terça-feira, 24 de novembro de 2015

#Celine Dion - Hymne à l'amour



Música de : Édith Giovanna Gassion, ou simplesmente, Édith Piaf foi uma cantora francesa de música de salão e variedades.
1915 -1963
PAZ!

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

#O HOMEM, AS VIAGENS- Carlos Drummond de Andrade

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver. 
( *conviver ) * Para tradução.


Poesia de 1973, inspirada na descida do homem  na lua em 1969 . Retrata a  ancestral insatisfação da  natureza humana.

Carlos Drummond de Andrade considerado um dos maiores representantes da literatura brasileira do século XX.



O poeta, nascido em 1902 e falecido em 1987, viveu 85 anos.

domingo, 15 de novembro de 2015

#Fábula Viver como as flores na modernidade líquida.


  Era uma vez um jovem que caminhava ao lado do seu Mestre. Ele perguntou : 
- Mestre como faço para não me aborrecer ?Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes, outras mentirosas...Sofro com as que me caluniam...
-Viva como as flores ! Advertiu o Mestre.
-Como é viver como as flores ? Perguntou o discípulo.
- Disse o Mestre : Repare nestas flores, apontou para os lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto são puras  e perfumadas. 
Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra  manche o frescor de suas pétalas.
 Não é sábio permitir que os vícios dos outros nos importunem. 
Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. 
Exercite, pois a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora... 
Não deixe se contaminar por tudo aquilo que o rodeia. Assim disse o Mestre você estará vivendo como as flores !

      Pensando nesta fábula e vendo a estrutura de nossa construção social, que entre muitas classificações foi chamada de Hipermoderna (Lipovetsky) ou Modernidade líquida (Baumann) onde sua característica principal está voltada para os excessos, para o fugaz,  para o intenso, para o urgente, para a velocidade da luz, que nos leva para ao efêmero, pois esta fluidez, não nos permite exercitar o que há de mais precioso: o pensar, o refletir sobre o que faço,  o ócio criativo, e  questionar sob quais valores éticos minhas escolhas acontecem .
     O novo, é nosso objeto de desejo. Mas me pergunto : E as flores no meio do caminho, onde ficaram ? Como saber rejeitar o mal que habita em mim e o mal que vem de fora ?Como resistir as vitrines, com suas flores artificiais ? E seus manequins de resina plástica, vestidos no mais novo style? 
   Construímos cada vez mais redes individualistas na ilusão que o confinamento a uma tela virtual nos torne mais importantes, onde partilhamos com grande compulsividade o que achamos ser a nossa vida, e cada “like” me dá a certeza que SOU, e me pergunto:  Será ? 
   E as flores do caminho  que nos ajudarão o expandir  nossa percepção de mundo, onde estão?
   Penso, que de fato, o que queremos,   é um amigo real, não precisa ser um guru, um mestre, mas um simples companheiro de caminhada terrestre, para andar ao nosso lado, para compartilhar nossos sentimentos e questionamentos reais a cerca de nossas dores e emoções reais. Onde eles estão ? Qual sua opinião, seu tom de voz, seu gestual, seu olhar, sua compaixão, sua amizade ?
    Ficamos presos a ilusões das imagens de neon, o que naturalmente nos levam como sujeitos modernos a nos enquadrarmos na caixa institucionalizada da servidão do sistema consumista.  Esta lógica vendida nos leva a um grau de  extrema insatisfação existencial. 
  O desencaixe, o remontar consciente destes conceitos, imperativos categóricos, na busca de sentido da existência, nos ajudará a enxergar nossa sombra e trazê-la a consciência na grande integração com nosso Ego, que nos tirará da cegueira institucionalizada.
   O que mais  impede o nosso ego a vivência do todo, senão o desconhecimento de  nossa sombra ?
  Jung, nos diz que a confrontação  da sombra traz muita depressão e sofrimento, mas traz também uma vivência de paz e integridade e plenitude difícil de ser ATINGIDA DE OUTRA FORMA.
   Este encontro dialético da sombra com nossa luz, é que nos faz encontrar a flor , e entender que o azedume da terra não deve ser maior que a nossa possibilidade de deixar nosso perfume por aí... E tentarmos viver como as flores .


Jane Givanoite.


terça-feira, 10 de novembro de 2015

#Soneto 30 # William Shakespeare #AMIZADE

Resultado de imagem para shakespeare


Cena de Uma adaptação de Romeu e Julieta.jpgQuando à corte silente do pensar
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,

Afogo olhar em lágrima, tão rara,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,

Deplorando o que desapareceu.

Posso então lastimar o erro esquecido,
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido,

Tornando a pagar contas todas pagas.
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as perdas e acaba o sofrimento.



Soneto 30 foi escrito por William Shakespeare e faz parte dos seus 154 sonetos. Foi escrito em homenagem a Henry Wriothesley, amigo de Shakespeare.

23 de abril 1564 -23  de abril 1616- ( 52 anos)


Principais obras :

- Comédias: 

O Mercador de Veneza, Sonho de uma noite de  verão, A Comédia dos Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por coisa nenhuma, Noite de reis, Medida por medida, Conto do Inverno,Cimbelino,
 Megera Domada e A Tempestade.

- Tragédias: 

Tito Andrônico, Romeu e Julieta, Julio César, Macbeth, Antônio e Cleópatra, Coriolano, Timon de Atenas, O Rei Lear, Otelo e Hamlet.

- Dramas Históricos: Henrique IV, Ricardo III, Henrique V, Henrique VIII.


When to the sessions of sweet silent thought
I summon up remembrance of things past,
I sigh the lack of many a thing I sought,
And with old woes new wail my dear time's waste:
Then can I drown an eye, unused to flow,
For precious friends hid in death's dateless night,
And weep afresh love's long since cancell'd woe,
And moan the expense of many a vanish'd sight:
Then can I grieve at grievances foregone,
And heavily from woe to woe tell o'er
The sad account of fore-bemoanèd moan,
Which I new pay as if not paid before.
But if the while I think on thee, dear friend,
All losses are restored and sorrows end.
–William Shakespeare


Três séculos se passaram até que o cineasta americano Sam Wanamaker tivesse a ideia de reconstruir o The Globe.


Em 1996, 26 anos depois de ter iniciado seu projeto, foi erguida na cidade de Londres a réplica do teatro shakespeariano. Curiosamente, estudos realizados com os escombros do teatro sugeriram que a arquitetura original era poligonal, e não arredondada, como se supunha.

Em Stratford, a tumba de Shakespeare. 
(Holy Trinity Church) em Stratford-upon-Avon.