segunda-feira, 6 de abril de 2015

#NELSON MANDELA , ELE TINHA FOCO !


"NINGUÉM NASCE ODIANDO UMA PESSOA POR SUA COR DE PELE OU RELIGIÃO.
PESSOAS SÃO ENSINADAS A ODIAR. E SE ELAS APRENDEM A ODIAR, ELAS PODEM SER ENSINADAS A AMAR. "

NELSON MANDELA 
1918 - 2013

ÍCONE MUNDIAL DA LUTA PELA IGUALDADE SOCIAL. fOI O PRIMEIRO PRESIDENTE NEGRO DA ÁFRICA DO SUL. ELEITO APÓS 27 ANOS PRESO E GANHOU O PRÊMIO NOBEL DA PAZ EM 1993.

Não importa a cor da letra, o significado é o mesmo.

"Eu não tinha nenhuma crença, a não ser que a nossa causa era justa, era muito forte e estava ganhando cada vez mais apoio"      MANDELA

QUE  LÍDERES ASSIM SURGAM PARA TRANSFORMAR PRESSUPOSTOS E ALAVANCAR NOVOS PARADIGMAS . O MUNDO ESTÁ CARENTE DESTA LEALDADE À CAUSAS PACIFICADORAS.

JANE


domingo, 5 de abril de 2015

#A Caixa de Pandora.E a nossa ?


Pandora Fotografias de Banco de Imagens, Imagens Livres de ...


Os gregos antigos tinham culturalmente o bom hábito de contar muitas histórias sobre a origem das coisas, assim como seus antecessores, era uma tradição parar, ouvir o que o outro tinha para contar. Hábito este , que estamos perdendo na nossa contemporaneidade.

Assim como sempre faziam os gregos contaram uma história sobre a origem das coisas ruins que existem no mundo, que deu origem a famosa CAIXA DE PANDORA.

Na cultura grega havia vários deuses . Os maiores deuses moravam no alto de uma montanha, o Monte Olimpo, e eram 12. Estando no alto já denota sua hierarquia entre os outros. O que liderava, o rei de todos era Zeus. Os deuses com menor poder no Olimpo eram chamados de Titãs, entre outras classes hierárquicas entre a governança do Olimpo.. Mas estes queriam tomar o lugar de Zeus. Entre os Titãs, havia um, que chama-se PROMETEU, segundo os gregos, ele criou o homem, a partir do barro. Prometeu com seu irmão Epimeteu roubaram a centelha de fogo dos deuses do Olimpo, com o propósito de ensinar aos homens que ele criou , a fazer tudo que é possível fazer-se com o fogo que representava a inteligência para construir moradas, defesas e, a partir disso, forçar a criação de leis para a vida em comum. Surge assim a política para que os homens vivam coletivamente, se defendam de feras e inimigos externos, bem como desenvolvam todas as técnicas.

Naturalmente , Zeus não gostou nada do ocorrido, e pensou : Como  pode alguém  querer dividir todo o conhecimento com os pobres mortais? Como fica meu poder ? Como vou continuar alienando meus súditos ? Como subverter os acontecimentos ?

Zeus ordena então, que Prometeu fique acorrentado no Monte Cáucaso, e a ter seu fígado comido todos os dias por um abutre. Como era imortal, seu fígado sucessivas vezes voltava a crescer e...

Mas para Zeus, o poderoso, faltava punir o irmão de Prometeu, o Epimeteu, tendo em vista que os homens agora tem o fogo, representada pelo conhecimento, era uma grande ameaça para o Olimpo, para sua prepotência, crença e tradição. O pensar desestabilizaria esta ordem posta. 

Ardilosamente Zeus arma sua vingança, estudando antes a vulnerabilidade de sua vítima e de seus familiares. Zeus, com sua persona de arrependido, e querendo compensar Epimeteu pela perda do irmão, resolve envolve-lo com palavras doces, agradáveis, e de tal forma Epimeteu não resistiu e aceitou o presente que era casar com PANDORA, que significa todos os dons . Por um momento Epimeteu lembrou que seu irmão falou para NUNCA aceitar presente nenhum de Zeus, pois ele é traiçoeiro. Mas seduzido pela nova vida, pelas qualidades de Pandora, resolve casar-se. 

Pandora foi feita, planejada por Zeus, para ter a capacidade de mentir e enganar os outros, com o objetivo de atingir Epimeteu. Pandora foi a primeira mulher que existiu, criada por Hefesto (artista celestial, deus do fogo, dos metais e da metalurgia) e Atena (deusa da estratégia em guerra, da civilização, da sabedoria, da arte, da justiça e da habilidade) auxiliados por todos os deuses e sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Recebeu de um a graça, de outro a beleza, de outros e nos trabalhos manuais. Feita à semelhança das deusas imortais.

Casamento chegando, festas, presentes, muita comida, uns porquinhos assados, muitas uvas, e os deuses todos lá. Zeus entregou o presente ,foi uma caixa. Ele falou para Pandora não abrir de forma alguma a caixa, pois era um presente para Epimeteu, e que seria uma boa surpresa.

Caminhando para entregar a caixa a Epimeteu, ela deve ter pensado : O que será ? Por que eu não ganhei presente e sim ele ? Que absurdo ! Eu, uma mulher cheia de habilidades dada pelas deusas do Olimpo não recebo nada, que estão pensando ? Agora mesmo que vou abrir esta caixa !!!

A curiosidade foi tamanha que Pandora abre a caixa para o marido, sendo que nesta caixa mágica estava guardado todos os males do mundo: a desgraças, calamidades, doenças, loucuras, mentira, paixão, a morte, a fome, a guerra, o radicalismo religioso, a violência, o preconceito.. ao ver todos os vultos, forças, energias, cores negras saindo da caixa, ela fecha rapidamente a caixa a tempo de deixar presa lá bem no fundo :
 A ESPERANÇA.

A vingança de Zeus, aconteceu por que ? 

O mito da caixa de Pandora, nos faz pensar que a imprudência , a curiosidade, o totalitarismo do poder, o engessamento de nossas idéias presas ao preconceito e aos nossos desejos pessoais, sempre nos traem , nos alienam, quando estão voltados para dar conta da vida do outro. Mas quando temos a curiosidade saudável de nos autodescobrirmos o processo é de libertação, enquanto o outro é de escravidão .
A inteligência do homem, o fogo divino, deve ser direcionado para as boas obras do mundo, ser compartilhado, multiplicado apesar de muitas forças contrárias.

Todos nós temos uma caixa de Pandora dentro de nós, com coisas não são muito legais, com sombras, desajustes, rejeições, perdas, complexos,, mas a certeza de saber que a Esperança e o Amor do Deus único está conosco, abrimos o caminho para a nossa cura , pois primeiro precisamos acreditar nela, para usufruirmos de seus benefícios .
Trazemos na nossa caixa interior tantos males que são acrescidos, reverberados pelos meios de comunicação sensacionalista nos informando na caixinha preta das notícias mais uma calamidade no mundo, mais uma intolerância religiosa, mais...mais... 

A esperança é que nossa caixinha de Pandora abra-se para a renovação, falamos de uma abertura da caixa consciente, não inconsequente como Pandora, a curiosidade pela curiosidade, o impulso, do egoísmo e da vaidade, trazendo consequências nefastas.

O que falamos é de uma chance para nós mesmos aos poucos nos encantarmos, nos enamorarmos de nós mesmos e pouco a pouco desvelando este ser maravilhoso que somos. 

Pois enquanto cada um mantem sua caixa fechada, milhares de pessoas estão sendo mortas, massacradas, vítimas de injustiças sociais.

Muitas vezes não temos vontade ou curiosidade de tentar ver os nossos sentimentos e emoções, é preciso coragem para suportar o que vai sair.
Uma relação holística com o mundo, de forma empática exige muita atenção , foco mútuo. Levando em conta tantas distrações que nos afastam da nossa caixa interna de Pandora, torna-se importante criarmos um espaço, fazer um esforço para vivermos tão maravilhosamente este ser demasiadamente humano.

“ O seu foco é a sua realidade”.    Yoda.

Jane

quarta-feira, 1 de abril de 2015

CRÔNICA- MARINA COLASANTI


Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz.
E porque à medida que se acostuma esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíches porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e a dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra.
e aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos.
E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.
E aceitando as negociações de paz, aceita ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer fila para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e assistir a comerciais.
E a ir ao cinema, a engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável.
À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios.
E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber.
Vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.


Marina Colasanti