sábado, 4 de fevereiro de 2012

# Histórico do Serviço Social Clínico- parte I


Histórico do Serviço Social Clínico- parte I
 

   Segundo Frank Bruno, é difícil estabelecer quanto o termo “casework” começou a ficar em voga, mas  ele nos diz que este termo apareceu em 1897.
  O Serviço Social Clínico americano  teve seu início marcado no ano de 1919, em uma  conferência nacional, no qual Mary Jarret leu o seu trabalho intitulado “The Psychiatric Thread Running Through all Social Casework”. Os Assistentes Sociais presentes nesta conferência chegaram a conclusão que de fato, a maioria de seus clientes apresentavam problemas de ordem psiquiátrica, 50% dos casos descritos por Jarret apresentavam estas características no seu diagnóstico social. A cerca desta questão levantada, começou a surgir o movimento de orientação sobre saúde mental, que deu ao Assistente Social um novo sentido no tocante a seu campo de estudo. As questões abordadas no campo psiquiátrico, passaram a ter para o Serviço Social uma importância bastante significativa.
   Em  1918, o Smith College abriu uma escola de treinamento para Assistente Social no campo psiquiátrico. O corpo docente era formado por MarY Jarret do “ The  Boston Psychopatic  Hospital” , Jessie Taft de New York,  Anna King do “ The Boston Red Cross”, tendo a participação de Adoph Meyer e Willian Healy, em algumas conferências neste mesmo ano.
  Nesta época,o The New York School, organizou um departamento de saúde mental (Mental Hygiene) para atender a esta demanda. Marion Kenworthy fez parte do corpo docente em 1921 e em 1922 surge dois novos cursos: Humam Behavior and it’s disorders e Psychology of individual differences.
   Com apenas um ano de existência, um número muito grande  de Assistentes Sociais procuravam estes cursos. Em 1923, neste Departamento foram iniciados cursos de : psicopatologia, comportamento humano, clínica psiquiátrica, saúde mental e psicologia criminal. Neste momento as duas correntes psicológicas mais estudadas eram o Behaviorismo com Watson e a psicanálise com Sigmund Freud.
   A divulgação destas idéias foram aos poucos aparecendo nas conferências e livros. Em 1930, foi publicado “The Family”, no vol I , Jessie Taft escreveu um artigo que falava da nova psicologia(psicanálise). O tema era “Problems of Social casework with children”. Em outubro Taft escreveu outro artigo “ The Social Workers opportunity”  a oportunidade a qual ela se refere é a do tratamento das pessoas através do insight , através da abordagem psicanalítica.
  Em 1924, Helen Myrick escreveu “The Mental Hygiene Movement in Social Casework” disse que praticamente todos os Assistentes Sociais da United Charities (Chicago) tinham feito cursos de psiquiatria ou psicologia. Em 1926, Dr. Marion Kenworthy, publicou um  artigo que teve muita influência na época, o tema abordado foi “ Psychoanalytic Concepts in Mental Hygiene”, o que se destaca neste momento é que pela primeira vez foram discutidas as teorias de Freud no mais importante jornal de caso social da época, fato este que veio a aproximar do serviço social novos clientes que surgiram da classe média, cujos problemas necessariamente não tinham que estar ligados ao problema da pobreza, que sempre havia sido o enfoque da profissão .O cliente tornava-se primariamente a fonte de todos os dados. Nesta fase, o Serviço Social fica  com um enfoque da psicanálise , vendo o tratamento  com uma ênfase maior nos fatores psicológicos do que estritamente os fatores sócios econômicos.
  A psicologia freudiana trouxe com ela dois princípios para o casework, que são: o comportamento é determinado e alguns destes comportamentos são inconscientes e irreconhecíveis para o próprio cliente.
  Com estas novas idéias, as Assistentes Sociais observaram que só a situação externa da vida do cliente não era suficiente para responder os problemas que eram apresentados por eles. Com este novo enfoque psicológico ficou evidenciado que a chave do tratamento se encontrava nas questões mais profundas trazidas pelos clientes, nas questões que passavam pela sua consciência e as questões que rondavam o seu mundo inconsciente, através dos conflitos infantis e sexuais. É nesta época que os Assistentes Sociais também se submetem a fazer a sua própria análise.
   O Serviço Social estava em uma fase que os americanos chamavam de “ Age of Passivity”. Era uma época de grandes contradições internas que o Serviço Social passava no que diz respeito a sua especificidade. Acerca deste momento, Hamilton, Reynolds, Taft, Marcus, Robinson e Lein, percebendo a situação de mudança optaram por uma nova perspectiva causada pelo impacto das teorias freudianas.
Em 1932, foram editados livros de Serviço Social que tratavam da psicanálise e estava sendo estudado as técnicas de aplicação dos métodos freudianos na teoria do Serviço Social de Casos.
   O número de clientes aumentou nas agências, e um novo tipo de  realidade econômica estava se manifestando, devido a grande depressão econômica ( 1929), a  pobreza tinha ultrapassado as possibilidades de intervenção do assistente Social. Neste momento o Assistente Social olhava mais atentamente para as necessidades econômicas  da realidade do cliente. Segundo Florence Hollis, isto retrarou a necessidade destes profissionais se alertarem quanto a clarificação e o limite de sua prática.
    Em 1935, surge “ The Social Security Act”, que trouxe rapidamente a expansão das agências públicas. Os Assistentes Sociais estavam bem cautelosos quanto a este tipo de participação do governo nos serviços sociais e viram esta alternativa como um fato inevitável.
   Os Assistentes Sociais começaram a seguir o espírito do “ New deal”, e logo foi ocorrendo  a corrida dos Assistentes Sociais para as agências públicas. Paralelamente, muitas clínicas de orientação infantil que tiveram um grande crescimento devido ao movimento “The Mental Hygiene”, foram obrigadas a fecharem as portas, e os Assistentes Sociais psiquiátricos não tiveram muito espaço nas agências de família para assumirem a posição de liderança que vinham exercendo.
   Neste momento duas forças opostas estavam ocorrendo, primeiro os Assistentes Sociais de família ( Family Workers) estavam se transferindo para as agências públicas , e segundo, surgiram os novos “family workers”, que começaram com a clínica de orientação infantil  utilizando a psicologia freudiana. Neste momento há uma bifurcação entre dois modelos, um que queria fazer parte da nova ordem intelectual e outro que estava a favor da classe conservadora.
   Neste período de crise nos Estados Unidos, os Assistentes Sociais, junto as agências públicas atenderam a um número significativo  de clientes, o que possibilitou o desenvolvimento de seu trabalho e o reconhecimento de seus serviços pela sociedade.
    Em 1936, Anna Freud, publicou o “Ego e seus mecanismos de defesa”, e mais uma vez o mundo do ego se abre para o Serviço Social de Casos. Nesta fase , não era visto  só  as questões do Id e de seus conflitos infantis, mas a adaptação do cliente ao seu grupo social. O Ego, em parte significa a consciência e a realidade, e realidade de uma certa forma significa a ordem social e econômica. A força do Ego, mecanismo de defesa, adaptação, resistência, transferência, contratransferência... eram as palavras do momento para o Serviço Social.

Texto de Jane Givanoite

Continua o texto com  conclusão e bibliografia ao final.

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