quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

# Algumas reflexões sobre o analfabetismo no Brasil e os movimentos sociais .


Juntos somos a FORÇA de uma Nação.
   O dia 8 de setembro, é o Dia Mundial da Alfabetização.

   A Organização para a Educação, Ciências e Cultura (Unesco) – ligada à Onu, publicou um relatório(2010) sobre a situação mundial do analfabetismo, revelando que cerca de 4 bilhões de pessoas sabem ler e escrever mas, de outro lado, 20% da população mundial, ou seja, 875 milhões ainda são analfabetos.
    Segundo o levantamento da CLADE, em 2007 , o Brasil está no 14º lugar no ranking de analfabetismo entre os  países da América Latina.
País
Taxa
1. Cuba
0,2%
2. Uruguai
1,9%
3. Aruba
2,7%
4. Argentina
2,8%
5. Chile
4,3%
6. Costa Rica
5,1%
7. Venezuela
7,0%
8. Colômbia
7,2%
9. Panamá
8,1%
10. Equador
9,0%
11. México
9,1%
12. Paraguai
9,8%
13. Suriname
10,4%



14. Brasil
11,4%
15. Peru
12,3%
16. Bolívia
13,3%
17. Honduras
20,0%
18. Nicarágua
23,3%
19. Guatemala
30,9%
Fonte: Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (Situação Educativa da América Latina e Caribe 2007 / Caminhando rumo às Metas / Projeto Regional de Indicadores Educativos – Cúpula das Américas) WWW. O brasileirinho.com.br


   A alfabetização de adultos tem um papel essencial na erradicação da pobreza, no aumento das possibilidades de emprego, na qualidade de vida, na promoção e participação democrática. A alfabetização é um forte instrumento de inclusão social.
     A alfabetização é um elemento propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento de nossa sociedade, é a possibilidade de se começar a abrir as portas do saber, para responder a pergunta: Quem eu sou?
  O Ministério da Educação e da Cultura nos informa que  temos no Brasil 16,295 milhões de pessoas incapazes de ler e escrever. Quando levamos em conta o conceito de “analfabeto funcional” que inclui as pessoas com menos de quatro séries de   estudo concluídas, que não têm habilidade para interpretar textos, escrevem frases curtas, ou na maioria das vezes sabem somente escrever o nome, ou como dizem, desenham o nome, nesta ordem o número salta para 33 milhões.
   O Ministério da Educação , com a chancela da UNESCO,  realiza desde 2003 o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. Este programa é desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento prioritário a 1.928 municípios  que apresentam taxa de analfabetismo igual ou superior a 25%. O público alvo é todo cidadão analfabeto a partir de 15 anos, para atender ao direito constitucional que todo cidadão brasileiro possui de ter acesso à educação e consequentemente de ler e escrever.
   A grande concentração dos analfabetos nas capitais é um fato, poderia ser uma vantagem  para o governo implementar sua política de erradicação do analfabetismo,  por causa da infra-estutrura, meio de transporte, etc, porém esta não é a realidade, pois nas grandes cidades não há tempo para "nada" nem disposição política para implementar ações para educar  estes analfabetos.
   No Brasil, 35% dos analfabetos já freqüentaram escolas. As razões para esses fracassos no sistema educacional são variadas, como: escola de baixa qualidade, principalmente nas regiões mais pobres; trabalho precoce, para sustentar a família pois os pais não possuem emprego ou ganham muito pouco; a baixa escolaridade do país; despreparo da rede de ensino para lidar com essa população, entre outros.
   A ineficácia dessas políticas públicas voltadas para a erradicação do analfabetismo no Brasil tem dado espaço para o surgimento de trabalhos de ONGs, Instituições Religiosas e Movimentos Sociais que se caracterizam por atender demandas da sociedade excludente como novos sujeitos coletivos no cenário das ações políticas.
   Os Movimentos Sociais são sinais de maturidade social que podem provocar impactos conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, dependendo de sua organização e das relações de forças estabelecidas com o Estado e com os demais atores coletivos de uma sociedade.
    Um dos desafios dos Movimentos de Ações Voluntárias está na articulação conjunta de uma globalização social, contrapondo-se a visão reducionista do Estado que implementa com ênfase a globalização econômica.   Comprometidos com esta proposta as ações voluntárias organizadas com a sociedade civil busca projetos alternativos para que a luta pela educação para todos possa possibilitar o acesso aos direitos sociais, garantidos por Lei.
  As ações voluntárias dos Movimentos sociais constituem uma das ferramentas fundamentais para construção de práticas democráticas, trazendo novas formas de sociabilidade que apontam para a necessidade de transformação da sociedade civil através da educação.
   Nas ações voluntárias a população de iletrados, que se encontram na situação de exclusão social, tem uma oportunidade de escolha neste espaço democrático, a opção  de permanecer no analfabetismo, sabemos que muitas vezes denota o medo de participar de uma sociedade tão excludente, onde permanecer no anonimato do iletrado já é  uma defesa do “eu não posso“ competir com este mundo, “sou inferior”, fazer esta escolha é  difícil, tendo em vista que a maioria  dos alfabetizandos trazem  uma  baixa autoestima .
   Paulo Freire  nos mostra que um dos  principais eixos da educação libertadora é o combate acirrado à dominação e opressão dos “de baixo”. Esses podem ser entendidos como os excluídos da sociedade capitalista, os “demitidos da vida”, os “esfarrapados do mundo.
   A alfabetização de adultos proposta por  Freire, procura resgatar a dignidade daqueles que durante toda a vida construíram a riqueza de uma nação, e pelo preconceito, pela fadiga e pelo cansaço não conseguem mais gerar o lucro dos patrões  os “de cima “ e, por isso são considerados descartáveis.
   Encontrar este espaço para a alfabetização de adultos e convidá-los para  sala de aula, possibilitando o vir-a-ser,  gera um acolhimento, que poderá quebrar os estigmas e assim  desenvolver  uma prática emancipatória.
  Trabalhando como voluntária  em um Projeto Social, alfabetizando adultos, é possível ver nos olhos dos alfabetizandos a alegria em aprender uma letra, escrever uma palavra, quanta vontade  eles trazem de reescreverem suas vidas.É emocionante  este momento de aprendizagem mútua ,onde a cada encontro torna-se possível construirmos um local de prática democrática .

 Jane

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