quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

# A Pós- modernidade e suas complexidades #

                               
    Do ponto de vista social , vivemos hoje a sociedade pós-moderna, e em linguagem econômica uma sociedade pós-industrial. Na década de 50 começa toda  esta discussão.
     Na década de 50, grandes mudanças ocorreram na sociedade e no mercado financeiro. Chega o Império Capitalista, o fortalecimento do Estado a Burocracia o Liberalismo e a Família Patriarcal. A saída das mulheres para o trabalho, o aumento dos divórcios, a falta de apoio educacional para as crianças, a recessão econômica, aumentando a jornada de trabalho gerando um grande impacto nas mudanças de comportamento, na reogarnização do pós guerra impactando uma nova geração voltada para a reconstrução do arcabouço material do que foi destruído e esquecendo-se da construção de sua individuação, da sua humanização.
    Para Deleuze, saímos de uma sociedade de confinamento, do espaço de rotinização do tempo, para uma sociedade de controle, cuja permanência é uma de suas características. O uso exagerado computador, as idas  ao shopping por longas horas, o vício de assistir por por muitas  horas TV, passear nos aeroportos, imaginando  uma viagem que talvez demore um pouco,um observar da vida do outro que gera uma ansiedade,  e talvez uma frustração,o apelo ao mundo de consumo e a diversão que fundamenta-se  no puro exibicionismo de certa forma alimenta nosso ego, que ainda não consegue distinguir bem o que é necessário do que é supérfluo.Ficamos nesta sociedade do controle midiático  com o piloto automático ligado.O lazer, a diversão, a viagem, as compras quando acionadas pela nossa razão e bom senso, nos traz bem estar, alegria,desapego e aprendemos a ser livres de coisas e das aparências.

     A Hipermodernidade a partir de 2000 é caracterizada por uma cultura do excesso, do sempre mais. Todas as coisas se tornam intensas e urgentes. O movimento é uma constante e as mudanças ocorrem em um ritmo muito acelerado determinando um tempo marcado pelo efêmero, no qual a flexibilidade e a fluidez aparecem como tentativas de acompanhar essa velocidade. 
  Hipermercado, hiperconsumo, hipertexto, hipercorpo: tudo é elevado à potência do mais, do maior. A hipermodernidade revela o paradoxo da sociedade contemporânea: a cultura do excesso e da moderação. Temos excessos em Ter e moderação em Ser.

  O homem pós-moderno procura por intensas sensações, emoções sem limites, sentir o máximo de emoções e o mínimo de dor. Muitos se anestesiam nas bebidas e nas drogas para falsamente minimizarem suas dores, achando que assim estão tendo fortes emoções, ficam neste ciclo vicioso.

   O objeto de consumo do homem pós moderno é estar na onda do desejo pelo NOVO. É o novo que lhe dá a possibilidade de ser melhor e diferente do outro. É o celular mais moderno que determinará que está em evidência, assim desperta a atenção do outro,   e o desejo pelo seu objeto de consumo. Talvez por isto que muitas pessoas sofrem quando estão envelhecendo, entrando em depressão, o "novo" dura dois, seis meses, a nossa juventude pode passar por longos anos até chegar a maturidade, porque chega um ponto que o Botox não dá mais conta de amortecer as marcas do tempo. Pois bem, este caso reforça  uma das marcas da pós modernidade que  é a própria vontade de LIBERDADE e ao mesmo tempo a constatação da FALÊNCIA das METANARRATIVAS EMANCIPADORAS. Nos prometeram o elixir da juventude e agora José ? Nos prometeram a felicidade com os avanços tecnológicos, e agora José ? Nos prometeram....
     A ilusão moderna de que há uma luz no fim do túnel, está desaparecendo.O que está em declínio é a certeza de que os ideais modernos nos guiariam até uma sociedade boa, justa, igualitária, fraterna, socialmente justa. Mas, nós esquecemos de buscar, lutar por estas metas com a bandeira da democracia, com a luta dos direitos humanos, com as reivindicações sindicais. Delegamos aos outros o que era competência nossa como cidadãos.
   O resultado disto são comportamentos em que não existe reflexão dos efeitos, nos quais as consequências não importam, nossos atos são desprovidos de implicações maiores, o outro é negado e a responsabilidade deixa de ser uma necessidade. Há falta de espaços públicos e privados  e de  lideranças  para profundas reflexões  sobre que  sociedade estamos construindo, que sociedade nós brasileiros queremos..
   O Sujeito moderno é  eternamente insatisfeito, frustado com sua realidade, preso na sedução da imagem,  com grande angústia existencial, e se sente  impotente quando pensa em seu futuro.
   A lógica de nossa sociedade pelo que observamos, é a indiferença , a hiper valorização do mundo virtual, a prevalência do efêmero, do fragmentário, do descontínuo, da onipresença da cultura narcisista de massa, a celebração do consumo como expressão pessoal, enfim,  o caótico.
   O que esta ocorrendo é  a anulação da dimensão do privado, tornando-se tudo público, do cotidiano dos ansiosos por fama,  revistas de famosos, jornalismo sensacionalista.Tudo se tornou muito próximo, invasivo, impertinente.
    O mal estar pós moderno é visível e trivial, vende-se como lazer ou ócio criativo o que gera stress, perversão, depressão e tédio na sociedade. É o exibicionismo em revistas , são vândalos queimando o patrimônio público, em vários países, mas em específico no Brasil está se tornando uma rotina com articulações desprovidas de qualquer sentimento de pertencimento  social; são cidadãos sem  hospital público para que sejam  atendidos com dignidade, porque as obras faraônicas estão aspirando o dinheiro público, sabe-se lá quando este saco furado do aspirador vai ser trocado por um com fundilhos mais resistentes; são vídeos na internet  de péssimo gosto, toscos, na busca do sucesso rápido.
  Os valores da nossa sociedade hipermoderna são: o novo, o fugidio, o efêmero, o fugaz, o individualismo, a globalização, o hedonismo, o prazer. 
    A publicidade é impactante e manipula os desejos humanos, promovendo a sedução, criando novas imagens e signos, dizendo que tal coisa é agora um ESTILO DE VIDA. Será?  
   Como podemos perceber esta realidade que vivemos torna cada vez mais banal a vida e nos atira numa relação individualista e potencialmente destrutiva.
  O nosso desenvolvimento sócio cultural e político  reflete o nosso estado ainda imaturo emocionalmente, nosso relacionamento com a vida  nem sempre é muito saudável, nosso psiquismo ainda flutua  entre o  individualismo e os lampejos de afabilidade , doçura e acolhimento  com nossos semelhantes, para que possamos minimizar a carga auto destrutiva que muitas vezes acionamos dos nossos arquivos atávicos, reativando nossas doenças da alma.
  Precisamos pois, acreditar na vida, no seu magnânimo potencial de energias curativas e renovadoras que a natureza nos presenteia a cada dia e com esta confiança sempre dialogarmos com a ética, indo ao encontro da sinfonia cósmica  para sairmos vencedores das teias deste momento de transição que a voracidade da modernidade embaraça nosso entendimento nos arrastando muitas vezes  para o Ter  em detrimento da busca de nossa paz interior, do nosso silêncio interno, que nos convida a meditação, a razão, a criatividade e a reflexão,  sobre o nosso Planeta na busca de alternativas para a  Sustentabilidade Social que é um conjunto de ações que visam melhorar a qualidade de vida da população, visando diminuir as desigualdades sociais, ampliar os direitos e garantir acesso aos serviços de educação e saúde, entre outros, possibilitando as pessoas acesso pleno à cidadania.


           Jane

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