quinta-feira, 7 de julho de 2011

# EMBOLADA DO MUNDO DE SHEAKSPEARE- POESIA DE CORDEL






 Assisti uma reportagem semana passada  na TV Escola, sobre a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, ( ABLC ), e achei maravilhosa a idéia de termos estas manifestações populares ao alcance  de todos .
O site é : www.ablc.com.br
Vale a pena conferir.

Um pouco da história da Literatura de Cordel.

"Na época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses, saxões, etc, a literatura de cordel já existia, tendo chegado à Península Ibérica (Portugal e Espanha) por volta do século XVI. Na Península a literatura de cordel recebeu os nomes de "pliegos sueltos" (Espanha) e "folhas soltas" ou "volantes" (Portugal). Florescente, principalmente, na área que se estende da Bahia ao Maranhão esta maravilhosa manifestação da inteligência brasileira merecerá no futuro, um estudo mais profundo e criterioso de suas peculiaridades particulares. " Fonte ABLC.

EMBOLADA DO MUNDO DE SHEAKSPEARE  - DE:  Walter Medeiros

Vou contar, vou contar...
Quero contar pra vocês
Uma história interessante
De um povo bem falante
Pois agora é minha vez
 Vou contar, vou contar...
Shakspeare é o autor
Da história de Otelo
Não sei se era donzelo
Pois nisso ele não falou
 Vou contar, vou contar...
 Desdêmona, sua mulher
 Gerava desconfiança
Pois usava até trança
Iludindo a boa fé
 Vou contar, vou contar...
Iago era o alferes
Um homem muito ardiloso
 Dizem que era até dengoso
No trato com as mulheres
 Vou contar, vou contar...
 Ele convenceu Otelo
De que a sua bela esposa
Corria mais que raposa
Atrás de um homem mais belo
Vou contar, vou contar...
Iago roubou um lenço
Que só Desdêmona tinha
E com sua ma fé todinha
 Deixou Otelo suspenso
 Vou contar, vou contar...
Aquele alferes tão falso
Fez mais uma presepada
Pois o lenço da coitada
Ele entregou a Cássio.
Vou contar, vou contar...
E Otelo inda dizia
Para seu amigo Iago
Que o assunto era vago
Ruindade nela não via
Vou contar, vou contar...
A coisa era mais braba
Pois com tal descaramento
O Cássio, que home nojento,
Passou o lenço na barba
Vou contar, vou contar...
Pois o mouro de Veneza
Como Otelo era chamado
Findou sendo corneado
Em sua vida burguesa
Vou contar, vou contar...
Ele era um mouro nobre
Que a República servia
Trabalhava noite e dia
Em meio a ferro e cobre
Vou contar, vou contar...
Ao seu redor, senador,
Fidalgo e o alferes
Tinha o bobo e as mulheres
Nem amante ali faltou
Vou contar, vou contar...
Marinheiro, oficiais,
Gentis homens, mensageiros,
Arautos e violeiros,
Quase ele não tinha paz
Vou contar, vou contar...
Mas não foi só sobre Otelo
Que o Shakspeare escreveu
Ele também discorreu
Sobre floresta e castelo
Vou contar, vou contar...
Ele era persuasivo
Em tudo que escrevia
Mesmo sendo fantasia
Era tudo muito vivo
Vou contar, vou contar...
Teve a Lady Macbeth
Que em sua persuasão
Convenceu o seu barão
A esquecer qualquer fé
Vou contar, vou contar...
Mandou que matasse o rei
Parecia até seu dono
Pois ela queria o trono
Mesmo por cima da lei.
Vou contar, vou contar...
Era muito egoísmo,
Invejas e ambições,
Dores, ciúmes, paixões,
Tinha até muito cinismo
Vou contar, vou contar...
Teve o Próspero, coitado!
Que numa estranha aliança
Buscou a sua vingança
Em espíritos aliado.
Vou contar, vou contar...
A maldade se reveza
Nas horas e nos minutos
Pois Cassius convenceu Brutus
A matar o Júlio César
Vou contar, vou contar...
E o rei da Dinamarca
Em fantasma transformado
Convenceu seu filho amado
Hamlet a lhe vingar.
Vou contar, vou contar...
E Romeu e Julieta
Que coisa triste e brutal
Era um feliz casal
Montéquio e Capuleto
Vou contar, vou contar...
Pois tanto eles se amaram
Mesmo contra os seus pais
Odientos e brutais
Que enfim se suicidaram.
Vou contar, vou contar...
Ainda nessa viagem
Encontramos a megera
Que nunca se desespera
Mas que levou desvantagem
Vou contar, vou contar...
O Petrúquio quem domou
A Catarina arredia
Dócil feito uma cotia
Submissa ela ficou
Vou contar, vou contar...
Aquele autor memorável
Mostrou a fraqueza humana
De forma muito bacana
Por isto é recomendável
Vou contar, vou contar...
Falou de força, fraqueza,
Também de felicidade,
Gozo, angústia, vaidade,
Era tudo uma beleza
Vou contar, vou contar.
Shakspeare era fantástico
Dizem muitos entendidos
Em seus romances sabidos
Era leve e era drástico
Vou contar, vou contar...
Escrevendo tudo à mão
Era um autor medonho
Basta ler sobre o sonho
De uma noite de verão
Vou contar, vou contar...
Ali foi muito completo
Para Hermínia e Lisandro
Que de um elfo foi ganhando
Aquele seu novo afeto
Vou contar, vou contar...
Inefável, uma beleza
Que só pode emocionar
Quando ler e apreciar
O mercador de veneza
Vou contar, vou contar...
É uma tragicomédia
Onde Pórcia e Bassânio
Tiveram idéia de crânio
Shilock abala a platéia
Vou contar, vou contar...
Agora vou acabar
Pois senão acaba a graça
Vão ler o texto da farsa
Que eu quero agora lanchar
Vou contar, vou contar...
Por isso aqui me despeço
Vou saindo de fininho
Mas tudo eu fiz com carinho
Neste montinho de verso.

de: Walter Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário