terça-feira, 16 de dezembro de 2014

# Relato de uma Experiência transpessoal de Fritjof Capra #

Gif de fada



  Uma experiência transpessoal envolve uma expansão e extensão dos limites acanhados de nossa consciência ,é algo que vai muito além do que conceituamos de tempo e espaço, ego e self.  Capra viveu este momento quando nos relata logo abaixo sua experiência. Deve ser muito bom participar desta dança cósmica....Eu quero...e você ?


  Fritjof Capra, que fez pesquisa em física de alta energia, na Universidade de Paris, na Universidade da Califórnia em Santa Cruz, e em várias outras universidades, começa seu famoso livro o Tao da Física, explicando como uma experiência transpessoal, o levou a descobrir experiencialmente as “verdades” da física moderna:

         “Há cinco anos eu tive uma experiência muito bela a qual me colocou no caminho que acabaria por resultar neste livro. Eu estava sentado na praia, em uma tarde, já no fim do verão, e observava o movimento das ondas, sentindo ao mesmo tempo o ritmo de minha própria respiração. Nesse momento, subitamente, apercebi-me intensamente do ambiente que me cercava: este se me afigurava como se participasse de uma gigantesca dança cósmica. Como físico, eu sabia que a areia, as rochas, a água e o ar a meu redor eram feitos de moléculas e átomos em vibração e que tais moléculas e átomos, por seu turno consistiam em partículas que interagiam entre si através da criação e da destruição de outras partículas. Sabia, igualmente, que a atmosfera da Terra era permanentemente bombardeada por chuvas de “raios cósmicos”, partículas de alta energia e que sofriam múltiplas colisões à medida que penetravam na atmosfera. Tudo isso me era familiar em razão de minha pesquisa em Física de alta energia; até aquele momento, porém, tudo isso me chegara apenas de gráficos, diagramas e teorias matemáticas. Sentado na praia, senti que minhas experiências anteriores adquiriam vida. Assim, “vi” cascatas de energia cósmicas provenientes do espaço exterior, cascatas nas quais, em pulsações rítmicas, partículas eram criadas e destruídas. “Vi” os átomos dos elementos - bem como aqueles pertencentes a meu próprio corpo - participarem desta dança cósmica de energia. Senti o seu ritmo e “ouvi” o seu som” (Capra, 1975).

Gif de natal

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

# SONETO ANTIGO # CECÍLIA MEIRELES # POESIA



                              Cecília Meireles
                                                                 Poetisa

         Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. É considerada uma das mais importantes representantes da literatura  brasileira.  Nasceu em 07 de novembro de 1901 na Tijuca, Rio de Janeiro- Brasil. Faleceu em 09 de novembro de 1964 .com 63 anos.
         Nano de 1939, Cecília publicou o livro Viagem. A beleza de suas poesias trouxe-lhe um grande reconhecimento dos leitores e também dos acadêmicos da área de literatura. Com este livro, ganhou o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Deixando  para nós em torno de 35 obras literárias.


               SONETO ANTIGO


Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.



Cecília



domingo, 7 de dezembro de 2014

# Textos de José Saramago# Viagem e Não me peçam razões #

                               Viagem

   A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
  “Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. 
   O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava.   É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles.
    É preciso recomeçar a viagem. Sempre.

José Saramago

Não me Peçam Razões...
Não me peçam razões, que não as tenho, 
Ou darei quantas queiram: bem sabemos 
Que razões são palavras, todas nascem 
Da mansa hipocrisia que aprendemos. 

Não me peçam razões por que se entenda 
A força de maré que me enche o peito, 
Este estar mal no mundo e nesta lei: 
Não fiz a lei e o mundo não aceito. 

Não me peçam razões, ou que as desculpe, 
Deste modo de amar e destruir: 
Quando a noite é de mais é que amanhece 
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago
Brevíssima biografia.


      José de Sousa Saramago nasceu em 1922, em Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses.Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora.

     Iniciou sua atividade literária em 1947, com o romance Terra do Pecado, só voltando a publicar (um livro de poemas) em 1966.Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995), Todos os Nomes (1997), e O Homem Duplicado (2002); a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7).

Morreu em 18 de junho de 2010, em Lanzarote, Espanha.