sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Qual é a verdade do sujeito ????!!!!!???


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Uma epistemologia psicológica significaria uma “psicologia do conhecimento em geral” .
  A questão é : Esta psicologia do conhecimento , é válida, em quais condições ? Quem garante sua veracidade?
  O critério de verdade é a prática da teoria, não como teoria “aplicada”, mas como uma prática teorizada . 
     O modo como a teoria se dinamiza e é inovada, como esta se pratica sem se imobilizar e se repetir é que vai constituir a qualidade de sua condição epistemológica.
  Achamos que o problema central da epistemologia psicológica, é questão da explicação. A questão se coloca em dois níveis , vai explicar ou descrever ? Ela procura as causas ou o estabelecimento das leis ?
  Sabemos que o positivismo rejeitou como metafísica a procura das causas. O pensamento científico não o seguiu, porque constantemente faz uso da causalidade racional, que nada tem de metafísico.. pode-se igualmente pretendê-lo como ciência, a busca da causalidade racional ? Não será a natureza de seu objeto, a atual insuficiência de seus conhecimentos sobre ele, que lhe interdita provisoriamente o acesso à explicação causal?
  O trabalho científico , em psicologia como em outras áreas , é uma passagem contínua da busca de leis às hipóteses explicativas.
  O pesquisador da psique , que procura explicações para o comportamento humano, encontra sempre obstáculos, indiferenças, hostilidades, quando se deparam com a natureza humana inerentemente misteriosa e imponderável....
  Com Freud , com suas teorias, temos o descentramento da razão e da consciência, que eram lugares sagrados, e descentraliza-se também a ênfase dada a razão pelo cartesianismo.
  O lugar que a psicanálise ocupa, é exatamente o de nenhum lugar preexistente. A psicanálise faz um corte com o saber existente e produz o seu próprio lugar. Ela inaugura um espaço onde o homem pode falar de sua singularidade com outro homem, situação esta que só havia nas instituições de confessionários religiosos, onde o homem falava com um “missionário de Deus” , e não com um Outro igual a ele, mesmo que este ocupe o lugar do suposto saber, mas é mais próximo, mais carnal.
    A psicanálise instaura o lugar da escuta, como processo terapêutico.
  Segundo Garcia-Roza, uma mudança significativa operada pela psicanálise , foi o descentramento do sujeito. A questão do desejo era visto pelos cartesianos como perturbação da Ordem.
   A psicanálise não vai tratar a questão do sujeito da verdade, mas a questão da verdade do sujeito. Ela vai inquirir por que esse sujeito desejante foi recusado pelo racionalismo .
  Lacan , fazendo uma inversão da famosa frase de Descartes, “Penso logo existo” , onde ele objetivava mostrar a unidade do sujeito , que é contraposta por Lacan , quando diz: Penso onde não sou, portanto sou onde não me penso. A psicanálise aponta para um sujeito dividido, com subjetividade, com consciente e inconsciente.
  O inconsciente é irredutível. Esta irredutibilidade não se atribui a uma irracionalidade do inconsciente.
 A grande proposta da psicanálise é explicar a lógica do inconsciente, verificar o que o desejo deste indivíduo visa, quais são suas demandas, seu objeto eternamente faltante, levar o sujeito a interpretar os seus desejos( entender este arranjo de significantes), e quem convoca de fato a interpretar seu desejo é o OUTRO, levar o sujeito a ver suas fantasias que são o suporte do desejo, ver suas angústias ( presença da causa do desejo ).
  No que se trata do inconsciente, Freud nos diz que seu núcleo consiste em representantes pulsionais que procuram descarregar sua catexia; isto é, consiste em impulsos carregados de desejos.No inconsciente não há lugar para a negação, esta só vai surgir pelo trabalho da censura na fronteira entre o sistemas Ics e o Pcs/Cs.
  Para Lacan, “ a linguagem é condição do inconsciente...O inconsciente é a implicação lógica da linguagem: com efeito, não há inconsciente sem linguagem.Como dar conta deste inconsciente , de decodificar esta linguagem misteriosa, cheia de labirintos ?
  Por certo, este acesso ao inconsciente , acontecerá ao nosso ver , sob vários aspectos: se houver uma boa escuta, se estiver presente neste momento, neste lugar que o paciente o colocou; se ele se ”afetar” de fato pelo sujeito e deixar o sujeito ser afetado ; deixar o sujeito surgir , acolhendo-o como sujeito, adentrar-se no aprofundamento do método analítico.....
  O que de fato importa é a história deste sujeito desejante, onde o terapeuta com seu método e humanidade será capaz de fazer o desvendamento deste grande enigma que é o homem, que é o seu inconsciente, que é a sua linguagem na visão do Lacan.

 Jane.

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