Histórico do Serviço Social Clínico- parte I
Segundo Frank Bruno, é difícil
estabelecer quanto o termo “casework” começou a ficar em voga, mas ele nos diz que este termo apareceu em 1897.
O Serviço Social Clínico
americano teve seu início marcado no ano
de 1919, em uma conferência nacional, no
qual Mary Jarret leu o seu trabalho intitulado “The Psychiatric Thread Running
Through all Social Casework”. Os Assistentes Sociais presentes nesta
conferência chegaram a conclusão que de fato, a maioria de seus clientes apresentavam
problemas de ordem psiquiátrica, 50% dos casos descritos por Jarret
apresentavam estas características no seu diagnóstico social. A cerca desta
questão levantada, começou a surgir o movimento de orientação sobre saúde
mental, que deu ao Assistente Social um novo sentido no tocante a seu campo de
estudo. As questões abordadas no campo psiquiátrico, passaram a ter para o
Serviço Social uma importância bastante significativa.
Em 1918, o Smith College abriu uma escola de
treinamento para Assistente Social no campo psiquiátrico. O corpo docente era
formado por MarY Jarret do “ The Boston Psychopatic
Hospital” , Jessie Taft de New York, Anna King do “ The Boston Red Cross”, tendo a
participação de Adoph Meyer e Willian Healy, em algumas conferências neste
mesmo ano.
Nesta época,o The New York
School, organizou um departamento de saúde mental (Mental Hygiene) para atender a esta demanda. Marion Kenworthy fez parte do corpo docente em 1921 e em 1922 surge dois novos cursos: Humam
Behavior and it’s disorders e Psychology of individual differences.
Com apenas um ano de existência,
um número muito grande de Assistentes
Sociais procuravam estes cursos. Em 1923, neste Departamento foram iniciados
cursos de : psicopatologia, comportamento humano, clínica psiquiátrica, saúde
mental e psicologia criminal. Neste momento as duas correntes psicológicas mais
estudadas eram o Behaviorismo com Watson e a psicanálise com Sigmund Freud.
A divulgação destas idéias foram
aos poucos aparecendo nas conferências e livros. Em 1930, foi publicado “The
Family”, no vol I , Jessie Taft escreveu um artigo que falava da nova psicologia(psicanálise).
O tema era “Problems of Social casework with children”. Em outubro Taft
escreveu outro artigo “ The Social Workers opportunity” a oportunidade a qual ela se refere é a do
tratamento das pessoas através do insight , através da abordagem psicanalítica.
Em 1924, Helen Myrick escreveu “The
Mental Hygiene Movement in Social Casework” disse que praticamente todos os
Assistentes Sociais da United Charities (Chicago) tinham feito cursos de
psiquiatria ou psicologia. Em 1926, Dr. Marion Kenworthy, publicou um artigo que teve muita influência na época, o
tema abordado foi “ Psychoanalytic Concepts in Mental Hygiene”, o que se
destaca neste momento é que pela primeira vez foram discutidas as teorias de
Freud no mais importante jornal de caso social da época, fato este que veio a
aproximar do serviço social novos clientes que surgiram da classe média, cujos
problemas necessariamente não tinham que estar ligados ao problema da pobreza,
que sempre havia sido o enfoque da profissão .O cliente tornava-se
primariamente a fonte de todos os dados. Nesta fase, o Serviço Social fica com um enfoque da psicanálise , vendo o
tratamento com uma ênfase maior nos
fatores psicológicos do que estritamente os fatores sócios econômicos.
A psicologia freudiana trouxe com
ela dois princípios para o casework, que são: o comportamento é determinado e
alguns destes comportamentos são inconscientes e irreconhecíveis para o próprio
cliente.
Com estas novas idéias, as
Assistentes Sociais observaram que só a situação externa da vida do cliente não
era suficiente para responder os problemas que eram apresentados por eles. Com
este novo enfoque psicológico ficou evidenciado que a chave do tratamento se
encontrava nas questões mais profundas trazidas pelos clientes, nas questões
que passavam pela sua consciência e as questões que rondavam o seu mundo
inconsciente, através dos conflitos infantis e sexuais. É nesta época que os
Assistentes Sociais também se submetem a fazer a sua própria análise.
O Serviço Social estava em uma
fase que os americanos chamavam de “ Age of Passivity”. Era uma época de
grandes contradições internas que o Serviço Social passava no que diz respeito
a sua especificidade. Acerca deste momento, Hamilton, Reynolds, Taft, Marcus,
Robinson e Lein, percebendo a situação de mudança optaram por uma nova perspectiva
causada pelo impacto das teorias freudianas.
Em 1932, foram editados livros de
Serviço Social que tratavam da psicanálise e estava sendo estudado as técnicas
de aplicação dos métodos freudianos na teoria do Serviço Social de Casos.
O número de clientes aumentou nas
agências, e um novo tipo de realidade
econômica estava se manifestando, devido a grande depressão econômica ( 1929),
a pobreza tinha ultrapassado as
possibilidades de intervenção do assistente Social. Neste momento o Assistente
Social olhava mais atentamente para as necessidades econômicas da realidade do cliente. Segundo Florence
Hollis, isto retrarou a necessidade destes profissionais se alertarem quanto a
clarificação e o limite de sua prática.
Em 1935, surge “ The Social
Security Act”, que trouxe rapidamente a expansão das agências públicas. Os
Assistentes Sociais estavam bem cautelosos quanto a este tipo de participação
do governo nos serviços sociais e viram esta alternativa como um fato
inevitável.
Os Assistentes Sociais começaram
a seguir o espírito do “ New deal”, e logo foi ocorrendo a corrida dos Assistentes Sociais para as
agências públicas. Paralelamente, muitas clínicas de orientação infantil que
tiveram um grande crescimento devido ao movimento “The Mental Hygiene”, foram
obrigadas a fecharem as portas, e os Assistentes Sociais psiquiátricos não
tiveram muito espaço nas agências de família para assumirem a posição de
liderança que vinham exercendo.
Neste momento duas forças opostas
estavam ocorrendo, primeiro os Assistentes Sociais de família ( Family Workers)
estavam se transferindo para as agências públicas , e segundo, surgiram os
novos “family workers”, que começaram com a clínica de orientação infantil utilizando a psicologia freudiana. Neste
momento há uma bifurcação entre dois modelos, um que queria fazer parte da nova
ordem intelectual e outro que estava a favor da classe conservadora.
Neste período de crise nos
Estados Unidos, os Assistentes Sociais, junto as agências públicas atenderam a
um número significativo de clientes, o
que possibilitou o desenvolvimento de seu trabalho e o reconhecimento de seus
serviços pela sociedade.
Em 1936, Anna Freud, publicou o “Ego
e seus mecanismos de defesa”, e mais uma vez o mundo do ego se abre para o
Serviço Social de Casos. Nesta fase , não era visto só as questões
do Id e de seus conflitos infantis, mas a adaptação do cliente ao seu grupo
social. O Ego, em parte significa a consciência e a realidade, e realidade de
uma certa forma significa a ordem social e econômica. A força do Ego, mecanismo
de defesa, adaptação, resistência, transferência, contratransferência... eram
as palavras do momento para o Serviço Social.
Texto de Jane Givanoite
Continua o texto com conclusão e bibliografia ao final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário