terça-feira, 4 de janeiro de 2022

#VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E PANDEMIA 2020/2021


    Não houve país que escapasse da pandemia de coronavírus, assim como nenhum ficou à margem da explosão de agressões machistas que veio com a doença, um flagelo que se agravou em todo o mundo devido às restrições impostas pela covid-19.

 A violência contra a mulher  é herança de um modelo construído historicamente, forjado pela instituição patriarcal.
     Porém novos fluxos para diálogos vem se tornando permeáveis , ao discurso da intolerância e opressão na busca  de uma equidade , ou seja, retidão , imparcialidade , ética e justiça  sobre o humano, NÃO DIGO SOBRE O FEMININO, MAS O HUMANO, QUE ENVOLVE A   NOSSA ESPÉCIE,  que precisa revisitar valores éticos, estéticos, solidários, do bem do belo, que  através de uma retomada a sua soberana razão, logos, perceba a necessidade de  discussões em  coletivos, movimentos sociais, grupos feministas, grupo de classes trabalhadoras, sindicatos, movimentos inter-religiosos, movimentos etnicos, onde a organização social civil  e institucional se organizem para fazer circular  tais ações reflexivas, que tratem a nossa civilização com o respeito que ela tem, mas insistem em não ver, ignorar, talvez seja a grande autossabotagem que estamos fazendo  conosco contra a Mãe Terra, que vem agora, nos cobrar a conta.
 A devolutiva  dessas ações será a de 
 cobrar do Estado a promoção de políticas públicas que vejam a pluralidade das constituições familiares em seus vários arranjos e  suas necessidades.

   Herdamos  todas as forças de opressão e conseguimos, consolidar, construir e infelizmente reproduzir, quais sejam os preconceitos de raça, categorias de gêneros , e suas relações de poder, onde nossas crenças e ideologias "fecharam as portas ao diálogo" e ao desenvolvimento do  processo civilizatório, que sempre nos convida  a ver nossa humanidade, nos sinalizando sempre que verdadeiramente somos filhos da mãe  TERRA, logo somos todos iguais. Foi preciso que números alarmantes de violência contra a mulher surgissem na pandêmia covid-19, para reacender a chama do diálogo. Desvelar o que já estava exposto, mas invisível , tamponado às estatísticas e ao poder público.
    Mas parece que a modernidade líquida se apossou de nosso ego, nos tornando seres mais apegados, consumistas, opressores e naturalmente menos questionadores e solidários. Somos seres de relação, interdependentes, queiramos ou não.
        A identidade de gênero forma-se a partir do entendimento da convicção que se tem de pertencer a um sexo, sendo, pois, uma construção social feita a partir do biológico. Neste processo, o sexo e os aspectos biológicos ganham significados sociais decorrentes das possibilidades físicas e sociais de homens e  mulheres, delimitando suas características e espaços onde podem atuar.
     Recebemos do patriarcado o modelo machista, os pecados da igreja, a subalternidade da mulher, como algo menor, sem direitos, sem voz, e assim gerações construíram esta sociedade que hoje é impregnada de preconceitos e desvalorização das mulheres, que pouco a pouco na contramão vieram alcançando seus direitos sociais, políticos e trabalhistas ao longo dos anos por meio de movimentos reivindicatórios, onde ocupam seus espaços com delicadeza e firmeza, reconhecendo seu protagonismo sociopolíticocultural no processo civilizatório.
  As situações de violência contra a mulher resultam, principalmente, da relação hierárquica estabelecida entre os sexos, carimbada ao longo da história pela diferença de papéis instituídos socialmente a homens e mulheres, fruto da educação diferenciada.       Assim, o processo de machismo e feminismo, desenvolve-se por meio da escola, família, igreja, amigos, vizinhança e veículos de comunicação em massa.
  Violência contra a mulher se manifesta de  diversos tipos  – desde assédio moral até homicídio – que se manifestam contra ela porque ela é mulher. É uma forma de violência de gênero, ou seja, quando uma pessoa é agredida por ser – mulher, transexual, travesti, homossexual – pelo sexo oposto. 
Esses crimes são a maior maneira de violar os direitos humanos da mulher, sua integridade física, psicológica e moral.
   A Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou seus esforços contra essa forma de violência, na década de 50, com a criação da Comissão de Status da Mulher que formulou entre os anos de 1949 e 1962 uma série de tratados baseados em provisões da Carta das Nações Unidas — que afirma expressamente os direitos iguais entre homens e mulheres e na Declaração Universal dos Direitos Humanos — que declara que todos os direitos e liberdades humanos devem ser aplicados igualmente a homens e mulheres, sem distinção de qualquer natureza.
  Marco importante também na promoção dos direitos das mulheres  foi a DECLARAÇÃO E PLATAFORMA  DE AÇÃO  DE PEQUIM,  elaborado em 1995, durante a IV Conferência mundial sobre a mulher em Pequim, China. O evento ainda é o mais importante momento na conquista dos direitos das mulheres no mundo: pelo número de participantes que reuniu, pelos avanços conceituais e programáticos que propiciou, e pela influência que continua a ter na promoção da situação da mulher. Por exemplo, tanto a afirmação de que os direitos das mulheres são direitos humanos, quanto o objetivo de empoderamento da mulher, provêm deste encontro. Ali, foi feito um acordo adotado por 189 governos comprometidos com a promoção da igualdade de gênero.  Lá se vão 25 anos e tão pouco caminhamos para as metas propostas.
      Em 2010 temos a ONU Mulheres – A ONU Mulheres foi criada,  para unir, fortalecer e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres. Alcançar a igualdade de gênero, empoderar todas as mulheres e meninas e realizar os seus direitos humanos é a missão incorporada pela ONU Mulheres em relação à Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e aos 17 objetivos globais. Como contribuição à Agenda 2030, a ONU Mulheres está promovendo parcerias para acelerar e concretizar os compromissos de governos, empresas, sociedade civil e outros setores, para a eliminação das desigualdades de gêneroonumulheres.org.br 

      A violência psicológica é tão perversa e cruel quanto a física.
      A literatura especializada em saúde mental, vem demonstrando associação de risco entre a experiência da violência e o desenvolvimento de agravos, de ordem física e mental, os quais repercutem na diminuição de "anos saudáveis de vida" das mulheres    As consequências da violência doméstica são agravos que vão desde um empurrão leve até à morte.
 Sendo de natureza crônica, a agressão à mulher vai além dos traumas e dos agravos visíveis (quebraduras, torções), estando associada a problemas como: baixo peso ao nascer (dos filhos), problemas gastrintestinais (úlceras, colites), queixas ginecológicas (abortos, gravidezes indesejadas e repetidas em curto espaço de tempo, doenças sexualmente transmissíveis, hemorragias, lesões, dores pélvicas, leucorréias repetidas e infecções), abuso de álcool e outras drogas, queixas vagas, depressão, insônia, suicídio, sofrimento mental, lesões e problemas crônicos, como distúrbios alimentares, dores abdominais e de cabeça, e até artrite, hipertensão e doenças cardíacas .
       Muitas mulheres  relatam que ambientes familiares que já eram violentos antes da pandemia ficaram mais agressivos diante da falta de dinheiro –  e do convívio em tempo integral dos familiares dentro de casa.  
     Na  atual Pandemia , relatórios apontam que  no Brasil,  São Paulo , desde a quarentena em 24 de março 2020 , a Policia Militar registrou aumento de 44,9 % no atendimento a mulheres vítima de violência, o total de socorros prestados passou de 6.775 para 9.817.      Casos de feminicídios, que é  um termo de crime de ódio baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres em contexto de violência doméstica ou em aversão ao gênero da vítima , misoginia, dentro de seus contextos sociais específicos, subiram de 13 para 19 ( 46,2%). No Rio de Janeiro o aumento foi de 50% nos casos de violência doméstica , logo nos primeiros dias da quarentena. 

Aumento da violência doméstica no mundo 2020

Abaixo, dados da ONU Mulheres e da OMS sobre o aumento da violência doméstica nos países afetados pela pandemia de coronavírus:
#Na França, o registros de casos de violência doméstica aumentou em 30% desde 17 de março, quando o país decretou a quarentena – em Paris, o aumento foi de 36%.
#Na China, as denúncias de violência contra a mulher triplicou durante o período de confinamento, entre janeiro e começo de abril.
#Na Argentina, houve aumento de 25% nas denúncias telefônicas desde 20 de março, quando o país adotou medidas de isolamento.
#Em Singapura, o aumento nos registros de denúncias foi de 30% em março.
#Na Malásia e no Líbano, as denúncias de violência contra a mulher duplicaram durante o período de confinamento.
#No Canadá, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, autoridades governamentais relatam crescentes denúncias de violência doméstica e aumento da demanda para abrigo às vítimas.

       Estratégias para enfrentar a violência doméstica :
No dia 14/04/2020, a organização feminista brasileira Think Olga lançou um relatório reunindo dados sobre o aumento da violência contra as mulheres durante a pandemia de coronavírus. 
No documento, a entidade lista estratégias para as vítimas de violência doméstica adotarem :
#trazer alguém da família para casa;
#esconder objetos pontiagudos;
#retirar de casa possíveis "gatilhos" e potencializadores, como bebidas alcoólicas e drogas;
#avisar familiares e vizinhos sobre o que está acontecendo (em caso de episódios de violência);
#e manter contato com sua rede de apoio por meio de telefone e aplicativos, e-mail e outras redes sociais.

    Tanto a ONU Mulheres quanto a OMS e organizações feministas defendem que, durante a pandemia, a solução não é pôr fim ao isolamento social, mas, sim, manter ativos os serviços de proteção à mulher, aumentar o investimento em serviços on-line, declarar abrigos como serviços essenciais e oferecer suporte às ONGs locais de combate à violência doméstica.

                Neste momento redes solidárias fazem a diferença .


      #VizinhaVocêNãoEstáSozinha foi organizado por um coletivo de mulheres para formar um espaço de acolhimento e solidariedade.

    Em abril 2020 duas deputadas brasileiras, protocolizaram ação ao poder público para providenciar vagas de hospedagem em hotéis ou pousadas para estas mulheres vítimas de violência , que em quarentena, não teriam para onde ir.
    Importante também, é a aplicativo Direitos Humanos BR- Do Ministério da Mulher, Famíla e Direitos Humanos. Lá há a possibilidade de denúncia, envio de fotos e vídeos. Está disponível para Android e iOS.
    Quem sofre violência doméstica pode procurar ajuda ligando 180, serviço de informações e denúncia da Central de Atendimento à Mulher funciona 24h por dia e garante o anonimato da vítima.
    Em casos de emergência, é necessário ligar para a polícia no número 190 ou procurar uma das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), que têm caráter preventivo e repressivo, devendo realizar ações de prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal dos casos de violência contra a mulher, respeitando os direitos humanos e os princípios do Estado Democrático de Direito. Vizinhos, conhecidos ou familiares também podem fazer a denúncia.
   Conversar com amigos e familiares confiáveis também são outras vias de auxílio, assim como procurar órgãos públicos, tais como:
Centros Especializado de Atendimento à Mulher: os Centros de Referência são espaço de acolhimento e atendimento psicológico e social, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência;
Casas-Abrigo: locais seguros que oferecem morada protegida e atendimento integral a mulheres em risco de morte iminente em razão da violência doméstica. O serviço é sigiloso e temporário, até que a vítima tenha condição de retomar o curso de sua vida;
Casas de Acolhimento Provisório: oferecem abrigo temporário - de até 15 dias -  para mulheres em situação de violência, acompanhadas ou não de filhos, que não correm risco iminente de morte. Além de garantir a integridade física e emocional das vítimas, realiza diagnóstico dos casos para encaminhamentos necessários.
 Procure um  CRAS ( Centro de Referência de Assistência Social) que é
 responsável pela prevenção de situações de vulnerabilidade ou de risco social e também faz  encaminhamentos para a Rede Socioassistencial através de  serviços, programas, projetos e benefícios. Quase sempre há um em  seu território, bairro.
  No  CRAS   é oferecido  o Serviço de Atendimento e Proteção Integral às Famílias (PAIF), que envolve a escuta qualificada e o conhecimento dos processos de vida e relações sociais em que uma família está inserida.


EM 2021, OS ÍNDICES SÓ AUMENTARAM. 
AS ESTATÍSTICAS OFICIAIS DEVEM SAIR  NO INÍCIO DE 2022.
 MAS O JORNALISMO A CADA DIA NO DECORRER DE 2021 DENUNCIAVA A VIOLÊNCIA CRESCENTE  CONTRA A MULHER.


Jane





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