terça-feira, 31 de janeiro de 2012

# Visão Histórica da lingüística- Parte I



   A importância da linguagem em si, e por conseguinte argumento de reflexão filosófica é universalmente reconhecida.É justamente ela que nos dá este poder de registrar, perceber a própria  experiência na condição de ser no mundo.
  Observando a história da filosofia da linguagem, vê-se que entre as escolas filosóficas  que surgiram em Atenas depois de Aristóteles, a que destaca-se para a lingüística é a dos estóicos, fundada por Zenão ( 300 a.c.). Foram eles que formalizaram a oposição que existe entre forma e sentido, distinguindo na linguagem o significado e o significante.
   A língua, é,  não só um instrumento e um conteúdo, mas também em certo sentido um padrão da ciência e da filosofia.
  Entre as ciências encontramos a ciência lingüística, que como todas as outras ciências estão inseridas na vida de relação do homem, na tentativa de entendê-lo em sua totalidade.
   A lingüística é uma ciência fundamentada na observação, é uma ciência empírica que quando observada através de uma teoria e de um método de análise e descrição passa para um  nível científico de investigação, como qualquer outra ciência.
  De fato, este conceito da lingüística, surge nos séculos 19 e 20. Para entendermos a sua trajetória na história da ciência, torna-se necessário ampliarmos a nossa percepção para os momentos de descontinuidade na nossa estrutura teórica, desde os pré-socráticos até os pensadores contemporâneos.
Recorrendo a história, verificaremos que o estudo da linguagem teve o seu início já na época dos pré-socráticos.
   Alguns pré-socráticos como:Pitágoras,Demócrito e Empédoclces, viam a linguagem ligada diretamente a natureza ou divindade, e as viam como um espelho direto e imediato das coisas.Já os sofistas, consideravam convencional tanto a sua origem quanto a sua função.
  Nesta época, Aristóteles (384-322 a.c.), concebe a linguagem como instrumento do pensamento, sendo que o pensamento retorna às coisas, a linguagem tem para ele a função de representar as coisas.Para Aristóteles,é o próprio homem quem escolhe os sons para dar sentido as coisas que vê.
   Já na Idade Média, os escolásticos em (1200-1350), estudavam os signos naturais e os artificiais, e também estudavam a questão da linguagem literal, e a linguagem analógica e simbóloca. A escolástica   foi fortalecida pela fé cristã, associando a razão ao divino.Seguindo os princípios da escolástica, encontramos Santo Tomás de Aquino.
  Opondo-se as idéias escolásticas, surge o empirismo.A questão levantada pelos empiristas era que todo conhecimento humano deriva das impressões sensoriais e das operações que o espírito por meio da abstração e generalização exerce sobre tais impressões. A forma mais rígida deste pensamento aparece com Hume, que rejeita totalmente o componente a priori do conhecimento.
   Outro movimento surge, que por sua vez, traz novas idéias para a lingüística, é o racionalismo. Este se opõe ao empirismo. Os empiristas Locke, Berkeley e Hume, negaram a existência de qualquer idéia inata na mente humana: já os racionalistas defendem a tese das idéias inatas, incluindo aí, as idéias de números, as figuras e os conceitos lógicos e matemáticos.
   Assim, neste mesmo período renascentista, temos os estudos filológicos e filosóficos da linguagem com dois importantes pensadores que dirigem seus estudos para a questão da origem da linguagem, que são: Herder e Humboldt.
   As idéias de Herder (1768), podem ser resumidas nos seguintes termos: a língua não é só um instrumento, mas também um  depósito, porque a experiência e o saber das gerações se acumulam na língua. É , então, o molde segundo o qual os pensamentos se configuram.
  Por outro lado, Humboldt, atribui ao papel formador da linguagem na visão do mundo, uma importância elevada que é nele que vê o objeto fundamentante da lingüística. Para o autor, a criação das representações deriva do verdadeiro estudo das significações dos signos lingüísticos. Podemos dizer que, é através da compreensão destes signos que o homem forma sua visão e mundo. Foi o próprio Humboldt  quem viu na linguagem a função reprodutora . A linguagem  na visão do autor passa a ser o órgão formador do pensamento.A linguagem é,  desta forma , uma habilidade criadora.
   No século XX, com a ascensão da linguagem como objeto de estudo mais sistematizado dos filósofos, ela vem se posicionando com tanta intensidade, que por isto mesmo, passa a ser abordada sob muitos ângulos.
   O marco mais importante do século XX, relativo aos estudos da linguagem, são os escritos do suíço Ferdinand de Saussure. O autor  em questão, dá duas dimensões ou perspectivas ao estudo da linguagem: - a dimensão sincrônica , em que a língua é considerada tal como existe e funciona num dado ponto da linha temporal, e a dimensão diacrônica, em que se focaliza as mudanças que passa a língua no curso do tempo.
  Saussure, dá ao estudo do signo uma importância significativa, que ultrapassa o limite da lingüística, e considera a lingüística como um ramo apenas de uma ciência mais abrangente, a semiologia, cujo objeto é a vida dos signos  na  vida social.
   No pensamento de Saussure, a concepção de língua  como sistema conduz a afirmação de que na língua só há diferenças e que a língua é uma forma e não uma substância.
   Esta análise lingüística tende a  basear-se  em observações semelhantes que levam a considerar como forma tanto o conteúdo, ( plano dos significados), como a expressão (plano dos significantes), pois as funções assumidas pelos elementos de uma língua realizam-se em sistemas que são estudados em suas estruturas.
  Sem dúvida, o procedimento saussuriano, em ressaltar a premência de uma elaboração conceitual para estabelecimento de uma metodologia que o possibilitasse estudar a lingüística, sem apegar-se a visão dogmática do senso comum, muito contribuiu para a comunidade científica neste campo do saber.
  O princípio estruturalista de Saussure  se alinha a toda lingüística moderna, justificando a afirmação saussuriana de que a lingüística tem por único e verdadeiro objeto a língua ,considerada em si mesmo e por si mesmo.
   Já, os rumos do estudo da lingüística americana , tiveram três representantes importantes: Fraz Boas, Edward Sapir e Leonard Bloomfield.
  Segundo o autor R. H. Robins: “.. nas obras dos três referidos  estudiosos, podemos observar as principais linhas de influência que marcaram a fase de formação da lingüística americana.A teoria lingüística norte americana esteve sob o domínio do rigoroso positivismo dos peicólogos behavioristas, particularmente em Bloomfield, que submeteu o seu primeiro livro de lingüística, Na Introduction to linguistic science(London e Nova York, 1941), a uma profunda revisão, a fim de ajustá-lo ao ponto de vista mecanicista de estudioso como A. P. Weiss”...
   Nesta ordem de idéias, não poderíamos deixar de mencionar no campo da lingüística histórica, a Escola Fonológica de Praga. A escola de Praga , foi fundada por um grupo de lingüistas tchecos e outros estudiosos de diferentes nacionalidades, lideradas pelo russo Nikolai Trubertzkoy, que lecionou em Viena de 1923 a 1938. Como representante marcante desta escola , destacamos Roman Jakobson, autor da disciplina fonologia, apresentada em 1928, no congresso internacional de lingüística, em Haia, a tese Proposição 22.
   Jakobson propôs um modelo para a transmissão da comunicação compreendendo um emissor e um receptor ligados entre si por um canal de transmissão através do qual passa uma mensagem cuja construção baseia-se num código, a fim de transmitir um dado relativo à experiência do emissor a respeito do mundo, ou seja, um referente.
   Nesta linha de pensamento, uma outra renovação na história lingüística surge com Noam Chomsky, que foi formado segundo a lingüística de Bloomfield e de E. Sapir. Chomsky é adversário do estruturalismo americano. Ele rejeita a maioria das idéias desta escola.
   Para Choamsky, a linguagem humana, tem como propriedade geral o caráter aberto e a criatividade, ou seja, a capacidade que todo indivíduo tem de produzir e compreender um número indefinidamente grande de frases jamais ouvidas anteriormente e talvez jamais pronunciadas. Este emprego criador da língua materna, diz Choamsky, é normalmente inconsciente e espontâneo na pessoa.Ele criou a gramática gerativa sintagmática (1957) e a gramática transformacional(1965).
   Na publicação de Syntactic Structures, Choamsky inaugura a fase gerativo transformacional da lingüística. O objetivo do autor era realizar uma descrição de tudo o que constitui a competência lingüística do falante, procurando sempre estabelecer um sistema de regras que represente a capacidade criadora que todo sujeito tem, capacidade esta,que lhe permite gerar e compreender um número infinito de frases.

Texto de Jane Givanoite- Apresentado para disciplina: Filosofia da linguagem.




Nenhum comentário:

Postar um comentário