terça-feira, 23 de setembro de 2014

# Viktor Emil Frankl e a busca do sentido da vida.


O ex prisioneiro da Segunda Guerra nº 119.104 , FUNDADOR DA LOGOTERAPIA ,propõe a cura através do sentido.
Viktor Emil Frankl
( Viena , 26 de março de 1905 - 2 de setembro de 1997)
foi médico psiquiatra, psicólogo e filósofo, austríaco, fundador da escola da LOGOTERAPIA,
 que  estuda o sentido existencial do
 indivíduo e  a  dimensão espiritual da existência.
     A Logoterapia e Análise Existencial é um sistema teórico - prático criado pelo psiquiatra vienense Viktor Emil Frankl, que se tornou mundialmente conhecido a partir de seu livro "Em Busca de Sentido" (Um Psicólogo no Campo de Concentração) no qual expõe suas experiências nas prisões nazistas e lança as bases de sua teoria. A Análise Existencial de Viktor Emil Frankl é uma linha existencial-humanística que busca, a partir de sua antropologia, ter uma visão de homem em todas as suas dimensões.
   Segundo a teoria de Frankl a motivação básica do comportamento do indivíduo é uma busca pelo sentido para sua vida e que a finalidade da terapia psicológica deve ser ajuda-lo a encontrar esse significado particular. A liberdade do homem de escolher seu próprio destino e o caminho a seguir, em qualquer circunstância deve ser respeitada. De acordo com a logoterapia (Logos definido como "significado"), o desejo de encontrar um significado para sua vida é a motivação fundamental no ser humano. Para Frankl, a principal preocupação do homem é estabelecer e perseguir um objetivo, e é esta busca que é capaz de dar sentido à sua vida, fazendo para ele valer a pena viver, e não a satisfação de seus instintos e o alívio de tensões como sustenta a psicanálise ortodoxa. Não se trata, portanto, de um sentido para a vida em termos gerais, mas um sentido pessoal para a vida de cada indivíduo, que este escolhe, mas também pode criar.


Frases de Frankl : no livro - Em busca de sentido.

•" Ouso dizer que nada no mundo contribui tão efetivamente para a sobrevivência, mesmo nas piores condições, como saber que a vida da gente tem um sentido.
• O que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente. O que ele necessita não é a descarga de tensão a qualquer custo, mas antes o desafio de um sentido em potencial à espera de ser cumprido.
• O sentido de vida difere de pessoa para pessoa, de um dia para o outro, de uma hora para outra. O que importa, por conseguinte, não é o sentido da vida de um modo geral, mas antes o sentido específico da vida de uma pessoa em dado momento.
• O sentimento de falta de sentido cumpre um papel sempre crescente na etiologia da neurose.
• As pessoas têm o suficiente com o que viver, mas não têm nada por que viver; têm os meios, mas não têm o sentido.
• O niilismo não afirma que não existe nada, mas afirma que tudo é desprovido de sentido."

BIOGRAFIA DE VIKTOR EMIL FRANKL

1905
"Em 26 de março nasce Viktor Emil Frankl, em Viena, na rua Czerningasse, 6. Era o segundo de três filhos (antes dele, nasceu Walter August no dia 26 de julho 1902; depois dele, em 30 de abril de 1909, nasce Stella Josefine). A mãe, Elsa Lion, nasceu em Praga, no dia 8 de fevereiro de 1879; o pai Gabriel, no dia 28 de março de 1861, em Pohrlitz, no Sudmahren (Áustria/Hungria); foi Diretor do Ministério de Administração dos Negócios Sociais.
1914-1918
Durante a Primeira Guerra Mundial a família Frankl se encontrava em grande restrição econômica, ao ponto dos filhos terem que ir em fazendas, pedir pão e às vezes até roubar milho no campo.
1915-1923
Durante o ginásio, Frankl se interessou pelo estudo dos filósofos naturalistas, como Wilhelm Ostwald e Gustav Theodor Fechner e começou a freqüentar as aulas de psicologia aplicada na Universidade Popular, ocupando-se também da psicologia experimental. Neste período, entrou em contato com Sigmund Freud e a Psicanálise.
1921
É realizada a Primeira Conferência de Frankl sobre o tema: “O sentido da Vida”. No mesmo ano torna-se funcionário da Juventude Trabalhadora Socialista.
1923
Frankl realiza sua última prova referente ao segundo grau, tendo como tema “A Psicologia do Pensamento Filosófico” (Um estudo sobre o sentido psicanalítico de Arthur Schopenhauer). Surge a primeira publicação de Frankl no jornal “Der Tag’”, na coluna reservada aos jovens. Intensifica-se a correspondência com Sigmund Freud.
1924
Por um desejo explicito de Freud, Frankl publica no Internazionale Zeitschrift fur Psychoanalyse, um breve artigo: Zur mimischen Beja-hung und Verneinung. Neste mesmo ano Frankl incia o estudo da medicina e torna-se líder dos estudantes socialistas. Encontra-se pessoalmente com Sigmund Freud, mas logo sente-se influenciado pelas idéias de Alfred Adler.
1925
É publicado o artigo Psychotherapie und Weltanschauung no Internacional Zeitschrifit fur Individualpsychologie, onde se torna clara a delimitação existente entre a psicoterapia e a filosofia, a partir da visão do sentido e dos valores.
1926
Frankl ministra palestras públicas e apresenta-se em congressos, em Dusseldorf, Frankfurt e Berlim, no qual começa a elaboração dos conceitos da Logoterapia.
1927
Frankl organiza em Viena e em outras seis cidades os Centros de Aconselhamento Juvenil, onde os jovens em dificuldade eram atendidos gratuitamente. Psicólogos como Charlotte Buhler e Erwin Wexberg, e o anatomista e conselheiro da prefeitura de Viena, Julios Tandler, encorajam o projeto. Frankl funda e dirige a revista Der Mensch im Altag. Zeitschritf zur Verbreitung und Anwendung der Individualpsychologie. O relacionamento com Adler se rompe, estando Frankl ainda, sob a influência de Rudolf Allers e Osward Scharwarz (fundadores da medicina psicossomática). Frankl entusiasma-se com o livro de Max Scheler, Der Formalismus in der Ethik und die materiale Wertethik. Logo depois, é expulso da sociedade adleriana, fato que lhe causa grande surpresa. A filha de Adler (Alexandra), Rudolf Dreikurs e outras pessoas influentes permanecem ligadas a Frankl.
1930
Organiza uma ação extraordinária de prevenção ao suicídio, (que estava com índice altíssimo), resultando em enorme sucesso, pois não se constatou, ao final do ano letivo, nenhum caso de suicídio entre os estudantes. Seu trabalho tem ressonância positiva, no exterior. Wilhelm Reich o convida para ir a Berlim; as Universidades de Budapeste também o convidam para conferências. Frankl cria o primeiro curso sobre Higiene Psíquica, na Universidade Popular. Antes de concluir os seus estudos ele começa a trabalhar na repartição de Psicoterapia do Hospital Universitário, sob a supervisão de O. Pötzl. Logo após obter seu diploma, começa a trabalhar na Clínica Neurológica Am Rosenhügel.
1931-1932
Conclui sua formação neurológica e trabalha no Hospital Maria Theresien Schlossl, de Viena, supervisionado por J. Gerstmann.
1933-1937
Obtém a direção do “Pavilhão dos suicidas” no hospital psiquiátrico de Viena Am Steinhof, onde anualmente consegue acompanhar quase 3000 pacientes. Especializa-se em neurologia e psiquiatria, e passa a atuar em consultório particular. Entrada de Hitler na Áustria. No seu artigo Zur geistigen Problematik der Psychotherapie publicado no Zentralblatt fur Psychotherapie und ihre Grenzgebiete, Frankl fala pela primeira vez da Logoterapia e da análise existencial, de forma explícita e bem articulada. Não se utiliza do visto que o permitia residir nos EUA, preferindo ficar com os pais, já idosos.
1939-1942
Obtém a direção do setor de neurologia de Rothschildspital, onde são tratados apenas pacientes hebreus. Frankl coloca em perigo sua própria vida, sabotando um programa de eutanásia, autorizado pelos nazistas, para eliminar doentes psicóticos (hebreus), elaborando falsos diagnósticos no decorrer das perícias médicas. Publica nesta época alguns artigos em jornais semanais da Suíça, e começa a primeira edição do livro Arztliche Seelsorge.
1942
Casamento com Tilly Grosser. No mês de setembro foi feito prisioneiro e transportado com toda a família para o campo de concentração de Theresienstadt (Bohmen). Só a sua irmã Stella consegue exilar-se na Austrália. Seu irmão Walter e a esposa Elza, já haviam se tornado prisioneiros em Auschwitz, após tentativa de fuga, através da fronteira.
1943
Em 13 de fevereiro, em um dos barracões do campo de concentração de Theresienstadat, Frankl consegue aliviar o sofrimento do pai, contrabandeando e aplicando-he uma injeção de morfina, para reduzir suas dores provenientes de graves complicações pulmonares. Tal fato porém, não impede o falecimento do pai, que contava 82 anos de idade. Frankl atribui ao último gesto para com o pai todo o sentido por não ter ido para os Estados Unidos da América.
1944
Frankl chega em Auschwitz, seguido da mulher Tilly; ao ingressar é obrigado a abandonar um manuscrito de seu livro. Em 23 de outubro, no mesmo campo de concentração, morre sua mãe, na câmara de gás. Também em Auschwitz morre seu irmão. Em seguida, Frankl é transferido para Kaufering III e Terkheim (sucursal de Dachau). Naquela extrema condição de vida pode confirmar sua tese sobre o destino e a liberdade.
1945
No último campo de concentração em que esteve, Frankl adoece com febre tifóide e se mantém acordado à noite, tentando reconstruir estenograficamente o seu livro. Em 27 de abril conquista a liberdade e alguns meses depois volta para Viena, onde recebe a confirmação da morte da sua mulher.
1946
Frankl é nomeando diretor clinico da Policlínica Neurológica de Viena e mantém este cargo por 25 anos. Com a impressão de seu livro Artliche Seelsorge, Frankl se vê recompensado. Em nove dias escreve outro livro: Ein Psycholog erlebt das Konzentrationslager (Um Psicólogo no Campo de Concentração), que só na edição americana vendeu mais de nove milhões de cópias. Publicação de ... tretzdem Ja zum Leden sagen. Drei Vortrage.
1947
Frankl casa-se novamente, com Eleonore Katharina Schwindt e em dezembro nasce uma menina, que recebe o nome de Gabriele. Frankl publica uma obra particularmente significativa, rica de uma abundante casuística: Die Psychoterapie in der Praxis. Eine kasuistische Einfuhrung fur Arzte, além da Zeit und Verantwortung e Die Existenzanalyse und die Probleme der Zeit.
1948
Frankl especializa-se em neurologia e psiquiatria. Obtém o título de doutorado em filosofia, com uma dissertação sobre o tema: Der unbewuBte Gott. Psycotherapie und Religion (A Presença Ignorada de Deus). Livre docente de neurologia e psiquiatria na Universidade de Viena. Surgem as famosas Metaklinische Vorlesungen, publicadas pela editora Deuticke com o nome de Der unbedingte Mensch.
1949
Frankl funda a Osterreichische Arztegesellschaft fur Psychotherapie sendo o primeiro presidente. Como resultado das suas aulas escreve o livro Homo Patients. Versuch einer Pathodizee no qual evidencia um novo ponto nevrálgico da logoterapia: a consolação do homem que sofre. Durante as Salzburger Hochschulwochen propõe as suas 10 Thesen uber die Person (As Dez Crenças Sobre a Pessoa Humana).
1951
Lança o livro Logos und Existenz. Drei Vortrage, onde estão definidos os fundamentos antropológicos da logoterapia.
1952
Publicação do pequeno volume Die Psychotherapie im Alltag. Sieben Radiovortrage, e em colaboração com Otto Potz publica um estudo psicofisiológico sobre as condições psíquicas durante uma crise.
1954
As Universidades de Londres, Holanda e Buenos Aires o convidam a proferir palestras. Gordon Allport se mobiliza e leva-o aos Estados Unidos, auxiliando na tradução dos seus livros.
1955
Publicação de Pathologie des Zeitgeistes. Rundfunkvortrage uber Seelenheilkunde. Professor na Universidade de Viena, Frankl começa a ensinar em numerosas outras Universidades como professor visitante. Surge nos EUA The doctor and the Soul. From Psychotherapy to Logotherapy (tradução de Arttliche Seelsorge).
1956
Frankl explica no livro Theorie und Therapie der Neurosen a sua doutrina sobre as neuroses.
1959
A melhor sistematização do seu ensinamento aparece no capítulo: GrundriB der Existenzanalyse und Logotherapie dell’Handbuch der Neurosenlehre und Psychotherapie, editado junto a Von Gebsattel e Schultz, em cinco volumes sobre os campos de concentração, com o título From Death-Camp to Existentialism. A Psychiatrists Path to a New Therapy.
1961
Professor convidado na Universidade de Harvard em Cambridge (USA).
1963
Enriquecido de uma segunda parte, completamente nova, é publicado nos Estados Unidos um volume sobre campos de concentração com o titulo Man’s Search for Meaning. An Introduction to Logotherapy (Em Busca de Sentido e Introdução à Logoterapia).
1966
Professor convidado na Southern Methodist University em Dallas (USA)
1967
É publicada, nos Estados Unidos, uma coleção de artigos originais em inglês com o titulo Psychotherapy and Existencialisin. Selected Papers on Logotherapy (Psicoterapia e Existencialismo).
1970
Em San Diego, Califórnia, na United States Internacional University, é inaugurada uma disciplina de Logoterapia e é fundado o Primeiro Instituto de Logoterapia do mundo. Frankl recebe o título de Doutor Honoris Causa, na Loyola University de Chicago e na Edgecliffe College em Cincinnati.
1971
Publicação de Psychotherapie Fur den Altag. Rundfunkvortrage uber Seeleheilkunde.
1972
Professor convidado na Duquesne University, em Pittsburgh (USA). Doutor Honoris Causa na Rockford Collegem em Illinois (USA). São publicadas as edições Der Wille zum Sinn. Ausgewahlte Vortrage uber Logotherapie e Der Mensch auf der Suche nach Sinn. Zur Rehumanisierung der Psychotherapie. Na Califórnia, Frankl recebe aulas de vôo e obtém o brevê (autorização) para pilotar.
1975
Publicação de Der leidende Mensch. Anthropologische Grundlagen der Psychotherapy. Nos Estados Unidos enriquecido de uma segunda parte, é lançado The Unconscious God. Psychotherapy and Theology (O Inconsciente Espiritual – Psicoterapia e Teoologia).
1977
Frankl publica Das Leiden am sinnlosen Leben. Psychotherapie fur heute e... trotzdem Ja zum Leben sagen. Ein Psychologe erlebt das Konzentrationslager.
1978
Publicação nos Estados Unidos do volume em língua inglesa The Unheard Cry for Meaning. Psychotherapy and Humanism.
1979
Com apresentação de Konrad Lorenz aparece Der Mensch vor der Frage nach dem Sinn. Eine Auswahl aus dem Gesemtwerk.
1981
Publicação de Die Sinnfrage in der Psychotherapie.
1984
Doutor Honoris Causa, na Mount Mary College (Wisconsin-USA); na Universidade do Rio Grande do Sul, no Brasil; na Universidade Andres Bello de Caracas e na Universidade do Sul América. Frankl visita o Brasil (Porto Alegre-RS) e preside o Primeiro Congresso Latino-Americano de Humanismo.
1985
Doutor Honoris Causa na Universidade de Buenos Aires (Argentina) e na Universidade Francisco Marroquin, na Guatemala.
1986
Doutor Honoris Causa na Universidade de Viena (Áustria), na Universidade Nacional de Cuyo, Argentina, na Universidade Nacional de San Luís e na Universidade de Aconcágua, Argentina.
1987
Publicação de Logotherapie und Existenzanalyse. Texte aus funf Jahrzehnten.
1988
Na ocasião do qüinquagésimo aniversário da invasão de Hitler, na Europa, Frankl recebe uma grande homenagem, na praça ao redor de Rathauslatz. Doutor Honoris causa na Universidade de Haifa, Israel.
1989
Doutor Honoris Causa na Internacionale Akademie fur Philosophie do Liechtenstein e na Universidade de Kopenhagen.
1990
Doutor Honoris Causa na Universidade de Pretória, na África do Sul.
1991
Doutor Honoris Causa na Universidade Gabriela Mistral, de Santiago do Chile e na Universidade de Santa Clara, Califórnia.
1992
Em Viena é fundado o Viktor-Frankl-Institut, tendo na presidência altas personalidades do mundo acadêmico internacional (Herbert Hunger, Giselher Guttmann, Franz Vesely, Eugênio Fizzotti) e membros da família Frankl (Gabriele Frankl, Eleonore Frankl, Katharina Vesely). Participam do comitê cientifico Javier Estrada, Robin Goodenough, David Guttmann, Dmitry Leontiev, Elisabeth Lukas, Hiroshi Takashima. Publicação de Bergerlebnis und Sinnerfahrung, no qual Frankl descreve a sua experiência de alpinista. Doutor Honoris Causa na Universidade de Ljubljana.
1994
Doutor Honoris Causa na Universidade de Praga, na Universidade de Lublin e na Universidade de Salisburgo.
1995
Publicação da autobiografia: Was nicht in meinen Buchern steht. Concessão de cidadania honorária da cidade de Viena. Grande Medalha de Ouro da Republica Austríaca Grande Medalha do Conselho Austríaco de medicina.
1996
Doutor Honoris Causa na Universidade Semmelweis, de Budapeste.
1997
Publicação de Man’s Search for Ultimate Meaning. Doutor Honoris Causa na Ohio State University de Columbus (USA). Medalha Medicus Magnus e Estrela de Ouro internacional pelos serviços prestados à humanidade, conferido pela Academia Médica Polonesa. Viktor Frankl falece em dois de setembro, devido a complicações cardíacas, aos 92 anos de uma vida plena de sentido. É sepultado no dia seguinte, em reunião íntima, no antigo setor hebraico do Zentralfriedhof (Porta 11, grupo 76b, fila 23, n.27)."

Fonte da Biografia: Associação de Logoterapia Viktor E Frankl.

sábado, 20 de setembro de 2014

# POESIA CONCRETA # BERLIN





              DB
                 E
RemembeR
                 L
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                 N

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                  L             B
                   in  my lifE                                                                              R 
                                  L                                   
                                   inininininininninininininini


Jane.
Brincando um pouco com palavras e sentimentos.



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Qual é a verdade do sujeito ????!!!!!???


?

   
Uma epistemologia psicológica significaria uma “psicologia do conhecimento em geral” .
  A questão é : Esta psicologia do conhecimento , é válida, em quais condições ? Quem garante sua veracidade?
  O critério de verdade é a prática da teoria, não como teoria “aplicada”, mas como uma prática teorizada . 
     O modo como a teoria se dinamiza e é inovada, como esta se pratica sem se imobilizar e se repetir é que vai constituir a qualidade de sua condição epistemológica.
  Achamos que o problema central da epistemologia psicológica, é questão da explicação. A questão se coloca em dois níveis , vai explicar ou descrever ? Ela procura as causas ou o estabelecimento das leis ?
  Sabemos que o positivismo rejeitou como metafísica a procura das causas. O pensamento científico não o seguiu, porque constantemente faz uso da causalidade racional, que nada tem de metafísico.. pode-se igualmente pretendê-lo como ciência, a busca da causalidade racional ? Não será a natureza de seu objeto, a atual insuficiência de seus conhecimentos sobre ele, que lhe interdita provisoriamente o acesso à explicação causal?
  O trabalho científico , em psicologia como em outras áreas , é uma passagem contínua da busca de leis às hipóteses explicativas.
  O pesquisador da psique , que procura explicações para o comportamento humano, encontra sempre obstáculos, indiferenças, hostilidades, quando se deparam com a natureza humana inerentemente misteriosa e imponderável....
  Com Freud , com suas teorias, temos o descentramento da razão e da consciência, que eram lugares sagrados, e descentraliza-se também a ênfase dada a razão pelo cartesianismo.
  O lugar que a psicanálise ocupa, é exatamente o de nenhum lugar preexistente. A psicanálise faz um corte com o saber existente e produz o seu próprio lugar. Ela inaugura um espaço onde o homem pode falar de sua singularidade com outro homem, situação esta que só havia nas instituições de confessionários religiosos, onde o homem falava com um “missionário de Deus” , e não com um Outro igual a ele, mesmo que este ocupe o lugar do suposto saber, mas é mais próximo, mais carnal.
    A psicanálise instaura o lugar da escuta, como processo terapêutico.
  Segundo Garcia-Roza, uma mudança significativa operada pela psicanálise , foi o descentramento do sujeito. A questão do desejo era visto pelos cartesianos como perturbação da Ordem.
   A psicanálise não vai tratar a questão do sujeito da verdade, mas a questão da verdade do sujeito. Ela vai inquirir por que esse sujeito desejante foi recusado pelo racionalismo .
  Lacan , fazendo uma inversão da famosa frase de Descartes, “Penso logo existo” , onde ele objetivava mostrar a unidade do sujeito , que é contraposta por Lacan , quando diz: Penso onde não sou, portanto sou onde não me penso. A psicanálise aponta para um sujeito dividido, com subjetividade, com consciente e inconsciente.
  O inconsciente é irredutível. Esta irredutibilidade não se atribui a uma irracionalidade do inconsciente.
 A grande proposta da psicanálise é explicar a lógica do inconsciente, verificar o que o desejo deste indivíduo visa, quais são suas demandas, seu objeto eternamente faltante, levar o sujeito a interpretar os seus desejos( entender este arranjo de significantes), e quem convoca de fato a interpretar seu desejo é o OUTRO, levar o sujeito a ver suas fantasias que são o suporte do desejo, ver suas angústias ( presença da causa do desejo ).
  No que se trata do inconsciente, Freud nos diz que seu núcleo consiste em representantes pulsionais que procuram descarregar sua catexia; isto é, consiste em impulsos carregados de desejos.No inconsciente não há lugar para a negação, esta só vai surgir pelo trabalho da censura na fronteira entre o sistemas Ics e o Pcs/Cs.
  Para Lacan, “ a linguagem é condição do inconsciente...O inconsciente é a implicação lógica da linguagem: com efeito, não há inconsciente sem linguagem.Como dar conta deste inconsciente , de decodificar esta linguagem misteriosa, cheia de labirintos ?
  Por certo, este acesso ao inconsciente , acontecerá ao nosso ver , sob vários aspectos: se houver uma boa escuta, se estiver presente neste momento, neste lugar que o paciente o colocou; se ele se ”afetar” de fato pelo sujeito e deixar o sujeito ser afetado ; deixar o sujeito surgir , acolhendo-o como sujeito, adentrar-se no aprofundamento do método analítico.....
  O que de fato importa é a história deste sujeito desejante, onde o terapeuta com seu método e humanidade será capaz de fazer o desvendamento deste grande enigma que é o homem, que é o seu inconsciente, que é a sua linguagem na visão do Lacan.

 Jane.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

# Rainer Maria Rilke, O HOMEM QUE LÊ - - "O Livro das Imagens"


Menina lendo, 1957- Boris Anatolyevich Sholokho (Rússia,1919 – 2003)




A Leitora de  Federico Faruffini e Jovem Rapaz Lendo à Luz de Vela por Mathias Stomer

                                  O HOMEM QUE LÊ 

Eu lia há muito. Desde que esta tarde 
com o seu ruído de chuva chegou às janelas. 
Abstraí-me do vento lá fora: 
o meu livro era difícil. 
Olhei as suas páginas como rostos 
que se ensombram pela profunda reflexão 
e em redor da minha leitura parava o tempo. —  
De repente sobre as páginas lançou-se uma luz 
e em vez da tímida confusão de palavras 
estava: tarde, tarde… em todas elas. 
Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já 
as longas linhas, e as palavras rolam 
dos seus fios, para onde elas querem. 
Então sei: sobre os jardins 
transbordantes, radiantes, abriram-se os céus; 
o sol deve ter surgido de novo. — 
E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança: 
o que está disperso ordena-se em poucos grupos, 
obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas 
e estranhamente longe, como se significasse algo mais, 
ouve-se o pouco que ainda acontece.

E quando agora levantar os olhos deste livro, 
nada será estranho, tudo grande. 
Aí fora existe o que vivo dentro de mim 
e aqui e mais além nada tem fronteiras; 
apenas me entreteço mais ainda com ele 
quando o meu olhar se adapta às coisas 
e à grave simplicidade das multidões, — 
então a terra cresce acima de si mesma. 
E parece que abarca todo o céu: 
a primeira estrela é como a última casa.
“O Homem que Lê”, Rainer Maria Rilke. In: O Livro das Imagens. Tradução de Maria João Costa Pereira
Rainer Maria Rilke, por vezes também Rainer Maria von Rilke  , NASCEU EM  PRAGA , 04 DE DEZEMBRO DE 1875 - FALECEU   NA SUÍÇA , VALMONT, EM 29 DE DEZEMBRO DE 1926.            Senhora Lendo na Floresta de           Gyula Benczúr; Um Bom Livro por              Ludovico Marchetti e Jovem                 Lendo de Asta Nörregaard.

Homem Lendo de Van Gogh e Velha Senhora Lendo por Gerard Dou