sábado, 13 de agosto de 2011

# O VALOR DA PRÁTICA DE YOGA COMO PROCESSO ANTIDEPRESSIVO

Recebi este texto em meu e-mail, e achei muito interessante repassar, para refletirmos sobre o papel da yoga em  nossas vidas.

  "Bilhões movimentam a indústria farmacêutica com a promoção do conceito de que o que nos adoece é a química cerebral e se tomamos uma pílula, ficaremos bem. Na realidade, para alguns de nós, isso é verdade.     Uma pílula como o Prozac, ou qualquer outro antidepressivo SSRI (acrônimo para a expressão inglesa selective serotonin reuptake inhibitors) ou inibidores seletivos da recaptação da serotonina, aumenta a taxa de serotonina no cérebro, o que faz nos sentirmos melhor.?

 Mas o que há de errado com esse quadro? Por que tantos de nós, como se alega, somos deficientes de serotonina? Pesquisas com macacos resos (macaco da Índia) demonstraram que traumas precoces, como a separação da mãe, mudam a química cerebral. Estudos também comprovaram que o estresse, incluindo o estresse da separação social, afeta o balanço da serotonina no cérebro.

 Será que estressores inerentes a nossa cultura moderna são a fonte de uma deficiência internacional de serotonina, causando depressão em proporções epidêmicas? Certamente, a nossa cultura pós-moderna criou um freqüente improviso emocional. Desde a Segunda Guerra Mundial, o índice de depressão e suicídio entre adolescentes triplicou. A evidência ainda mais impressionante do nosso sofrimento foi encontrada em um estudo publicado em 1994, que determinou que pessoas entre 18 e 54 anos, aproximadamente a metade já sofreu de alguma doença psiquiátrica séria.


Fonte do Sofrimento

Em virtude do estresse humano e da complexidade tecnológica dos nossos tempos, freqüentemente assumimos que o nosso tempo é o pior de todos. Mas seres humanos sempre sofreram. “Viver em um corpo mortal” Buddha dizia, “é como viver em uma casa em chamas”. Sob o prisma do yoga, a fonte de nosso sofrimento é a nossa ignorância - avidya. Nos esquecemos de quem somos nós. Criamos uma identidade a partir do que fazemos, de quem amamos, de quanto dinheiro queremos ganhar e coisas que circundam nossas vidas. Desde a perspectiva clássica do yoga, estamos convidando o desapontamento, quando não a depressão para nossas vidas, porque criamos a nossa identidade baseada em nossos cinco kleshas, ou aflições existenciais – ignorância, egoísmo, apego, aversão e medo de morrer – que nos afastam e limitam a nossa realidade.  Muito de nossa angústia moderna provém da nossa inabilidade em amenizar nós mesmos, porque muitos de nós, não recebeu experiência suficiente para estar seguro e cuidado como as crianças. Se um trauma precoce pode perturbar a química cerebral, será que experiências de cicatrização em psicoterapia e o mat do yoga podem normalizar este distúrbio da mente ocasionado por um trauma? Muitos psicoterapeutas e yogis acreditam que sim. Ou, se alguns preferem não falar em termos biomédicos, eles sentem que o yoga trabalha bem com pessoas que sofrem de depressão. Talvez as estórias mais convincentes venham dos próprios praticantes, que sentem que o yoga devolveu-lhes a vida.  Professor internacional de yoga e psicólogo clínico, Richard Miller, editor e fundador do Journal of the International Association of Yoga Therapists, afirma que a maioria dos pacientes que tratou tem a crença de que não deveriam ser o que são.
 O primeiro passo é observar como esse pensamento pode influenciar em suas vidas – na respiração, pensamento e corpo. Por exemplo, uma professora que consultou Miller para o tratamento do início de uma depressão seguiu seu conselho e fez um diário, para que pudesse perceber a quantidade de julgamentos sobre si. Durante uma sessão de terapia, ele pediu que ela fizesse um âsana. “Ela imediatamente percebeu que seu interesse na postura era se estava sendo executada corretamente ou não”.  Inicialmente, a ênfase na aproximação do Dr. Miller com o paciente depressivo era para ajudá-lo a ver o que ele aceita ou não em sua vida. Então, a ênfase é transferida para a natureza de auto-aceitação. Às vezes, de acordo com o Dr. Miller, quando aceitamos algo que julgávamos ruim, estamos meramente “reorganizando os móveis”. Para acessar a raiz do problema e prevenir que a depressão se instale novamente, é preciso perceber que a nossa natureza é livre de qualquer julgamento, é aberta e liberta. A fim de cultivar essa visão, Miller encoraja seus pacientes a entenderem que as pessoas não são suas emoções. É mais fácil o depressivo perceber que ele não é triste, mas tem a tristeza presente em sua consciência.  A forma de auto-aceitação sem julgamento que tanto se fala durante as aulas de yoga e em várias linhas de psicoterapia – o que os yogis chamam de “tranqüilidade” – pode ser desafiadora, mas ultimamente a salvação para uma pessoa depressiva. Além disso, de acordo com Miller, a depressão é um problema somático que penetra os tecidos e precisa de trabalho corporal. “Yoga é uma excelente forma de trabalho corpóreo que elimina o resíduo instalado no tecido”. A mentalidade yogue é que os samskaras (impressões, marcas, feridas decorrentes de um trauma físico-emocional) são primariamente retidos em corpos sutis e subseqüentemente reflete-se em sintomas físicos como a tensão. “As posturas do yoga podem penetrar no que Wilhem Reich, fundador da ciência bioenergética, chama de “armadura do caráter”, nossos padrões inconscientes de contrações físicas e defesas”, afirma Cope em Yoga and the Quest.  Para Stephen Cope, não é o âsana em si que importa, mas a qualidade da atenção que trazemos para esse que pode fazer a diferença para alguém que está deprimido. “Devagar, o movimento deliberado ancora a mente na sensação e permite que ocorra um reaprendizado”. A prática de posturas tem intencionalmente o propósito de criar a fundação fisiológica para a “estabilidade e relaxamento”, o que Patanjali falou há dois mil anos.  Dentro da perspectiva do Viniyoga, depressão é uma condição energética em que o tamásico (inerente, escuro) prevalece nas qualidades da mente e controle das emoções,
Mas Kraftsow relembra que cada indivíduo é único e todas as técnicas devem ser adaptadas às necessidades de cada corpo. Ao tratar uma pessoa com depressão, Kraftsow tenta encontrar a pessoa onde ela esteja e conseqüentemente, medir os “passos” até uma sessão de yoga. 
Para alguém que tenha pouca motivação para movimentar-se, ele inicia progressivamente. Ele pode começar com a pessoa deitando de costas, então mudar para posturas em pé mais vigorosas. Posturas em pé podem beneficiar pessoas que se sentem letárgicas para se exercitarem, “mas primeiro é preciso ter estratégia para tirá-los do sofá” e a melhor estratégia pode não ser os âsanas, mas simplesmente o convite para uma caminhada. 
Esses são momentos quando Richard Miller diz, “deixe que o yoga venha até você”. Ele recomenda fazer uma postura, ou mesmo meia-postura, devagar e com tanta atenção, que por um instante, você sinta o seu braço direito “maravilhosamente bem, e que talvez você queira que o outro braço sinta a mesma coisa, e sua perna e a outra”. Nesses momentos, é especialmente benéfico “esvaziar aquele sentimento de precisar fazer direito, para liberar a rigidez e praticar de forma que realmente se esteja curtindo”. Quando o auto-julgamento surge no yoga, simplesmente o observe. Miller diz que isso é parte do processo eliminativo e deve ser esperado quando nos tornamos conscientes dos nossos antigos modos de pensar. "




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