domingo, 22 de maio de 2011

A Importância de Estudar os Ciclos de Vida para o campo da Saúde Pública

“A importância da vida não está relacionada com os números de anos vividos, mas sim na qualidade, no prazer de vida.”    Simões (1994 )



A promoção da saúde, embora não seja um conceito novo, ainda nos leva a refletir e pensar que se trata de uma ação alheia ao nosso dia-a-dia.

Observamos que muitas dessas ações fazem parte dos nossos hábitos, atitudes e comportamentos adotados ao longo de nossas vidas e que de alguma forma temos um certo grau de autonomia sobre determinados aspectos relacionados ao nosso bem-estar físico, mental e social.

Sabemos que um dos princípios que dá sustentação ao conceito de promoção da saúde é a valorização da saúde como componente central do desenvolvimento humano, para assegurar a qualidade de vida e o direito à cidadania, embora esse conceito ainda seja considerado por alguns autores como um processo em constante evolução.

É importante, para entedermos melhor a construção desse processo, situar os estudos realizados no campo da saúde. Nos últimos 25 anos, ficou evidenciado que as principais causas de enfermidade e morte estavam relacionadas a três componentes: a biologia humana, o meio ambiente e os estilos de vida.

Assim, observou-se que este último componente estava fortemente associado aos hábitos de vida das pessoas, ecoando, dessa forma, como um alerta para a adoção de hábitos de vida mais saudáveis. Como conseqüência, os avanços no campo da saúde ocorreram principalmente em relação ao chamado estilo de vida, com maior ênfase nas ações relacionadas à dimensão individual. Porém, o resultado desses avanços tornou-se alvo de críticas porque, ao mesmo tempo em que se pretendia influenciar as pessoas para o alcance de uma melhor saúde relação ao chamado estilo de vida, com maior ênfase nas ações relacionadas à dimensão individual. Porém, o resultado desses avanços tornou-se alvo de críticas porque, ao mesmo tempo em que se pretendia influenciar as pessoas para o alcance de uma melhor saúde, por outro lado culpava-se a própria vítima por sua possível enfermidade.

Estilos de vida e dimensão individual

O estilo de vida deve definir-se em relação às experiências coletivas e individuais, considerando às condições que as pessoas dispõem para viver.

Os estilos de vida são padrões de conduta ou eleições feitas a partir das alternativas que as pessoas dispõem, suas circunstâncias socioeconômicas e a facilidade com que elas podem eleger umas, negociar e/ou abandonar outras.

As condições socioeconômicas exercem fortes pressões para as situações de saúde das pessoas, principalmente quando se trata dos fatores gerados pela ausência de trabalho, dificuldade de acesso à educação e a violência contra crianças, adolescentes e mulheres - que exercem pouca ou nenhuma governabilidade sobre esses fatores. O engajamento em atividades sociais tem sido associado ao aumento do senso de bem-estar em adultos, bem como melhora no funcionamento físico.

As redes sociais sao fontes protetoras e mantenedoras de saúde , o relacionamento fortalece a saúde, uma vez que, os laços sociais podem estimular o senso de significado ou coerência na vida, neste sentido, o suporte emocional pode ajudar a minimizar o estresse .

As pessoas que estão em contato com os outras podem ser mais inclinadas a ter hábitos saudáveis, a ajuda dada ou recebida contribui para o aumento de um sentido de controle pessoal, tendo uma influencia positiva no bem-estar psicológico .O suporte social que as redes sociais oferecem, reduz o isolamento e aumentam a satisfação com a vida das pessoas.

A Saúde Pública entra neste contexto, pois ela tem papel fundamental na proposição de uma nova orientação centrada em fatores sociais e ambientais. Com a inserção desses novos fatores na participação social, promovendo saúde por meio da descentralização do poder às comunidades, num processo contínuo que vai da ação individual à ação comunitária.

A promoção de saúde tem um papel determinante sobre os cuidados primários de saúde, para definir estratégias, programas e requisitos necessários para a melhoria das condições de saúde da população. Esses compromissos são requisitos básicos no campo das políticas públicas onde o reconhecimento das pessoas é o principal recurso para a saúde, e por isso elas devem ser apoiadas, capacitadas para que se mantenham saudáveis, bem como suas famílias e amigos.

Os programas de promoção da saúde requerem esforço e responsabilidade compartilhada para promover mudanças simultâneas na dimensão individual, grupal, organizacional e comunitária, incluindo a sua participação em todos os níveis.Por sua vez, as justificativas epidemiológicas também são consideradas importantes para início das atividades de promoção da saúde dirigidas às crianças, adolescentes e jovens, conforme ressalta Vartiainen (1996). A primeira razão de se iniciar a prevenção na infância e adolescência é que os transtornos também se iniciam precocemente; a segunda, é que os principais fatores de risco e os padrões de comportamento relacionados a esses transtornos se estabelecem na infância e na juventude.

Entendemos que os conceitos de Autocuidado e promoção da saúde segundo Kickbusch (1996), são importantes para o entendimento do ciclo de vida em Saúde Pública, que são:

“O autocuidado se refere às atividades de saúde organizadas e das decisões sobre saúde tomadas por indivíduos, famílias, vizinhos, amigos, colegas, companheiros de trabalho, etc.". A autora reafirma que o autocuidado deve ser compreendido como comportamento social ativo que deve ser situado como sendo uma nova perspectiva de saúde pública.

Dessa forma, a investigação no autocuidado deve ser considerada parte integrante da investigação nos estilos de vida, no significado e não na responsabilidade individual.

Nesse contexto, os conceitos de estilo de vida e de promoção da saúde, caminham juntos e podem nos ajudar a identificar os pontos essenciais para a ação. "A saúde se cria e se vive no marco da vida cotidiana: nos locais de ensino, no trabalho e lazer. A saúde é resultado dos cuidados que a pessoa se dispensa a si mesma e aos demais, da capacidade de tomar decisões e controlar a própria vida e assegurar que a sociedade em que se vive ofereça a todos os seus membros a possibilidade de gozar de um bom estado de saúde."

É bem verdade que estamos longe de alcançar essa meta, mas essa definição nos permite estabelecer um ponto de referência para o aprofundamento do conhecimento sobre o autocuidado.

A ação do autocuidado está relacionada às habilidades e competências pessoais contempladas na Carta de Ottawa, associada, portanto, à dimensão individual. Assim sendo, essas competências podem ser desenvolvidas por meio do processo de capacitação das pessoas para assumirem o controle e a responsabilidade de sua saúde como um componente importante de sua vida diária, tanto mediante atividades espontâneas como originadas em favor da saúde.

As habilidades sociais são fundamentais para que a pessoa viva melhor em sociedade, possibilitando a sobrevivência do indivíduo e da espécie, por meio delas, aprendem-se formas de comunicação e regras para convívio, adquirindo conhecimento acerca de si e do mundo e dando-lhe significação, é possível construir uma identidade. Embora, na velhice, já tenham sido aprendidas muitas habilidades de que se necessite para bem viver, o contato com outras pessoas mantém-se imprescindível em qualquer época da vida.

Enquanto subjetiva, a avaliação da satisfação com a vida reflete as expressões de cada pessoa quanto a seus próprios critérios de satisfação com a vida como um todo e em domínios específicos, como saúde, trabalho, condições de moradia, relações sociais e outros. Assim, reflete o bem estar individual, ou seja, o modo e os motivos que levam as pessoas a viverem suas experiências de vida de maneira positiva.

A vida pode ser satisfatória, com qualidade e bem-estar, especialmente quando há disposição para enfrentar os desafios da vida, lutar pelos direitos dos cidadãos e por em prática projetos viáveis dentro das condições pessoais e do meio ambiente em que se vive, particularmente quando a pessoa conta com uma rede de suporte social.

As parcerias são impotantes para análise e debate sobre a impotância de incluir conceitos, métodos e enfoques estratégicos de promoção da saúde no treinamento e no desenvolvimento de pessoal nos campos da saúde pública e em outros.As políticas Públicas e os Programas para promover e proteger a saúde da população durante seu Ciclo de Vida sempre devem estar em pauta de debates sociais , nas redes sociais, na comunidade como um todo..

Diante deste contexto, percebe-se a necessidade do trabalho com uma equipe multiprofissional e de forma interdisciplinar – resgatar o usuário da condição de paciente, tornando o sujeito de um processo autônomo na condução dos seus hábitos e no controle do processo saúde-doença, com visitass á promoção do autocuidado.

É importante também promover a adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis e por parte das crianças, adolescentes e os idosos. Outras atividades também poderão serem incluídas na saúde e no desenvolvimento dos adolescentes com um sistema de monitorização e vigilância para a saúde do adolescente, módulos de treinamento em defesa da saúde do adolescente, módulos para o treinamento a distãncia em saúde do adolescente, em quadro conceitual para educação sobre habilidade para a vida e outras atividades que incluem materiais de treinamento para pessoal de atenção primária à saúde em todos os Ciclos de Vida, isto é, uma melhor compreensão sobre a promoção da saúde como uma estratégia para a Saúde Pública.

 BY: Jane

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