? Desejo realmente a cura ou prefiro manter o sentimento danificado como estratégia para ataques ou defesas futuras? Estou atento as minhas necessidades emocionais ? Quero ter uma boa qualidade de vida emocional ?
          Nesta busca, nos ensaios de acertos e erros vamos tentando   entender onde estão nossos “nós” emocionais, onde dói e porque dói, fazendo assim  a profilaxia de nosso espírito, livrando-nos das dores da alma, e desatando estes “nós” com a sabedoria do amor e do perdão.

           Jane 
            MENSAGEM PARA REFLEXÃO SOBRE RESSENTIMENTO
                           "Se você guarda ressentimento, sem dúvida cultiva cogumelos venenosos na  área reservada para a ensementação  da jovialidade, de que se deve enriquecer, a fim de adquirir paz.
As ocorrências desagradáveis devem ser superadas com legítimo esquecimento do mal que produziram.
O aprumo da honra pode ser examinado pelo fio de prumo da consciência correta.
Ninguém, na Terra, consegue eximir-se às lides e batalhas do passado pessoal, ressumando  sempre através dos choques vibratórios com aqueles que são simpáticos ou antipáticos, amigos ou desafetos.
Em decorrência, as paixões opinativas sempre ateiam incêndios de cólera de umas pessoas contra outras ou lenificam os espíritos de uns ao lado dos outros."
                                                                                                     EMMANUEL

quarta-feira, 14 de maio de 2014

# CONTO - A ARTE DE RESOLVER CONFLITOS #


  O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera.
   Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô.
    O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira.
   Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo.
  Era um homem forte, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo.
   Aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê.
   O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arrancá-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava.
   O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou.
   O lutador de Aikidô estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos.
   Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Os alunos são proibidos de lutar, pois sabem que Aikidô é a arte da reconciliação.
   Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o Universo.
  Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados.
  Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.
  O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira.
 Ah! Rugiu ele. Um valentão! Você está precisando de uma lição de boas maneiras!
  O jovem lançou-lhe um olhar de desprezo.
  Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele o agredisse primeiro, por isso o provocou de forma insolente.
  Agora chega! Gritou o bêbado. Você vai levar uma lição. E se preparou para atacar.
  Mas, antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um grito: Hei!
  O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos.
  Aquele minúsculo senhor vestia um quimono impecável e devia ter mais de setenta anos...
  Não deu a menor atenção ao jovem, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar.
   Venha aqui. - Disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso. Venha conversar comigo. - Insistiu, chamando-o com um aceno de mão.
  O homenzarrão obedeceu, mas perguntou com aspereza: Por que diabos vou conversar com você?
  O velhinho continuou sorrindo. O que você andou bebendo? Perguntou, com olhar interessado.
  Saquê. - Rosnou de volta o operário. - E não é da sua conta!
 Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afeto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro.
 Ficamos olhando o pôr-do-sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro, comentou o velho mestre.
  Pouco a pouco o operário foi relaxando e disse: É, é bom. Eu também gosto de caqui...
  São deliciosos. - Concordou o velho, sorrindo. E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.
  Não, falou o operário. Minha esposa morreu.
  Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.
   Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.
  Lágrimas escorriam pelo seu rosto. E o jovem estava lá, com toda sua inocência juvenil, com toda a sua vontade de tornar o mundo melhor para se viver, sentindo-se, de repente, o pior dos homens.
  O trem chegou à estação e o jovem desceu. Voltou-se para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco e deitara a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.
  Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando... O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas. E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos.


Conto do livro  Histórias da alma, histórias do coração, de Christina Feldman e Jack Kornfield .

segunda-feira, 12 de maio de 2014

# ARTETERAPIA BREVE INTRODUÇÃO #


                                                 

             Desde a época das cavernas os homens já se utilizavam do desenho, representando  através de imagens o   seu vivido, sua organização, suas danças e pinturas de rituais de cura invocando as forças da natureza ficaram impressas nas paredes do tempo.
             O uso terapêutico das artes remonta-se a estas civilizações antigas.
         Mas é com a crise da modernidade, e em especial após a Primeira Guerra Mundial, que a arteterapia, surge como profissão , e com seu corpo próprio de conhecimentos , práticas e pesquisas.
      O projeto iluminista trouxe na época moderna a crença que o desenvolvimento material e moral do homem seria alcançado pelo conhecimento , pela razão. Foi um momento fértil nos ciclos evolutivos da humanidade, momento de expansão de ideologias, movimentos sindicais, culto as fábricas, novas  tecnologias e grande avanço nas  ciência.
       Após a Primeira Guerra Mundial, inicia-se em paralelo ao movimento iluminista, um movimento de mudanças, cuja origem encontra-se na crise da ciência e da verdade. Surge Einstein , com a Teoria da Relatividade que traz para a física moderna  novos paradigmas  até hoje estudados.
      Destaca-se neste período o pai da psicanálise, Freud, que trás o revolucionário conceito de inconsciente, que impôs uma radical  mudança da imagem que o homem tinha de si e Jung  ex discípulo de Freud, que segue seus próprios passos  tornando-se o pai da Psicologia Analítica, estava desenvolvendo trabalhos e estudos sobre a produção artística  de seus pacientes, buscando formas alternativas para o tratamento analítico.
        Nos movimentos artísticos vamos encontrar  no fim do século XIX e início do século XX a perspectiva de novas possibilidades para compreensão do homem . Com o  Expressionismo encontramos a busca da emoção  e da subjetividade humana; no Dadaísmo a busca da criança interna e o nonsense  como forma de contraposição a lógica burguesa; no Cubismo, o reconhecimento de que todo fenômeno pode ser visto de diversos ângulos; no Surrealismo de Dali e Breton, Chagall e no teatro do absurdo a busca do inconsciente, do imaginário.
       Com estes movimentos artísticos neste período , a contestação do real, vinha com formas artísticas assimétricas, deformadas, como linguagens artísticas que expressavam um desejo de contextualizar o momento histórico para trazer ao debate, ao cenário social uma possibilidade de  reflexão deste homem moderno.
       No campo da educação vamos encontrar Piaget, Dewey e Montessori, que se dedicaram ao estudo do desenvolvimento infantil, colocando a educação como um processo de cultivo e incentivo ao desenvolvimento da criança em sua totalidade, surgindo assim a arte educação  nos trabalhos de Victor Lowenfeld e Florence Cane.
       No pós- Primeira Guerra, e principalmente após a Segunda Guerra o mito de que a razão e a ciência seriam as grandes respostas  para o mundo vem abaixo. Há uma crise de conceitos , novos paradigmas surgem e  desmoronam as grandes expectativas que a ciência e a tecnologia suplantariam todas as questões do homem. 
     Na década de 40 a arteterapia firma-se com sua especificidade nos Estados Unidos com o trabalho de Margareth Naumburg. Nascida em New York em 1890, artista plástica, assim como sua irmã Florence Cane. Formou-se em psicologia, pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos,  fez estudos de psicologia experimental e parapsicologia na Inglaterra. Em Roma fez cursos sobre o método Montessori de educação infantil. Fez formação psicanalítica e fundou uma escola de vanguarda a Escola Walden.Nesta escola ela defendia a importância da expressão dos conteúdos e motivações inconscientes para a educação e o desenvolvimento da personalidade. Por lá ficou na direção por 10 anos, e em 1928, escrevia A criança e o mundo, livro em que enfatizava a expressão criativa e imaginativa do aluno.
           No período  pós  industrial na década de 50, há uma modificação significativa  sobre o status da ciência e da universidade. É nesta época que seguindo o surgimento da Arte educação nos trabalhos de Lowenfeld e Florence Cane que  a Arteterapia começa a ter mais visibilidade.

Jane
                                  



Bibliografia : Arteterapia Gestáltica de Selma Ciornai.