terça-feira, 15 de novembro de 2022

#FERREIRA GULLAR. Poema sujo

 

No dia da Proclamação da República, aqui no Brasil, 15 de novembro, minha homenagem a esse grande brasileiro, Ferreira Gullar.

   Um dos grandes nomes da poesia concreta brasileira, a quem tenho enorme admiração o maranhense Ferreira Gullar recebeu o importante Prêmio Camões em 2010 e, quatro anos mais tarde, se elegeu membro da Academia Brasileira de Letras.

Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo. 
Nascimento: 10 de setembro de 1930, São Luís , Maranhão / Brasil
Falecimento: 4 de dezembro de 2016, Rio de Janeiro/ Brasil

Os seus versos, engajados, foram fundamentais para denunciarem a situação política e social brasileira. 

Poema sujo, escrito enquanto estava exilado em Buenos Aires durante a ditadura militar, é a sua produção poética mais conhecida, relembre um pequeno trecho abaixo:

Mas sobretudo meu
                      corpo
                      nordestino
         mais que isso
                      maranhense
         mais que isso
                      sanluisense
         mais que isso
                      ferreirense
                      newtoniense
                      alzirense
meu corpo nascido numa porta-e-janela da Rua dos Prazeres
                      ao lado de uma padaria
                      sob o signo de Virgo
                      sob as balas do 24o BC
                      Na revolução de 30
e que desde então segue pulsando como um relógio
                      num tic tac que não se ouve
(senão quando se cola o ouvido à altura do meu coração)
                      tic tac tic tac
enquanto vou entre automóveis e ônibus
                      entre vitrinas de roupas
                      nas livrarias
                      nos bares
                      tic tac tic tac
pulsando há 45 anos

                    esse coração oculto

pulsando no meio da noite, da neve, da chuva
debaixo da capa, do paletó, da camisa
debaixo da pele, da carne,
combatente clandestino aliado da classe operária
                      meu coração de menino