quarta-feira, 16 de abril de 2014

# Mandalas #


Mandalas





   O mandala surge através da história do homem como símbolo universal e essencial que envolve as questões de integração e transformação do homem que se revelam em sua comunicação consciente ou inconsciente do seu vivido. 
  Os mandalas na Arteterapia funciona como uma ferramenta projetiva, usando a concentração ativa por meio de vivências da própria pessoa, de forma que se possa ver os traços, os símbolos, as cores que se expressam pela linguagem do inconsciente profundo. 
   O homem sempre deixou uma forma de expressar seus sentimentos , há uma força inata que o leva a deixar sua marca mostrando assim um pouco de sua história através de várias expressões de arte que até hoje são descobertas em pedras, cavernas, pelos grafismos, pela cor e textura que retratam seus valores suas crenças e sentimentos através dos tempos. 
   O arteterapeuta, por meio do fazer artístico, vai direcionando seu cliente a descobrir quem ele é. 
  Há sempre o confronto do consciente com o inconsciente possibilitando uma síntese integrada, que possibilitará ao homem uma visão de unidade, libertando-se de suas amarras e conflitos. 
  No desenrolar do processo arteterapêutico, naturalmente vão se quebrando as resistências do inconsciente de forma lúdica. É com a força desta viagem ao mundo simbólico , arquetípico, que elementos deste conteúdo serão decodificados ocasionando o processo de autotranscendência do eu . Este fazer lúdico possui uma fala, uma expressão, uma linguagem que relata sua história pessoal através dos insights. 
  A terapia utilizando a arte proporciona mecanismos de cura pelos insights que produz. Insight é definido por Arthur Janov como a dor virada do avesso. O insight é o núcleo da dor. Acontece o insight quando o material contido no inconsciente vem a tona, tornando-se consciente. 
  O arteterapeuta deve estar capacitado para entender a dinâmica da psique com o objetivo de assegurar a adequada aplicação das técnicas que visam o equilíbrio psíquico de seu cliente. 
  Os mandalas foram trazidos para análise na psicologia por Carl Gustav Jung, estabelecendo através de seus estudos por 14 anos alicerces de bases científicas para entender que os símbolos que eram desenhados nas cavernas traziam em si um impulso interno que buscava sua integração. A partir de suas observações, ele concluiu que o uso freqüente de desenhar círculos é terapêutico, porque propicia energicamente a integração do ego. 
  O símbolo do círculo nos remete às camadas do inconsciente que realmente não conhecemos, isto é, que reprimimos, mas podemos buscar estes sentimentos e nos aventurarmos na viagem maravilhosa do autodescobrimento. 
  Os mandalas em todas as culturas possui a mesma qualidade metafísica que é a projeção de conteúdos psicológicos individuais e coletivos.Os mandalas , via de regra, mostram em todas as partes do mundo que há uma mesma disposição de seus elementos.Estes se encontram reunidos no centro em forma de círculos ou polígonos,ou em forma de cruz ou círculo de flores que representam os aspectos e as propriedades psíquicas sempre mutáveis e em movimento. Podemos afirmar que os mandalas são os símbolos religiosos mais antigos da humanidade. São encontrados em todos os povos e civilizações, desde os orientais aos indígenas americanos, presentes nos períodos paleolítico. O círculo, a esfera, o redondo expressam a divindade, indicando o que é suficiente em si mesmo, o eu integrado. O círculo representa um símbolo de perfeição. 
  Jung, diz-nos que a estrutura do mandala se encontra originalmente na ordenação matemática da natureza e na própria alma humana, aparecendo em sonhos e no inconsciente. Os mandalas tem como objetivo harmonizar e despertar conscientemente o inconsciente, por meio de informações subliminares enviadas pela retina do cérebro, ao olhar no centro do mandala. 
  Quando desenhamos um mandala, geramos um símbolo pessoal que revela quem somos em um determinado momento produz uma descarga de tensão,onde projetamos para fora de nós parte conflitantes. 
  No mandala , segundo Jung, trabalhamos todos os nossos complexos, que são conteúdos condensados, isto é, carregados de forte carga emocional. Eles ficam registrados em nossa memória celular, ficam registrados também em nosso corpo físico, onde se concentra uma forte carga de tensão emocional. 
  O mandala é uma técnica auxiliar de tratamento que , de forma lúdica, vai buscando conteúdos que não estão em nossa consciência. O mandala é, pois uma prova artística, um legado que a própria natureza nos deixou, para que possamos trabalhar o nosso mundo subjetivo. Esta experiência vem com naturalidade, é um trabalho que liga nossa alma à espiritualidade, deixando para trás nossas crenças e dogmas que se prendem ao passado. 
  O mandala é um hino de amor, vida, sensibilidade, compreensão e aproximação de si mesmo. Ele nos une com todas as coisas vivas da natureza. O mandala nos remete a nossa essência divina. 
  Quando fazemos o mandala acionamos em nós toda a nossa ancestralidade, colocamos no círculo toda a nossa história de vida. O círculo está no homem , e o homem está no círculo. 
  O homem primitivo recorria ao ritual de dançar em círculo para se sentir mais forte e protegido, por meio da dança ele elaborava seus conflitos, e processava na sua psique a sua transformação alquímica. Já o homem contemporâneo perdeu este vínculo com a natureza, voltando-se mais para o seu lado intelectual , acumulando estresse, e esquecendo-se de trabalhar seus afetos na corrida desenfreada de competir no seu cotidiano. 
  O mandala possibilita a reorganização do conteúdo traumático. De forma lúdica , favorecendo o cliente a dar vida às suas imagens, trabalhando a introspecção os conteúdos traumáticos sendo dessensibilizados, elaborados, permitem uma reorganização simbólica. O trauma é um ponto de apego a conteúdos específicos do passado.É o que está bloqueado, reprimido. 
  O mandala serve de base para trabalhar os conteúdos vindos do inconsciente, faz parte dentro de um processo terapêutico, porém não é um processo terapêutico em si. Se soubermos trabalhar o caminho de ida e volta no nosso mundo interno, vamos nos conhecer profundamente. 
  O símbolo do círculo, o mandala representa dentro do processo terapêutico um meio orientador para a direção do trabalho. Viver as verdades que estão dentro do círculo é viver as verdades que estão dentro de nossa psique.  Isto é conhecer-se.

                  Jane
Cursando Arteterapia.
Bibliografia :Maida Santa Catarina.