Maurice Merleau- Ponty, nasceu em 1908 e morreu em 1961. Seu
primeiro livro filosófico foi –A Estrutura do comportamento, publicado em 1942.
Ponty é seguidor dos postulados de Edmund Husserl, que viveu de 1859 a 1938 e
manteve cadeiras sucessivas na Universidade de Cottingen e Freiburg. Husserl
estudou em Viena , foi aluno de Franz Bretano.
No parecer de Ponty, a fenomenologia da linguagem
apresenta-se em seu primeiro momento com Husserl da 4ª das Investigações
Lógicas, como uma tentativa de apreensão da essência de toda linguagem
concebível. A incubência do fenomenológo consistiria na elaboração de uma
eidética da linguagem, uma gramática pura, que enumerasse e descrevesse as
formas de significação universais que seriam atributos precípuos de toda
linguagem de fato.
Para Ponty, a questão da palavra surge da experiência
humana. É no encontro do humano e do inumano, que a linguagem se apresenta como
um comportamento do mundo. A linguagem fenomenológica tenta descrever a
experiência vivida, explicitando seu sentido.
A fenomenologia procura não se limitar aos fenômenos,
fechando a consciência em seus próprios estados, mas, de tratar o que nos
aparece a consciência como um fato universal.A fenomenologia renuncia o
absoluto e procura nos fenômenos a vida de acesso ao ser e procura a
racionalidade na sua própria contingência ontológica.
Merleau-Ponty, nos seus estudos tenta descrever o fenômeno da
fala, ultrapassando definitivamente a dicotomia clássica entre sujeito e
objeto. Ponty tenta o movimento de integração que se faz no corpo, dentro de
sua unidade para fazer sua análise sobre
a questão da lingüística .
Thomas R. Giles, em estudo sobre Ponty, nos diz que: “ .. as
palavras podem ser “as fortalezas do pensamento”, e o pensamento só pode
procurar a expressão, se as palavras forem por si mesmas um texto compreensível
e possuírem uma força de significação que lhes seja própria.É necessário que,
de uma maneira ou de outra, a palavra e a fala deixem de ser uma maneira de
significar o objeto ou o pensamento, para tornar-se presença deste pensamento
no mundo sensível, não sua vestimenta, mas seu emblema ou seu corpo. É preciso
que haja, como afirmam os psicólogos, um “conceito lingüístico”, ou um conceito
verbal, graças a qual o som ouvido, pronunciado, escrito ou lido se torne de
fato de linguagem”
Desde que o homem se serve da linguagem para estabelecer uma relação viva consigo
mesmo ou com seus semelhantes , a linguagem já não é mais um instrumento, já
não é um meio, uma manifestação, uma revelação do ser íntimo e do laço psíquico
que nos une ao mundo e aos nossos semelhantes. Ponty, propõe a idéia de um
pensamento ligado ao mundo pela dimensão do corpo próprio. Isto quer dizer, que
a experiência do vivido deve sempre estar vinculada a crítica do cogito, e que
não está limitada a questão da consciência, mas que se projeta para além dela,
para um horizonte mais distante.
A palavra é a própria presença do pensamento do
mundo sensível. Podemos dizer, que a linguagem nos transcende, mas todavia
apesar disto falamos. Os estudos do autor, nos leva a entender que não há por
detrás da linguagem um pensamento
transcendente, mas o pensamento se transcende na fala.
Para Ponty , “ a fala não é o símbolo do pensamento se se
entende por isso um fenômenoo que anuncia um outro, como a fumaça anuncia o
fogo. A fala e o pensamento só admitiriam essa relação exterior, se fossem uma
e outra tematicamente dados. De fato, eles estão englobados um no outro, o
sentido é tamado na palavra e a palavra é a existência do sentido. Já, não se
pode admitir, como se faz comumente, que a palavra seja um simples meio de
fixação ou, ainda, o invólucro ou a vestimenta do pensamento.”
Nesta ótica, é só através da relação com o mundo que o homem
define a sua linguagem e se comunica com a humanidade, se integrando na
comunidade imediata e mediata a ele. É nesta experiência do sujeito falante que
surge a fenomenologia da linguagem, que se coloca em oposição radical entre a
filosofia da linguagem clássica que vê na linguagem a questão do significado e
do significante como elementos centrais, fechados em si mesmos.
A visão fenomenológica vai além desta relação significado X
significante, ela nos possibilita refletir sobre a nossa experiência do vivido,
não nos reduzindo simplesmente ao plano de nossa consciência, mas, nos
mostrando um horizonte que também lhe escapa, nos permitindo uma constante
crítica sobre a própria evidência do nosso cogito.
Nesta perspectiva, a linguagem é importante, não apenas pela
função descritiva e comunicativa, mas também pela função existencial. A palavra
testemunha a nossa existência para nós e para os outros.
Portanto, as tentativas que são feitas para delimitar a
linguagem humana nos limites da ciência, estão voltadas à falência, assim como
todas as tentativas que optarem pelos caminhos estritamente científicos.
Concluimos que para de fato compreendermos o homo loquens
torna-se mister ultrapassarmos os limites estreitos da ciência tradicional e nos voltarmos para a
abrangência metafísica .
Jane
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