No dia da Proclamação da República, aqui no Brasil, 15 de novembro, minha homenagem a esse grande brasileiro, Ferreira Gullar.
Um dos grandes nomes da poesia concreta brasileira, a quem tenho enorme admiração o maranhense Ferreira Gullar recebeu o importante Prêmio Camões em 2010 e, quatro anos mais tarde, se elegeu membro da Academia Brasileira de Letras.
Nascimento: 10 de setembro de 1930, São Luís , Maranhão / Brasil
Falecimento: 4 de dezembro de 2016, Rio de Janeiro/ Brasil
Os seus versos, engajados, foram fundamentais para denunciarem a situação política e social brasileira.
O Poema sujo, escrito enquanto estava exilado em Buenos Aires durante a ditadura militar, é a sua produção poética mais conhecida, relembre um pequeno trecho abaixo:
Mas sobretudo meu
corponordestino
mais que isso
maranhense
mais que isso
sanluisense
mais que isso
ferreirense
newtoniense
alzirense
meu corpo nascido numa porta-e-janela da Rua dos Prazeres
ao lado de uma padaria
sob o signo de Virgo
sob as balas do 24o BC
Na revolução de 30
e que desde então segue pulsando como um relógio
num tic tac que não se ouve
(senão quando se cola o ouvido à altura do meu coração)
tic tac tic tac
enquanto vou entre automóveis e ônibus
entre vitrinas de roupas
nas livrarias
nos bares
tic tac tic tac
pulsando há 45 anos
esse coração oculto
pulsando no meio da noite, da neve, da chuva
debaixo da capa, do paletó, da camisa
debaixo da pele, da carne,
combatente clandestino aliado da classe operária
meu coração de menino
debaixo da capa, do paletó, da camisa
debaixo da pele, da carne,
combatente clandestino aliado da classe operária
meu coração de menino