O desejo é feito do arranjo dos
significantes ,é um efeito não
efetivado, porque o desejo não está dado. O desejo é sempre atual,
biopsicossocial.
Mas o que é desejo ? Desejar ? Ser
desejante ?...
O desejo é desejo do desejo do Outro, toda
a consciência deseja se reconhecer no Outro.Na medida que o Outro também deseja
reconhecer-se nela. A essência do desejo, é pois, de natureza contraditória, ela
se sustenta não em si no primeiro momento, é o que se espera dela, mas ela se
sustenta em relação a um Outro, e cria uma ponte entre a relação do desejo a si e a relação do
desejo com o Outro.
Nesta dialética , entendemos que nós só
existimos como sujeitos, como consciência de si, porque o Outro existe como
consciência oposta a mim. Só me reconheço na diferença. A partir do desejo do
outro que eu passo a questionar sobre o que falei, sobre o que acho que sou.
A relação do sujeito com o seu desejo é
barrada pela dimensão da falta, da ausência de algo que poderia trazer prazer,
harmonia entre o desejo e sua realização, o gozo, porque o desejo é sempre
desejo de outra coisa, ele não se esgota em si mesmo, ele não se encontra
consigo mesmo, porque ele é inalcançável, o objeto do desejo é um objeto
perdido, faltoso, que continua dinamicamente dentro do sujeito procurando
realizar-se de alguma forma. O desejo se realiza no imaginário, e ascende ao
plano simbólico. O objeto do desejo não é uma coisa concreta que se oferece ao
sujeito, ele não é da ordem das coisas, mas da ordem do simbólico.
O desejo sempre vai renascer de forma
idêntica a de como se originou, porque sustentado pela sua falta, pela sua necessidade de gozo, pelo seu prazer, esta
falta da “coisa”, cria um vazio que de novo vai preencher este espaço e tentar
circunscrevê-lo com a ocupação de qualquer objeto, que sempre serão
substitutivos do objeto faltante. De fato o objeto do desejo é sempre
eternamente faltante.
O
desejo sempre vai escapar a síntese do EU, porque o Eu não é uma realidade
original, ele sempre se refere a um Outro.
Podemos nos questionar: Por que o príncípio
do prazer nós é poupado ? Por que as forças e circunstâncias existenciais são
tão aprisionantes? Por que somos todos exceções ? Por que queremos nos fazer
exceções ?
A resposta a estas questões nos sugere pensar que precisamos avançar do príncipio do
prazer para o princípio da realidade, ao qual Fred chama de processo educativo,
que pode nos levar ao insight. Este convite ao princípio da realidade nos faz encontrar
a privação, a frustação, e a angústia da impossibilidade da realização de um
desejo que sustentava em mim no princípio do prazer, pois o que queremos é a
felicidade, e nos deparamos em muitos momentos com o questionamento sobre a
infelicidade, o que é faltante.Importante neste momento é focarmos que lugar ,
que espaço ocupa em mim a felicidade e a infelicidade, quais valores e sentimentos estão falando mais alto na minha história de
sujeito desejante.
As pessoas que não realizam os seus
desejos, seus ideais, ocasionalmente podem gerar neuroses. E as pessoas que
realizam seus desejos , será que se sentem completas ? será que este espaço que estava até então vazio se plenificou ?
Em muitas situações isto não ocorre, devido
a esta impossbilidade de aceitar a plenitude como algo humano, no plano do
possível.
Freud
relata casos de pessoas que adoecem exatamente quando seus desejos mais
desejantes se realizam.O êxito adoece.O fracasso adoece.Tudo é ausência. Tudo é
falta.Tudo é esfacelamento.Como sobreviver emocionalmente a estes hiatos da
vida ? Por certo, o princípio da busca
de si mesmo, dos insights, da educação de nossos princípios de prazer , é que
iremos encontrando o nosso ponto de equilíbrio.
O
desejo se faz palavra na demanda.” Falar é antes de mais nada falar a Outros”.
As demandas circulam em torno do desejo, para ter acesso ao desejo tenho que
ultrapassar as demandas.
Concluimos ,que o desejo não é da ordem da
satisfação, é da ordem da interpretação.Temos que interpretar nosso desejo, e quem nos convoca a esta
interpretação é o Outro.
O
desejo se realiza nos objetos, mas o que os objetos assinalam e sinalizam é que sempre haverá uma
falta, um impedimento, um sinal vermelho.
By:
Jane ( Trabalho de Estruturas Clínicas I )
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