sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

# O DESEJO E SEUS OBJETOS.



     O desejo é feito do arranjo dos significantes ,é um efeito não  efetivado, porque o desejo não está dado. O desejo é sempre atual, biopsicossocial.
     Mas o que é desejo ? Desejar ? Ser desejante ?...
    O desejo é desejo do desejo do Outro, toda a consciência deseja se reconhecer no Outro.Na medida que o Outro também deseja reconhecer-se nela. A essência do desejo, é pois, de natureza contraditória, ela se sustenta não em si no primeiro momento, é o que se espera dela, mas ela se sustenta  em  relação a um Outro, e cria uma  ponte  entre a relação do desejo a si e a relação do desejo com o Outro.
     Nesta dialética , entendemos que nós só existimos como sujeitos, como consciência de si, porque o Outro existe como consciência oposta a mim. Só me reconheço na diferença. A partir do desejo do outro que eu passo a questionar sobre o que falei, sobre o que acho que sou.
    A relação do sujeito com o seu desejo é barrada pela dimensão da falta, da ausência de algo que poderia trazer prazer, harmonia entre o desejo e sua realização, o gozo, porque o desejo é sempre desejo de outra coisa, ele não se esgota em si mesmo, ele não se encontra consigo mesmo, porque ele é inalcançável, o objeto do desejo é um objeto perdido, faltoso, que continua dinamicamente dentro do sujeito procurando realizar-se de alguma forma. O desejo se realiza no imaginário, e ascende ao plano simbólico. O objeto do desejo não é uma coisa concreta que se oferece ao sujeito, ele não é da ordem das coisas, mas da ordem do simbólico.
    O desejo sempre vai renascer de forma idêntica a de como se originou, porque sustentado pela sua falta, pela sua  necessidade de gozo, pelo seu prazer, esta falta da “coisa”, cria um vazio que de novo vai preencher este espaço e tentar circunscrevê-lo com a ocupação de qualquer objeto, que sempre serão substitutivos do objeto faltante. De fato o objeto do desejo é sempre eternamente faltante.
    O desejo sempre vai escapar a síntese do EU, porque o Eu não é uma realidade original, ele sempre se refere a um Outro.
   Podemos nos questionar: Por que o príncípio do prazer nós é poupado ? Por que as forças e circunstâncias existenciais são tão aprisionantes? Por que somos todos exceções ? Por que queremos nos fazer exceções ?
    A resposta a estas questões   nos sugere pensar que precisamos avançar do príncipio do prazer para o princípio da realidade, ao qual Fred chama de processo educativo, que pode  nos levar ao insight. Este convite ao princípio da realidade nos faz encontrar a privação, a frustação, e a angústia da impossibilidade da realização de um desejo que sustentava em mim no princípio do prazer, pois o que queremos é a felicidade, e nos deparamos em muitos momentos com o questionamento sobre a infelicidade, o que é faltante.Importante neste momento é focarmos que lugar , que espaço ocupa em mim a felicidade e a infelicidade, quais valores  e sentimentos  estão falando mais alto na minha história de sujeito desejante.
     As pessoas que não realizam os seus desejos, seus ideais, ocasionalmente podem gerar neuroses. E as pessoas que realizam seus desejos , será que se sentem completas ? será que  este espaço que estava até então vazio  se plenificou ?
   Em muitas situações isto não ocorre, devido a esta impossbilidade de aceitar a plenitude como algo humano, no plano do possível.
    Freud relata casos de pessoas que adoecem exatamente quando seus desejos mais desejantes se realizam.O êxito adoece.O fracasso adoece.Tudo é ausência. Tudo é falta.Tudo é esfacelamento.Como sobreviver emocionalmente a estes hiatos da vida ? Por certo, o princípio  da busca de si mesmo, dos insights, da educação de nossos princípios de prazer , é que iremos encontrando o nosso ponto de equilíbrio.
    O desejo se faz palavra na demanda.” Falar é antes de mais nada falar a Outros”. As demandas circulam em torno do desejo, para ter acesso ao desejo tenho que ultrapassar as demandas.
  Concluimos ,que o desejo não é da ordem da satisfação, é da ordem da interpretação.Temos que interpretar  nosso desejo, e quem nos convoca a esta interpretação é o Outro.
    O desejo se realiza nos objetos, mas o que os objetos  assinalam e sinalizam é que sempre haverá uma falta, um impedimento, um sinal vermelho.

By: Jane ( Trabalho de Estruturas Clínicas I )

Nenhum comentário:

Postar um comentário