Doenças da alma
Na
forja moral da luta em que temperas o caráter e purificas o sentimento, é
possível acredites estejas sempre no trato de pessoas
normais, simplesmente porque se mostrem com a ficha de sanidade física.
Entretanto, é preciso lembrar que as moléstias
do espírito também se contam. O companheiro que te fala, aparentemente
tranqüilo, talvez guarde no peito a lâmina esbraseada de terrível desilusão.
A irmã que te recebe,
sorrindo, provavelmente carrega o coração ensopado de lágrimas.
Surpreendeste amigos de olhos calmos e frases doces, dando- te a impressão de
controle perfeito, que soubeste, mais tarde, estarem caminhando na direção da
loucura.
Enxergaste outros, promovendo festas e
estadeando poder, a escorregarem, logo após, no engodo da delinquência.
É que as enfermidades do espírito atormentavam
as forças da criatura, em processos de corrosão inacessíveis à diagnose
terrestre.
Aqui, o egoísmo sombreia a visão; ali, o ódio
empeçonha o cérebro; acolá, o desespero materializa fantasmas; adiante, o ciúme
converte a palavra em látego de morte...
Não observes o
semelhante pelo caleidoscópio das aparências. É necessário reconhecer que todos
nós, espíritos encarnados e desencarnados em serviço na Terra, ante o volume
dos débitos que contraímos nas existências passadas, somos doentes em laboriosa
restauração.
O
mundo não é apenas a escola, mas também o hospital em que sanamos
desequilíbrios recidivantes, nas reencarnações regenerativas, através do sofrimento e do suor, a funcionarem por medicação compulsória.
Deixa, assim, que a compaixão retifique em ti
próprio os velhos males que toleras nos outros.
Se alguém te fere ou desgosta, debita-lhe o gesto
menos feliz à conta da moléstia obscura de que ainda se faz portador.
Se
cada pessoa ofendida pudesse ouvir a voz inarticulada do Céu, no instante em
que se vê golpeada, escutaria, de pronto, o apelo da Misericórdia Divina:
“Compadece-te”.
Todos somos enfermos pedindo
alta.
Compadeçamo-nos uns
dos outros, a fim de que saibamos auxiliar. E mesmo que te vejas na obrigação
de corrigir alguém – pelas reações dolorosas das doenças da alma que ainda
trazemos –, compadece-te mil vezes antes de examinar uma só.
Lição 48 do Livro Justiça Divina - Emmanuel.
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