quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

# OBJETO PERDIDO #

           
OBJETO PERDIDO

     É preciso que a coisa se perca para ser representada, com Lacan entendemos este aforismo, no sentido de que a relação do sujeito com seu discurso sustenta-se singularmente porque o sujeito só esta no momento presentificado quando ele esta ausente em seu ser, o sujeito se perde na sua linguagem, o sujeito é causado pela linguagem. O que causa a linguagem é o significante , sem o qual não haveria nenhum sujeito.
   O significante é que representa um sujeito para um outro significante. A letra é o significante em sua materialidade .A letra é a representação da falta, ou “hiância”, que nos faz sentir a nossa incompletude humana, a nossa constante insatisfação, o nosso constante “mal-estar” freudiano.
   A letra estabelece o vazio.As primeiras letras são inscritas numa fase da vida infantil anterior ao ingresso no simbólico, e antes da aquisição da linguagem.
   Para Cassirier, o homem deveria ser definido como um animal simbólico, posto que a função simbólica é aquela através da qual o indivíduo constitui seus modos de objetivação, sua percepção, seu discurso.
   Este homem, quer simbólico, quer racional, tem o desejo.O desejo, de início podemos entendê-lo como uma idéia ou pensamento.A dimensão do desejo esta intimamente ligada a uma falta que não é possível ser preenchida por objetos do mundo real. A satisfação do desejo não se dá dentro do nosso contexto de realidade.A sua realidade se manifesta na nossa realidade psíquica. O desejo se funda a partir das pulsões.O desejo desencadeia, mobiliza o sujeito em direção ao objeto pulsional.
   No grande hiato entre o consciente e o inconsciente, entre seus conflitos e contrastes, entre as nossas vivências diurnas com nossos atos psíquicos produzindo idéias, expectativas, esperanças, projetos, ansiedades... algo faltante ocorre nestes momentos, que permanece inconsciente e que a noite , nos sonhos estes desejos “indesejáveis”, se manifestam.
    O pensamento é a matéria prima do sonho, ele trás consigo um sentido e um valor. Mas nem todo desejo é capaz de produzir um sonho..
   Para Freud “um desejo consciente só pode tornar-se um indutor de sonho se obtiver sucesso em despertar um desejo inconsciente do mesmo teor e conseguir reforço nele.”
   Independente da questão dos sonhos, que tentam nos levar a áreas de prazer, de realização, por algumas vezes, assim como os sonhos de desprazer são também realizações de desejos.Mas em vigília a realização do sujeito com o seu desejo é barrada pela dimensão da falta, da ausência de algo que poderia trazer prazer, harmonia , entre o desejo e sua realização, e o prazer, porque o desejo é sempre desejo de outra coisa, ele não se esgota em si mesmo, ele não se encontra consigo mesmo, porque ele é inalcansável, o objeto do desejo é um objeto perdido, faltoso que continua dinamicamente dentro do sujeito procurando realizar-se de alguma forma.O desejo se realiza no imaginário, e ascende ao plano simbólico. O objeto do desejo não é uma coisa concreta que se oferece ao sujeito, ela não é da ordem das coisas, mas da ordem do simbólico.
      A ansiedade vem a ser a reação ao perigo de uma perda do objeto, e o luto, é uma reação à perda de um objeto, são situações que nos trazem dor e sofrimento.O grande acúmulo de catexias no objeto e a impossibilidade de inibi-lo produzem um estado de “ mal estar”, de desamparo mental, que conduzem aos caminhos do desprazer , da ansiedade, da dor.
   O luto exige da pessoa “sofredora”, do sujeito, que ela deva separar-se do objeto, visto que ele não existe mais. Como se dá esta separação ?
  Desesperar-se de si próprio, este querer desesperado , de libertar-se de si próprio e do outro , no luto, ou nas perdas afetivas , é a presença do real desespero.Quem se desespera quer , no seu louco desespero ser ele próprio, acha-se deusificado. Como ser ele próprio se este eu que ele vê não é ele ? Pois querer ser o eu verdadeiramente, é viver o contrário do desespero.
  O querer viver contra o desespero, a falta, a lacuna do vir a ser ,esta em convivermos com esta angústia de seres faltantes, compreendendo que  este processo de transição na nossa formação psíquica , nos possibilitará uma passagem  para o portal de nossa plenitude, uma nova era nos espera. Precisamos aprender a conviver criticamente, politicamente, com as estranhezas do nosso cotidiano,  e buscar conhecer profundamente nossas hiâncias.


 Jane

domingo, 26 de janeiro de 2014

# Poema Castro Alves : As duas flores #


São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!

                                                                         Castro Alves

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

#Viver como as flores- Conto Budista Viver como as flores #

                              Viver como as flores

Era uma vez um jovem que caminhava ao lado do seu mestre. 
Ele perguntou:

- Mestre, como faço para não me aborrecer ?

Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes, outras mentirosas… Sofro com as que caluniam…

- Viva como as flores! – advertiu o mestre.

- Como é viver como as flores? – perguntou o discípulo.
- Repare nestas flores – continuou o mestre – apontando lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas…

Não é sábio permitir que os vícios dos outros nos importunem. 

Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora… Não se deixe contaminar por tudo aquilo que o rodeia… Assim, você estará vivendo como as flores!



Flores no Jardim de Deus - Jardim Fechado (2) | Eu Vos Escrevi



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

# Anjos Guardiães - Joanna de Ângelis #

                                                              Anjos Guardiães
     Os anjos guardiães são embaixadores de Deus, mantendo acesa a chama da fé nos corações e auxiliando os enfraquecidos na luta terrestre.
    Quais estrelas formosas, iluminam as noites das almas e atendem-lhes as necessidades com unção e devotamento inigualáveis.
   Perseveram ao lado dos seus tutelados em toda circunstância, jamais se impacientando ou os abandonando, mesmo quando eles, em desequilíbrio, vociferam e atiram-se aos despenhadeiros da alucinação.
     Vigilantes, utilizam-se de cada ensejo para instruir e educar, orientando com segurança na marcha de ascensão.
    Envolvem os pupilos em ternura incomum, mas não anuem com seus erros, admoestando com severidade quando necessário, a fim de lhes criarem hábitos saudáveis e conduta moral correta.
   São sábios e evoluídos, encontrando-se em perfeita sintonia com o pensamento divino, que buscam transmitir, de modo que as criaturas se integrem psiquicamente na harmonia geral que vige no Cosmo.
   Trabalham infatigavelmente pelo Bem, no qual confiam com absoluta fidelidade, infundindo coragem àqueles que protegem, mantendo a assistência em qualquer circunstância, na glória ou no fracasso, nos momentos de elevação moral e naqueloutros de perturbação e vulgaridade.
   Nunca censuram, porque a sua é a missão de edificar as almas no amor, preservando o livre-arbítrio de cada uma, levantando-as após a queda, e permanecendo leais até que alcancem a meta da sua evolução.
    Os anjos guardiães são lições vivas de amor, que nunca se cansam, porquanto aplicam milênios do tempo terrestre auxiliando aqueles que lhes são confiados, sem se imporem nem lhes entorpecerem a liberdade de escolha.
    Constituem a casta dos Espíritos Nobres que cooperam para o progresso da humanidade e da Terra, trabalhando com afinco para alcançar as metas que anelam.
    Cada criatura, no mundo, encontra-se vinculada a um anjo guardião, em quem pode e deve buscar inspiração, auscultando-o e deixando-se por ele conduzir em nome da Consciência Cósmica.
     Tem cuidado para que te não afastes psiquicamente do teu anjo guardião.
     Ele jamais se aparta do seu protegido, mas este, por presunção ou ignorância, rompe os laços de ligação emocional e mental, debandando da rota libertadora.
   Quando erres e experimentes a solidão, refaze o passo e busca-o pelo pensamento em oração, partindo de imediato para a ação edificante.
    Quando alcances as cumeadas do êxito, recorda-o, feliz com o teu sucesso, no entanto preservando-te do orgulho, dos perigos das facilidades terrestres.
     Na enfermidade, procura ouvi-lo interiormente sugerindo-te bom ânimo e equilíbrio.
     Na saúde, mantém o intercâmbio, canalizando tuas forças para as atividades enobrecedoras.
     Muitas vezes sentirás a tentação de desvairar, mudando de rumo. Mantém-te atento e supera a maléfica inspiração.
   O teu anjo guardião não poderá impedir que os Espíritos perturbadores se acerquem de ti, especialmente se atraídos pelos teus pensamentos e atos, em razão do teu passado, ou invejando as tuas realizações...          Todavia te induzirão ao amor, a fim de que te eleves e os ajudes, afastando-os do mal em que se comprazem.
     O teu anjo guardião é o teu mestre e amigo mais próximo.
      Imana-te a ele.
      Entre eles, os anjos guardiães e Deus, encontra-se Jesus, o Guia perfeito da humanidade.
     Medita nas Suas lições e busca seguir-Lhe as diretrizes, a fim de que o teu anjo guardião te conduza ao aprisco que Jesus levará ao Pai Amoroso.

Divaldo Pereira Franco- Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.