domingo, 31 de outubro de 2021

#ARISTÓTELES -SILOGISMO E EDUCAÇÃO - PARTE II

       

     Platão e Aristóteles em recorte do plano central da Escola de Atenas, pintura renascentista de Rafael Sanzio.

    Lá em Atenas do século IV a.C. haviam duas instituições de ensino para os jovens que buscavam uma formação superior que permitisse exercer uma atividade pública. Do lado dos sofistas, Isócrates propunha capacitar o aluno a emitir opiniões prováveis sobre coisas úteis.
    Contrário a esta proposta, Platão ensinava os fundamentos para a ação como investigação científica, com enfoque nos estudos matemáticas. Aristóteles optou pela Academia de Platão, que entendia a atividade humana correta quando sustentada por uma episteme (ciência), fundamentos da realidade de uma determinada ação, muito distante das decisões baseadas em opiniões.

    Segundo Aristóteles, a educação é fundamental, uma vez que desenvolve a segurança e a saúde do Estado. Assim, a educação, para ele, tem por fim a cidade perfeita e o cidadão feliz.
 

    Já havia aquela época  uma relação entre política e educação na Grécia antiga.

   Na Política de Aristóteles, o homem é definido como um ser cível que é por natureza levado a viver em sociedade. O homem só terá vida plena se inserido em uma cidade-Estado, pois essa é condição indispensável para sua existência.

        A Pólis é um organismo vivo, cujo fim é assegurar as necessidades materiais para a sobrevivência do homem e uma vida intelectual melhor.

     Logo, todo indivíduo possui seu fim último ligado à Pólis, visto ser no interior desta que serão determinadas as suas atividades.

    Existe uma unidade orgânica entre a natureza política do indivíduo e o Estado e consequentemente  isto reflete na  EDUCAÇÃO de seu povo.

   Grande parte da obra que originou o legado aristotélico se desenvolveu em oposição à filosofia de Platão, seu mestre e fundador da Academia ateniense, que Aristóteles frequentou durante duas décadas. Posteriormente, ele fundaria uma escola própria, o Liceu. 

    Uma das duas grandes inovações de Aristóteles em relação ao antecessor Platão, foi negar a existência de um mundo supra-real, onde residiriam as idéias. 

    Para Aristóteles, ao contrário, o mundo que percebemos é suficiente, e nele a perfeição está ao alcance de todos os homens. A oposição entre os dois filósofos gregos - ou entre a supremacia das idéias (idealismo) ou das coisas (realismo) - marcaria para sempre o pensamento ocidental.

    Aristóteles acreditava que educar para a virtude era também um modo de educar para viver bem.

      Para Aristóteles, em seu método o silogismo apresenta três principais características: mediado, dedutivo e necessário. A mediação se faz presente porque utiliza o raciocínio para a compreensão do plano real.   
   A dedução, por sua vez, parte de preposições universais para alcançar outras premissas verdadeiras. Já a necessidade estabelece uma ligação entre as premissas.

   Silogismo, que tem origem na palavra grega syllogismos (“conclusão” ou “inferência”), é uma forma de raciocínio baseada na dedução. Esta linha de pensamento, criada pelo filósofo Aristóteles, utiliza duas preposições iniciais para se chegar a uma terceira, que no caso é a conclusão. Em contrapartida  a  falácia  é conhecida como o “falso silogismo”, pois caracteriza-se por uma falha no raciocínio.

   Além dessas propriedades, é formado por termos que compõem três proposições distintas:


  • Primeira premissa: chamada de premissa maior, funciona como uma afirmação geral. É constituída pelo termo maior e o termo médio.
  • Segunda premissa: definida como premissa menor, é uma afirmação específica. Inclui o termo médio e o termo menor.
  • Conclusão: determina a relação lógica entre as duas premissas anteriores, pois elas servem de evidência. E, por isso, engloba os termos maior e menor. 

 Exemplo: 


“Todos os homens são mortais. (Premissa maior)
 Sócrates é homem. (Premissa menor)
 Logo, Sócrates é mortal.” (Conclusão)

      Concluindo brevemente, segundo Aristóteles, a educação é fundamental, uma vez que desenvolve a segurança e a saúde do Estado. Assim, a educação, para ele, tem por fim a cidade perfeita e o cidadão feliz.

    Que fizemos com a  noção de Educação do século IV Antes de Cristo na  proposta  de  Aristóteles  até hoje ...
🙈🙉🙊

   Naturalmente muitos outros educadores, pensadores da educação trouxeram suas contribuições, novos saberes, mas as ideologias e interesses de uma  educação de massa no Brasil criou raízes em detrimento do florescer do SABER criativo, emancipatório, libertador, que foi perdendo espaço,  apesar da resistência e grandes esforços dos sindicatos da educação,  mobilização da sociedade civil em busca de boa educação entre outras organizações políticas, Organização Sociedade Civil, entidades filantrópicas.... de visão libertária,  continuam na luta PRÓ EDUCAÇÃO DE QUALIDADE , SALÁRIOS DIGNOS PARA OS PROFESSORES, ESCOLAS E UNIVERSIDADES  EM BOM ESTADO DE  CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO EM SUAS INSTALAÇÕES FÍSICAS, LABORATÓRIOS PARA PESQUISAS EQUIPADOS E MAIS  VERBAS PARA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA JÁ !!!!!
     Concluo com essa estatística abaixo, mas creio que as subnotificações são imensas,  até pelas dimensões continentais de nosso país, e outras questões a mais. 
    Quem sabe não cheguemos de fato perto de 15 milhões de iletrados 
...... será 
     O Brasil tem 11 milhões de analfabetos, aponta IBGE. (2020) 

     Tendo em vista que a população brasileira está em 213,3 milhões de habitantes, data de referência julho 2021, segundo a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
     É importante ressaltar que o analfabetismo cresce à medida que se coloca uma lupa sobre os grupos de pessoas mais velhas, as desigualdades sociais e a falta de políticas públicas voltadas para PNE (Plano Nacional de Educação)  como  mostram os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) dados de 2020:
.  Taxa é de 6,6% para brasileiros com 15 anos ou mais
.  Taxa de 7,9% para a população com 25 anos ou mais
.  Taxa de  11,1% para aqueles com 40 anos ou mais
 . Taxa de 18% entre os brasileiros com mais de 60 anos.

Plagiando o querido Aristóteles, faço meu singelo Silogismo :

Todos os homens tem direito à Educação.
Eu sou  humano.
Logo, eu sou  sujeito de direito à Educação.


   Jane




quinta-feira, 28 de outubro de 2021

# A EDUCAÇÃO NO BRASIL E SEUS PARADOXOS- PARTE I

        


     Pensando um pouco na Educação, nada mais prazeroso que  se emocionar, concordar e sonhar com momentos melhores na Educação brasileira.  As leituras de Edgar Morin, Paulo Freire, Isabel Batista ( Pedagogia da Hospitalidade) , Xésus Jares ( Pedagogia da convivência)  e Moacir Gadotti ,nos direcionam a refletir na complexidade envolvida e no incômodo que nos causa ver o desrespeito a este valor que ultrapassa as verbas governamentais, passa pelas desigualdades sociais que nos revelam que há uma necessidade de movimento pró cultura que precisa mudar paradigmas, para que possamos reinvindicar uma Educação digna, de qualidade para todos os brasileiros.   

       Para Morin, a complexidade  é uma palavra-problema e não uma palavra-solução,  surge   lá onde o pensamento simplificado falha, mas ela integra em si tudo o que põe ordem, clareza, distinção, precisão no conhecimento. Enquanto o pensamento simples controla o real, trata-se de exercer um pensamento capaz de lidar com o real, de com ele dialogar e negociar.

     Edgar Morin,  vê o mundo como um todo indissociável e propõe uma abordagem multidisciplinar e multirreferenciada para a construção do conhecimento. Contrapõe-se à causalidade linear por abordar os fenômenos como totalidade orgânica.

        Conclui então que, enquanto o pensamento simplificador desintegra a complexidade do real, o pensamento complexo integra o mais possível os modos simplificados de pensar, mas RECUSA as consequências mutiladoras, redutoras, unidimensionais e finalmente ofuscantes de uma simplificação que se considera REFLEXO do que há de real na realidade.

    O que "vemos " no real, em especial, na pós modernidade, são esteriótipos do que deveria ser educar,  para que educar e para quem? O saber esta restrito e preso em camisa de força, fechado a diálogos com a sociedade, revestido de dogmas que querem uniformizar a subjetividade do sujeito.

     Estamos vivendo momento de fenômenos insólitos. Tudo se torna descartável, fugaz, dando espaço para um individualismo que adoece o sujeito e contamina toda Rede Social.

     Gadotti, salienta que o conhecimento tem presença garantida em qualquer projeção que se faça sobre o futuro; contudo os sistemas educacionais ainda não conseguiram avaliar  de maneira satisfatória o impacto das tecnologias da informação sobre a Educação.

     Logo será preciso trabalhar em dois tempos: O tempo do passado e o tempo do futuro. Fazendo de tudo para superar as condições de atraso e. ao mesmo tempo, criando condições para aproveitar  as novas possibilidades que surgem através desses novos espaços de conhecimento.

     O grande desafio hoje é a nossa imersão neste caldo cultural, que nos desafia a escolhas, pois as ofertas são tantas... seguir o roldão da colonização, celebração do consumo como respostas fictícias aos nossos anseios existenciais, do vir- a ser ou nos colocarmos como observadores atentos, críticos, do que nos ronda, para tentarmos compreender as mudanças e transformações sociais, culturais, políticas com vista a subjetividade. Valorizando a Educação pelo encontro com o outro, onde haja troca e convivência,  e que floresça com o grupo e pelo grupo , sem imposições .

    Neste espaço brota a autonomia, que é um processo dialético de construção da subjetividade individual, que depende das relações interpessoais desenvolvidas no espaço vivencial.

    Paulo Freire, assevera que a construção da autonomia precisa estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer em experiências respeitosas da liberdade, que mediadas pelo diálogo, que é uma exigência existencial, possibilita a problematização do senso comum, das ingenuidades, tanto do educando quanto do educador.

       Contextualizando, de acordo com projeção da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2019, ao menos 1,5 milhão de crianças e adolescentes estão fora da escola no Brasil. Muitos são os fatores que contribuem para o abandono e a evasão, sempre articulados às desigualdades estruturais de nosso país. Enquanto, por exemplo, apenas 12,5% dos jovens brancos de 15 a 17 anos estão fora da escola, entre os jovens negros esse índice chega a 19%. Dessa forma, é importante compreender de que maneira as barreiras socioeconômicas, bem como as desigualdades de gênero e raça, constituem desafios à democratização do acesso à educação e quais estratégias são mais eficazes no seu enfrentamento.

      Um estudo elaborado pelo IMD World Competitiveness Center comparou a prosperidade e a competitividade de 64 nações, em uma pesquisa que analisou como está o ambiente econômico e social do país para gerar inovação e se destacar no cenário global.
     No geral, o Brasil caiu uma posição em relação a 2019, após quatro anos seguidos de avanços – de acordo com a entidade, isso aconteceu por conta da entrada de um país a mais na lista deste ano (a africana Botsuana, em 61ª).
     No eixo que avalia a educação, o Brasil teve a pior avaliação entre as nações analisadas, alcançando a 64ª posição. Entre outros fatores, o resultado nesse quesito se explica pelo mau desempenho do país no que diz respeito aos gastos público totais em educação. Segundo a pesquisa, quando avaliado em termos per capita, o mundo investe em média US$ 6.873 (cerca de R$ 34,5 mil) por estudante anualmente, enquanto o Brasil aplica apenas US$ 2.110 (R$ 10,6 aproximadamente).*

     Hoje com a pandemia covid19 ainda temos uma evasão escolar  absurda, só  no primeiro ano da pandemia do coronavírus, mais de 172 mil alunos, entre seis e 17 anos, abandonaram ou deixaram de frequentar a escola no Brasil.

   Segundo reportagem do Sindicato Nacional dos docentes das instituições de ensino superior, em seu site ANDES: Parlamentares aprovaram na noite dessa quinta-feira (25 de março 2021), em sessão do Congresso Nacional, Orçamento para 2021. Em meio ao pior momento da pandemia de Covid-19, os recursos destinados para a saúde sofreram corte de mais de R$ 34 bilhões em relação ao gasto no ano anterior. O montante aprovado foi de R$ R$ 125,7 bilhões. Em 2020, o valor executado com a área foi de R$ 160 bilhões.

    Já o orçamento destinado à Educação sofreu corte de 27% em relação ao ano passado, ficando em R$ 74,56 bilhões. A área de Ciência e Tecnologia sofreu corte ainda maior, com diminuição de 28,7% em relação aos recursos executados em 2020, ficando com apenas R$ 8,36 bilhões. 

                         Então, com estes números tão assustadores, só penso agora na POESIA de CAZUZA.   Até a Parte II !!

Jane

Brasil
Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha
Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim
Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer
Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada
Prá só dizer sim, sim
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim
Grande pátria
Desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim
Confia em mim


*Fonte : https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/educacao-brasileira-esta-em-ultimo-lugar-em-ranking-de-competitividade/

terça-feira, 26 de outubro de 2021

#ENVELHECER - Poesia - Albert Camus

 Envelhecer

                                

Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.

A idade madura é aquela

na qual ainda se é jovem,

porém com muito mais esforço.

O que mais me atormenta

em relação às tolices de minha juventude,

não é havê-las cometido…

é sim não poder voltar a cometê-las.

Envelhecer é passar da paixão

para a compaixão. 

Muitas pessoas não chegam aos oitenta

porque perdem muito tempo

tentando ficar nos quarenta.

Aos vinte anos reina o desejo,

aos trinta reina a razão,

aos quarenta o juízo.

O que não é belo aos vinte,

forte aos trinta,

rico aos quarenta,

nem sábio aos cinquenta,

nunca será nem belo,

nem forte,

nem rico,

nem sábio…

Quando se passa dos sessenta,

são poucas as coisas que nos parecem absurdas.

Os jovens pensam que os velhos são bobos;

os velhos sabem que os jovens o são.

A maturidade do homem

é voltar a encontrar a serenidade

como aquela que se usufruía

quando se era menino.

Nada passa mais depressa que os anos.

Quando era jovem dizia:

“verás quando tiver cinquenta anos”.

Tenho cinquenta anos

e não estou vendo nada.

Nos olhos dos jovens arde a chama,

nos olhos dos velhos brilha a luz.

A iniciativa da juventude

vale tanto quanto a experiência dos velhos. 

Sempre há um menino em todos os homens.

A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente.

Os jovens andam em grupo,

os adultos em pares

e os velhos andam sós.

Feliz é quem foi jovem em sua juventude

e feliz é quem foi sábio em sua velhice.

Todos desejamos chegar à velhice

e todos negamos que tenhamos chegado.

Não entendo isso dos anos:

que, todavia, é bom vivê-los, mas

não tê-los.