A importância da linguagem em si,
e por conseguinte argumento de reflexão filosófica é universalmente
reconhecida.É justamente ela que nos dá este poder de registrar, perceber a
própria experiência na condição de ser
no mundo.
Observando a história da
filosofia da linguagem, vê-se que entre as escolas filosóficas que surgiram em Atenas depois de Aristóteles,
a que destaca-se para a lingüística é a dos estóicos, fundada por Zenão ( 300
a.c.). Foram eles que formalizaram a oposição que existe entre forma e sentido,
distinguindo na linguagem o significado e o significante.
A língua, é, não só um instrumento e um conteúdo, mas
também em certo sentido um padrão da ciência e da filosofia.
Entre as ciências encontramos a ciência lingüística, que
como todas as outras ciências estão inseridas na vida de relação do homem, na
tentativa de entendê-lo em sua totalidade.
A lingüística é uma ciência fundamentada na observação, é
uma ciência empírica que quando observada através de uma teoria e de um método
de análise e descrição passa para um
nível científico de investigação, como qualquer outra ciência.
De fato, este conceito da lingüística, surge nos séculos 19
e 20. Para entendermos a sua trajetória na história da ciência, torna-se necessário
ampliarmos a nossa percepção para os momentos de descontinuidade na nossa
estrutura teórica, desde os pré-socráticos até os pensadores contemporâneos.
Recorrendo a história, verificaremos que o estudo da
linguagem teve o seu início já na época dos pré-socráticos.
Alguns pré-socráticos como:Pitágoras,Demócrito e
Empédoclces, viam a linguagem ligada diretamente a natureza ou divindade, e as
viam como um espelho direto e imediato das coisas.Já os sofistas, consideravam
convencional tanto a sua origem quanto a sua função.
Nesta época, Aristóteles (384-322 a.c.), concebe a linguagem
como instrumento do pensamento, sendo que o pensamento retorna às coisas, a
linguagem tem para ele a função de representar as coisas.Para Aristóteles,é o
próprio homem quem escolhe os sons para dar sentido as coisas que vê.
Já na Idade Média, os escolásticos em (1200-1350), estudavam
os signos naturais e os artificiais, e também estudavam a questão da linguagem
literal, e a linguagem analógica e simbóloca. A escolástica foi fortalecida pela fé cristã, associando a
razão ao divino.Seguindo os princípios da escolástica, encontramos Santo Tomás
de Aquino.
Opondo-se as idéias escolásticas, surge o empirismo.A
questão levantada pelos empiristas era que todo conhecimento humano deriva das
impressões sensoriais e das operações que o espírito por meio da abstração e
generalização exerce sobre tais impressões. A forma mais rígida deste
pensamento aparece com Hume, que rejeita totalmente o componente a priori do
conhecimento.
Outro movimento surge, que por sua vez, traz novas idéias
para a lingüística, é o racionalismo. Este se opõe ao empirismo. Os empiristas
Locke, Berkeley e Hume, negaram a existência de qualquer idéia inata na mente
humana: já os racionalistas defendem a tese das idéias inatas, incluindo aí, as
idéias de números, as figuras e os conceitos lógicos e matemáticos.
Assim, neste mesmo período renascentista, temos os estudos
filológicos e filosóficos da linguagem com dois importantes pensadores que
dirigem seus estudos para a questão da origem da linguagem, que são: Herder e
Humboldt.
As idéias de Herder (1768), podem ser resumidas nos
seguintes termos: a língua não é só um instrumento, mas também um depósito, porque a experiência e o saber das
gerações se acumulam na língua. É , então, o molde segundo o qual os
pensamentos se configuram.
Por outro lado, Humboldt, atribui ao papel formador da
linguagem na visão do mundo, uma importância elevada que é nele que vê o objeto
fundamentante da lingüística. Para o autor, a criação das representações deriva
do verdadeiro estudo das significações dos signos lingüísticos. Podemos dizer
que, é através da compreensão destes signos que o homem forma sua visão e
mundo. Foi o próprio Humboldt quem viu
na linguagem a função reprodutora . A linguagem
na visão do autor passa a ser o órgão formador do pensamento.A linguagem
é, desta forma , uma habilidade
criadora.
No século XX, com a ascensão da linguagem como objeto de
estudo mais sistematizado dos filósofos, ela vem se posicionando com tanta
intensidade, que por isto mesmo, passa a ser abordada sob muitos ângulos.
O marco mais importante do século XX, relativo aos estudos
da linguagem, são os escritos do suíço Ferdinand de Saussure. O autor em questão, dá duas dimensões ou perspectivas
ao estudo da linguagem: - a dimensão sincrônica , em que a língua é considerada
tal como existe e funciona num dado ponto da linha temporal, e a dimensão diacrônica,
em que se focaliza as mudanças que passa a língua no curso do tempo.
Saussure, dá ao estudo do signo uma importância significativa,
que ultrapassa o limite da lingüística, e considera a lingüística como um ramo
apenas de uma ciência mais abrangente, a semiologia, cujo objeto é a vida dos
signos na vida social.
No pensamento de Saussure, a concepção de língua como sistema conduz a afirmação de que na
língua só há diferenças e que a língua é uma forma e não uma substância.
Esta análise lingüística tende a basear-se em observações semelhantes que levam a
considerar como forma tanto o conteúdo, ( plano dos significados), como a
expressão (plano dos significantes), pois as funções assumidas pelos elementos
de uma língua realizam-se em sistemas que são estudados em suas estruturas.
Sem dúvida, o procedimento saussuriano, em ressaltar a premência
de uma elaboração conceitual para estabelecimento de uma metodologia que o
possibilitasse estudar a lingüística, sem apegar-se a visão dogmática do senso
comum, muito contribuiu para a comunidade científica neste campo do saber.
O princípio estruturalista de Saussure se alinha a toda lingüística moderna,
justificando a afirmação saussuriana de que a lingüística tem por único e
verdadeiro objeto a língua ,considerada em si mesmo e por si mesmo.
Já, os rumos do estudo da lingüística americana , tiveram
três representantes importantes: Fraz Boas, Edward Sapir e Leonard Bloomfield.
Segundo o autor R. H. Robins: “.. nas obras dos três
referidos estudiosos, podemos observar
as principais linhas de influência que marcaram a fase de formação da lingüística
americana.A teoria lingüística norte americana esteve sob o domínio do rigoroso
positivismo dos peicólogos behavioristas, particularmente em Bloomfield, que
submeteu o seu primeiro livro de lingüística, Na Introduction to linguistic
science(London e Nova York, 1941), a uma profunda revisão, a fim de ajustá-lo
ao ponto de vista mecanicista de estudioso como A. P. Weiss”...
Nesta ordem de idéias, não poderíamos deixar de mencionar no
campo da lingüística histórica, a Escola Fonológica de Praga. A escola de Praga
, foi fundada por um grupo de lingüistas tchecos e outros estudiosos de
diferentes nacionalidades, lideradas pelo russo Nikolai Trubertzkoy, que
lecionou em Viena de 1923 a 1938. Como representante marcante desta escola ,
destacamos Roman Jakobson, autor da disciplina fonologia, apresentada em 1928,
no congresso internacional de lingüística, em Haia, a tese Proposição 22.
Jakobson propôs um modelo para a transmissão da comunicação
compreendendo um emissor e um receptor ligados entre si por um canal de
transmissão através do qual passa uma mensagem cuja construção baseia-se num
código, a fim de transmitir um dado relativo à experiência do emissor a
respeito do mundo, ou seja, um referente.
Nesta linha de pensamento, uma outra renovação na história lingüística
surge com Noam Chomsky, que foi formado segundo a lingüística de Bloomfield e
de E. Sapir. Chomsky é adversário do estruturalismo americano. Ele rejeita a
maioria das idéias desta escola.
Para Choamsky, a linguagem humana, tem como propriedade
geral o caráter aberto e a criatividade, ou seja, a capacidade que todo
indivíduo tem de produzir e compreender um número indefinidamente grande de
frases jamais ouvidas anteriormente e talvez jamais pronunciadas. Este emprego
criador da língua materna, diz Choamsky, é normalmente inconsciente e
espontâneo na pessoa.Ele criou a gramática gerativa sintagmática (1957) e a
gramática transformacional(1965).
Na publicação de Syntactic Structures, Choamsky inaugura a
fase gerativo transformacional da lingüística. O objetivo do autor era realizar
uma descrição de tudo o que constitui a competência lingüística do falante,
procurando sempre estabelecer um sistema de regras que represente a capacidade
criadora que todo sujeito tem, capacidade esta,que lhe permite gerar e
compreender um número infinito de frases.
Texto de Jane Givanoite- Apresentado para disciplina:
Filosofia da linguagem.