quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

# NA NEUROSE OU NA PSICOSE ? #


           
   Muitas vezes usamos de forma ofensiva ou pejorativamente  a palavra "neurótico". Muitos usam a palavra "neurose" como sinônimo de loucura, o que não procede.
  Somos todos nós neuróticos em sua grande maioria. Alguns com sintomas mais complexos e outros com neuroses mais lights, bem administradas pelo ego.
   Nada tem a ver com o tom ofensivo que é usado no senso-comum. É apenas uma forma de existir, de se expressar no mundo.
         A Neurose é uma reação exagerada do sistema emocional em relação a uma experiência vivida , uma reação vivencial. A Neurose é uma maneira da pessoa SER e de reagir à vida.
        Essa maneira de ser neurótica significa que a pessoa reage à vida através de reações vivenciais não normais; seja no sentido dessas reações serem desproporcionais, seja pelo fato de serem muito duradouras, seja pelo fato delas existirem mesmo sem que exista uma causa vivencial aparente.
Quadros clínicos comuns à Neurose:
Transtorno Obsessivo Compulsivo; Histeria; Transtornos Ansiosos; Transtornos Fóbicos; Pânico; Quadros Depressivos , entre outros.
(As Good as it Gets , FILME TRADUZIDO PARA -Melhor é Impossível RETRATA BEM OS SINTOMAS NEURÓTICOS VIVIDOS PELO PERSONAGEM INTERPRETADO POR JACK NICHOLSON -1997  -TRAILER-)
        Já a Psicose é um transtorno psiquiátrico. Uma das principais características evidente num indivíduo com esse distúrbio, é a desconexão com a realidade, que se revela em alucinações, delírios, e comportamento inadequado.Há assim mudança de personalidade e a presença de pensamentos desorganizados. Estes comportamentos são frequentemente acompanhado por uma falta de "crítica" ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o caráter estranho ou extravagante do seu comportamento. Desta forma surgem também dificuldades de interação social e em cumprir normalmente as atividades de vida diária.
            Algumas considerações tópicas sobre a neurose e a psicose.
Neurose:
- Fator de predominância da influência da realidade.
-Fuga da vida real.
- Ego se dispõe à repressão de um impulso instintual.
- Não repudia a realidade, mas a ignora.
-  Na neurose, geralmente se contenta em evitar o fragmento de realidade que o incomoda e  protege-se  de entrar em contato com ele.
- Cria um mundo de fantasia, que fica separado do mundo externo real, onde haure o material para construções de desejo, que liga-se a um fragmento da realidade.
Psicose:
-Repudia a realidade e tenta substituí-la.
-A transformação da realidade é executada sobre os precipitados psíquicos de antigas relações com ela.(traços de memória, idéias, julgamentos) é uma relação aberta.
-Esta relação aberta gera alucinações, delírios, ansiedades, que se processam no remodelamento que é levada contra as forças que se opõe à sua percepção da realidade.
-Na psicose o mundo da fantasia é o depósito que derivam os materiais para se construir, remodelar o imaginário mundo externo e colocar-se no lugar da realidade externa.
       O equilíbrio mental pode ser considerado um equilíbrio instável, que pode ser perturbado pelo efeito de alterações que ocorrem dentro das redes comunicativas nas quias os indivíduos interagem.
          Causas como uma perda, uma desilusão, uma tarefa difícil, podem desencadear um conflito e esse conduzir à neurose. Estes acontecimentos conflituosos, podem adquirir características tanto por seu caráter quantitativo, quanto por seus aspectos qualitativos, ou seja, pela significação que o acontecimento atual desencadeou nos conteúdos inconscientes de um dado indivíduo, em  um dado momento de sua vida.
        Do ponto de vista do ego, a neurose consiste na quebra do equilíbrio dinâmico do sujeito gerando o estabelecimento de um conflito que perturba sua adaptação, tornando-se um fator desencadeante para a manutenção deste estado.
         O conflito atual, produz um estado de mal estar e tensão que determina muitas vezes, uma regressão a antigas formas de adaptação que são os pontos de fixação.
         Todo sintoma neurótico é uma tentativa de expressão de um fragmento do passado que volta a manifestar-se. Um sintoma é uma sequência de mensagens que, pela natureza do processo expressa afirmações ou mensagens que serão decodificadas pelo analista.
          O sintoma é um retorno da verdade. Ele não se interpreta a não ser na ordem do significante, que só tem sentido em sua relação com outro significante.
     Quanto a neurose obsessiva, Freud  comenta que as idéias obsessivas são autoacusações transformadas que reemergiram da repressão em algum momento da infância, que relaciona-se com o desenvolvimento da libido.
         Quando ocorre a frustração  quanto ao objeto de desejo, pode haver  o surgimento da neurose, onde neste momento envolve uma renúncia ao objeto real. A libido que é retirada deste objeto de desejo, agora renunciado, reverte-se para um objeto que é fantasiado, ou está de alguma forma reprimido.Esta energia investida neste objeto , persiste no sistema inconsciente.
         O psicótico, não vive a angústia, as dores e conflitos de sua existência, tem a impossibilidade de construir um sentido, um laço com o social.Já com o neurótico, mesmo com sua relação aflitiva, traumática, consegue fazer laços com o social e sua fala de forma mais inteligível propicia um trabalho de análise e tratamento mais favorável.

 Jane      (Trabalho de Estruturas Clínicas I)

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