Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.
Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.
Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!
O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar.
Charles-Pierre Baudelaire : (1821-1867) foi um poeta francês, considerado um dos precursores do Simbolismo, tendo influenciado a poesia internacional de tendência simbolista.
A poesia simbolista ocorre no final do século XIX .
Teve início na França com a publicação da obra “As Flores do Mal” (1857) do escritor francês Charles Baudelaire (1821-1867).
A poesia simbolista está repleta de misticismo e musicalidade, característica explorada sobretudo, pelo uso das figuras de som e ainda, pela escolha de temas como o amor, o tédio, a morte e a espiritualidade humana.
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